Análise do espetáculo O Hipocondríaco sob a ótica de um aluno da ESMATE




                               Sendo um espetáculo que oferece em sua premissa o Gênero Farsa poderíamos dizer que se cumpriu com sucesso, muitos absurdos tratados com naturalidade foram capazes de tirar gargalhadas da plateia. O Ritmo em cena como um todo mostra também como alguns atores estavam dentro da ideia do Gênero. Não irei fazer uma critica fazendo comparativos entre as obras de Moliere ‘’o doente imaginario’’ e o Hipocondriaco a adaptação de Cleber Lorenzoni. Até porque seria totalmente medíocre a minha opnião, já que eu mesmo não estava la quando apresentaram a obra de Moliere. Mas posso dizer com convicção que estava presente nessa adaptação do Doente Imaginário de Cleber Lorenzoni. Cleber Lorenzoni diretor e ator responsável pela direção da peça que tem como inspiração a obra de Moliére de 1673, em conjunto com seus alunos e atores do grupo trazem uma obra que trata de um problema muito atual. Entrando mais intrinsecamente na obra podemos ver seu protagonista, Argan, como um homem ingênuo e narcisista. 
                               Criando a cada segundo motivos para tomar seus remédios não consegue ficar sem estar no centro das atenções, nem que para isso precise fazer cinco lavagens intestinais e casar sua filha com um médico. Dando um zoom ainda maior nessa história podemos ver que Argan não é o único responsável pela suas doenças imaginárias, mas sim todo o conjunto de pessoas que o cercam, alguns tem motivos para isso, como sua esposa que não o suporta e quer sua herança ( Belinha). Sua filha alimenta ainda mais sua ideia de estar doente (Angelica) através da dramática preocupação com uma doença que não existe. 
                                   Poderia dizer que as únicas personagens que tem um pouco de sobriedade nessa história é a criada ( Nieta) que constantemente tenta trazer razão para a cabeça do Chefe e das pessoas que o cercam, e também a Enfermeira ( Flipota ). Acredito que podemos ver essa ingenuidade em Argan tanto no seu exame que não é capaz de perceber a burrice de seu médico, quanto na hora que sua filha mais nova finge a própria morte. Muitos códigos foram passados para o público. O Hipocondríaco traz em sua essência o medo da solidão, o narcisismo alimentado pela sua família e a sua tentativa de salvar a atenção que tinha de sua filha, fazendo ela não se casar com Cleanto. É o reflexo de uma sociedade vitima de suas próprias carencias. As referencias da Commedia Dell’Arte tambem ficaram nítidas apesar de não muito obvias para o público Leigo. As roupas deveriam fazer o papel de mostrar sobre qual cada grupo os personagens pertencem, sendo Rosa do Argan, Azul de Cleanto e verde dos médicos e cores sozinhas para as personagens que estão’’ sozinhas’’ Porem acredito que algumas coisas não ficaram tão claras para a maioria, como por exemplo esse detalhe das roupas ou da Commedia Dell’arte. 
                                           Também através da minha interpretação que não é a verdade absoluta acabei percebendo algumas coisas que talvez poderiam ter sido melhoradas. Por começar que todos esses aspectos que a peça me comunicou não foi de forma tão profunda e não se fixou tanto na minha mente. Por tanto logo na saida do espetáculo ja não lembrava muito do que se tratava o assunto da peça e a mensagem ‘’ Filosófica’’ em si. Não sei dizer com convicção o'que no meu gosto e na mente foram os motivos dessa causa, mas poderia chutar que seja pelas diversas informações de tentativas de fazer a comédia acontecer. De fato sendo um espetáculo destinado a comédia deveria haver a técnica destinada a esse fim. Esses inúmeros códigos de comicidade foram o suficiente para afogar quase que completamente a mensagem da peça e tambem deixar levemente cansativo o olhar do público. Além de que juntando esse fator com o tempo da peça, deu a impressão que dobrou de tamanho fazendo ter uma sensação de monotonia algumas vezes, justamente porque o publico ja tinha se acostumado com o ritmo e o fator principal da comedia que é a surpresa, juntamente o contraste estava se perdendo. O fator da rapidez da Farsa existe, e deve ser respeitado, mas acredito que as cenas de contraste com esse ritmo poderiam ter sido mais intercaladas. 

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