Coluna III- Arte é Vida

 

 Iconoclastia?

 

                Quem anda pelas ruas de Cruz Alta, depara-se com dezenas e dezenas de monumentos,  estátuas e obeliscos. Todos eles representando momentos e legados importantes de nossos antepassados. Do estadista Getulio Vargas, à mestra inesquecível Margarida Pardelhas ou ainda ao compositor Carlos Gomes. Tais estátuas e monumentos nos lembram nossas raízes, nosso heroísmo ou mesmo patriotismo. Algumas, tão antigas, talvez por falta de revitalização ou ressignificação, parecem perder seu status, e até por isso, sejam constantemente desrespeitadas, descuidadas e pior, vandalizadas.

                Mas quanto tempo de existência tem uma estátua? Uma homenagem póstuma, ou um obelisco? Por quantas gerações perdurará a eternização de um legado, por quanto tempo elas deverão ser mantidas entre nós? Nosso “patrimônio público”, deve nos representar, mas nunca podemos esquecer que é a comunidade que decide quem sãos seus ícones.

                Nos últimos meses ocorreram pelo mundo todo, movimentos que derrubaram estátuas e  incendiaram monumentos, pois eles estariam em desacordo com os ideais de um novo mundo que vem sendo construído, onde racismo, opressão, sistemas ditatoriais truculentos, não tem mais espaço. Alguns desses ídolos estão inclusive sendo retirados das vias públicas e  alocados em museus  espalhados pelo mundo. Museu da escravidão, museu do holocausto, etc..., lugares onde o passeio muitas vezes é chocante e reservado à visitantes dispostos a emoções intensas.

              A iconoclastia, aliás, mostrou sua pesada mão sobre a imagem do Gaúcho na entrada da cidade de Cruz Alta, na década de 70, arrancado que foi a laço, outrossim, nova estátua tem sido julgada e debates lançados sobre sua eficaz presença em  nosso dia a dia. Ora, precisamos nos questionar nesse momento, quanto a contribuição dessa estátua em relação à nossa cultura, ao olhar dos nossos turistas e a credibilidade que ela passa junto à nossa história. O que não podemos é nos ressentir pelo fato de que tais estátuas ficarão e nós...  Passaremos.

             Nós reconhecemos os nomes das estátuas e ruas de nossa cidade? Nós reconhecemos quem são os supostos ídolos de nossas cidades. Quais os projetos civilizatórios que nossas  estátuas representam? Devemos nos perguntar, devemos nos apropriar e principalmente devemos não esquecer o valor de homens e mulheres que dedicaram suas vidas, em batalhas por liberdade, em ações filantrópicas ou em ideias que melhoraram a vida de tantos. Olhemos para nossos monumentos e por um instante que seja,  reverenciemos seus legados.

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