Auto de Natal 2017 - Apresentação para a Paróquia de Fátima (tomo VI)

O problema do Eu

               Eu não faz teatro, pois precisa do ele, do nós e do tu!
Eu não conseguiria organizar uma grande estrutura, pois não seria capaz de preparar outros atores. Eu não conseguiria ter uma escola, pois iria querer certamente ser o único em uma sala de aula. Eu não poderia ser iluminador, ou operador de som, pois iria querer ficar sentado no palco para ser iluminado ou para que as musicas sonorizassem sua cena. Eu além de ser egoísta, é um ser que acaba ficando sozinho. 
               O Grupo Máschara ontem nos apresentou mais uma vez seu Auto de Natal (2017), uma aula de como contar uma historia de forma lúdica e artística. Cléber Lorenzoni consegue agradar a gregos e troianos. A narrativa se da de forma tão fantástica que já não estamos falando de religião, mas de lições e ensinamentos interessantes a serem refletidos nos dias atuais.
           Entre esses ensinamentos é importante pensar em tudo o que a ESMATE nos ensina, humildade, generosidade, coleguismo, respeito e por que não falar uma palavra que o próprio Cléber sempre repete: resiliência.
                 Teatro também tem a ver com tolerância e perdão. Afinal as personagens dos espetáculos passeiam por todos esses princípios de moral. 
                 No espetáculo da noite falou-se em perdão, em respeito, e em resiliência. Maria diz sim, para aceitar o que seu Deus lhe pede. Deixando de lado a questão cristã romana, pensemos no simples fato de você crer em algo, dedicar-se a algo e ter um líder. Ele te pede algo, e você acata. Pois você é feito como a terra, como a árvore, como o feixe de trigo, e uma boa postura é estar sempre com o coração alegre e disposto.  Principalmente quando se convive em equipe. 
                  A noite foi de substituição, a talentosa Antonia Serquevittio não pode se fazer presente, mas Nicolas Miranda a substituiu com muita dedicação e profissionalismo. Vagner Nardes auxiliou e muito o colega nesse ato. Clara Devi, agora uma das imortais, com seu premio Máscharito, assumiu um espaço de maior confiança e respeito dentro da Cia. Sendo assim, já sabemos de fonte segura que em janeiro sobe de status. Clara tem se mostrado organizada, dedicada, profissional, precisa apenas tomar muito cuidado para não se deixar levar-se pela soberba ou prepotência. Achar que é melhor que alguém ou que sabe mais, o que a colocou naquele posto foi antes de tudo a humildade. Ter mais espaço é ter mais obrigações, significa mais trabalho.
                    Stalin Ciotti e Ellen Faccin como sempre se destacam, ele por sua entrega, ela por sua organização, dedicação e contribuição para o todo. Uma forte candidata ao Máscharito algum dia no futuro. 
                      Laura Heger e as crianças cumpriram muito bem sua parte, ela encantadora e com muita sutileza, o que aprecio em uma boa atriz. Fabio Novello muito dedicado e entregue nesse dia, embora seu anjo tenha chegado quase correndo na cena, o que coloca em perigo o espetáculo e ele mesmo na perna de pau. 
                      Maria Antonia Silveira Netto tem uma percepção muito grande de humildade e respeito ao seu diretor, que devia servir de inspiração para outras atrizes.  O Máschara da espaço para todos, ensina a todos, e quando Cléber pergunta a alguém sobre algo na maquiagem ou figurinos, ele está na verdade dando a oportunidade da pessoa rever e aprender. Mas o orgulho as vezes estraga essa proposta. Uma pena.
                      Kauane Silva me confundiu, vi a mãe de Maria primeiro com sua roupa de contadora e depois com o avental na cena do casamento. As convenções em teatro de contação, como é o caso do auto, funcionam assim: quando se está com a roupa que se chegou, você é um contador, quando põe o adereço você é determinado personagem. José não põe adereço, mas é sempre José. Se Cléber fosse fazer qualquer outro personagem, precisaria de um adereço. Renato Casagrande faz um velho do templo, barba e manto, depois faz Herodes, coloca uma coroa e assim por diante. Clara Devi ao entrar como a idosa que é auxiliada por maria, devia ter colocado o chale sobre os cabelos. 
                       Renato Casagrande é um grande ator, mas como um dos líderes, precisa aprender a ser mais calmo, se estressar menos. Alcançou um dos mais altos espaços do Máschara, mas ninguém quer um grande ator emburrado ou fechado. É o contrário, querem alguém que os motive sempre. Ficar irritadísso só o atrapalha passando uma imagem de pessoa inacessível.
                       Ricardo Fenner fez um trabalho lindo, pena ficar no escuro, onde pouco era visto. Aliás alguns atores podiam ter buscado a luz, mas preferiram chegar muito perto do público, onde havia pouca luz. As mães de jerusalém ficaram muito tempo procurando a posição das palavras no chão, o que poderia ter sido bem mais prático.  
                        O espetáculo foi coerente, bonito e uma linda gentileza à igreja de Fátima. A postura do público me levantou um questionamento. Foram por causa do Auto de Natal? Isso prova o quanto o Máschara dá grandiosidade a um evento. 
                        

                        O pior:  A escuridão do espaço. O Máschara deve ficar lisonjeado com o convite mas ao mesmo tempo é uma pena as pessoas não compreenderem o sacrifico que a equipe faz para se adaptar a espaços que prejudicam o trabalho teatral. 
                           O melhor:  A dedicação de Ellen Faccin e o cuidado de Renato Casagrande em organizar tudo.


                                                                     Arte é vida


Stalin Ciotti (***)
LAura Hoover (**)
Clara Devi (**)
Ellen Faccin (***)
Nicolas Miranda (***)
Vagner Nardes (***)
Felipe Padilha (**)
Evaldo Goulart (**)
Kauane Silva (**)
Douglas Maldaner (**)
Maria Antonia Silveira netto (***)
Anita Coelho (**)
Laura Heger (**)


                  
            

             

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