Coluna II- Tradição

 

Tradição

 

                 Tradição, que significa ‘‘entregar’’ ou “passar adiante”, é a transmissão de costumes, comportamento, memórias, crenças, enfim elementos passados de uma geração para outra. Nesse ano em que Cruz Alta comemora seus 200 anos, a palavra de lei para mim é “tradição”, é celebrar nossas lendas, nossas histórias, nossos costumes. O orgulho em ser cruz-altense advém exatamente do legado que nossos antepassados nos deixaram.

                    Um dos legados culturais de grande expressão, estabeleceu-se há quarenta anos atrás. Recordo-me de muito pequeno acompanhar a tia que deu meus primeiros passos na senda cultural, Ana Maria Lorenzoni Nicolodi às noites frias do maior festival de música nativista do estado, único ininterrupto. A mateada ao lado de fora do ginásio municipal, Seu Adauto Mastela Basso pilchado, a comissão social de lenço encarnado recepcionando os convidados, ou ainda o “nêgo Benedito” brilhando com dignidade entre os artistas visitantes. Ali, sobre o palco, um pedaço ostentoso de nossa cultura, sendo honrado em prosa e verso.

                  No entanto, algo que desde muito cedo não me parecia fazer sentido, era a tal “fase local”, que tinha um significado confuso. Os participantes se classificariam para uma outra fase? E outra, por que haviam cruzaltenses na fase geral? O que os distinguia da outra fase? Lembro-me de questionar muitos artistas nativistas e organizadores do certame, que simplesmente desconversavam ou me diziam que seria difícil me explicar.

                 Para mim, a fase local parecia diminuir e não, valorizar os artistas locais, e fico muito feliz em saber que não haverá mais fase local. Um acerto dos agentes da cultura.

                É necessário manter as tradições e em alguns casos melhorá-las. O que não se pode é tratar a arte e a cultura com o simples gosto ou não gosto. Para meus alunos sempre digo, não se trata de se fazer gostar, mas de inspirar, de propagar... Torçamos que nossas tradições continuem firmes, respeitadas e cultuadas, que não sejam banalizadas por interesses políticos ou por interesses de uns em detrimento ao todo.

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