Contos do Vovô Erico - Episódio final

 

                              Os excelentes aspectos visuais dos trabalhos do Máschara não são novidades para quem assiste seus espetáculos, sempre acostumados às direções cheias de detalhes e signos propostos por Cléber Lorenzoni. O último episódio de Contos do Vovô Erico me tocou profundamente pelo perspicaz detalhe na capa do livro nas mãos do ator Renato Casagrande e pela forma como os personagens foram voltando ao livro. A trama certamente é simplória, e foi graças a versátil escolha de figuras que conseguimos assistir até o final.  À Alessandra Souza falta domínio perante a câmera, e a Renato Casagrande, mais maturidade na hora de compor uma figura idosa. Coisas que certamente virão com o tempo e a prática. Por outro lado, a forma como Renato Casagrande trabalha as edições e apara as cenas propostas por Cléber Lorenzoni é louvável. A caracterização de Kauane Silva e Laura Hoover como Japonesa e Indiana respectivamente foram bastante delicadas e assertivas.  Outro mérito do episódio foram as escolhas dos bonecos e sua manipulação mas principalmente a escolha pela técnica de ventriloquismo, que consiste em falar sem mexer os lábios, para que a voz pareça vir de outro lugar. Algo difícil que nasce ainda na época medieval em grupos mambembes. Cléber Lorenzoni pelo que percebi fala pelos três bonecos presentes na historia proposta. Não vou ficar aqui elogiando, mas torço que os atores jovens que a sua volta perambulam, aspirem toda sua arte e aprendam muito do que esse artista tem para ensinar. A cada nova ideia, a cada novo mergulho, uma nova descoberta, um novo talento.

                                     A mente de Erico Verissimo era sem duvida de extrema capacidade inventiva. Li sua obra infantil logo na primeira edição e foi para minha filha que comprei no século passado as aventuras do avião vermelho. Acredito que ao contrário das grandes profundidades e transcendências que se busque ao se adaptar uma obra, Erico queria escrever algo gostoso para entreter filhos e netos...  Erico consegue e nossa função é descobrir o que de Erico devemos realmente teimar em manter vivo para as próprias gerações.

                                      Na boca dos contadores de historia do Máschara as historias tornaram-se extremamente vivas, coloridas e então me questiono o que é ser diretor, qual a função do artista e qual a diferença entre cada um.  Qual a função de cada área da arte. Certamente todas se completam. O que se pode criar emparedados por uma pandemia, o que se pode criar com um pouco de criatividade e generosidade pela arte do outro.

                                      Parabéns a todo o elenco que participou dos contos do vovô Erico, um exemplo da capacidade do Máschara em criar...



Arte é Vida



                           A Rainha

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