Texto adaptado para a ESMATE de A Intrusa -


A INTRUSA





A Avó. -Parece-me que há pouca luz aqui.

Velho. -Vamos ao terraço ou devemos permanecer nesta sala?

O TIO. - Tem chovido toda a semana, e as noites são húmidas e frias..

Pai - É melhor que fiquemos aqui. Não sei o que pode acontecer.


Velho- Não há perigo, é seguro...

A Avó. -Eu ouvi sua voz.

O tio. -Os médicos dizem que podemos ficar descansados ...

Pai. -Bem sabes que tua sogra gosta de preocupar-se desnecessariamente.

Velho-Quando a doença entra em uma casa, parece um estranho na família.

A Avó- Por que não pude ver minha pobre filha hoje?

Velho – Você sabe minha irmã que o médico proibiu

A Avó- Não sei o que pensar, não vejo como vocês...

Criada. - Deve-se confiar em quem vê. Esta tarde foi maravilhosa. Sono profundo, e não vamos envenenar o sono na primeira noite nos dê essa chance ... Vamos dormir sem receio esta noite.

A Avó- A criança, a criança, acho que vai ser surda, muda, e talvez... isto que trazem os casamentos consanguíneos...

Velho- Preocupa-me essa criança. E são várias semanas desde o nascimento, e praticamente não se moveu, até agora não chorou uma vez, como uma criança de cera...

Pai- Você (a criada) vá ver se a criança dormiu!

Tio- Que horas vai chegar minha cunhada?

Criada- Penso que chegará as nove...

Pai- Já são mais de nove, queria que chegasse logo para ver a irmã antes que essa adormeça;

Velho- Ela nunca entrou nessa casa...

Tio- É muito difícil sair do convento

A Avó- Eu gostaria que minha filha estivesse aqui...

Velho- O que devemos fazer enquanto esperamos?

A Avó- Não sei o que acontece comigo, eu não me acalmo, eu gostaria muito que a irmã da tua esposa estivesse aqui.

Tio- Ela virá, ela prometeu!

A Avó- A criança não pode nos ouvir?

Velho- Não, não, ela está dormindo!

A Avó- Será que ela está dormindo? Não estaria...

Pai- Acalme-se, nenhum vento frio, as janelas estão fechadas...

A Avó- Não vem ninguém meu filho?

Pai- Não Mãe.

Velho- E na avenida, na avenida?

Pai- Sim meu tio, há lua e vejo a avenida para a floresta de cipreste...

A Avó- E você não vê ninguém?

Tio- Ninguém minha sogra...

A Avó- Como está o tempo?

Pai- Muito bonito, você ouve os rouxinóis minha mãe? Sobe um pouco de vento da avenida.

A avó- Um pouco de vento na avenida?

Tio- Sim, as arvores tremem um pouco.

Velho- É estranho que minha sobrinha não esteja ainda aqui...

Tio- Eu acredito que alguém tenha entrado no jardim...

A Avó- Quem é?

Velho- Eu não sei, eu não vejo ninguém...

Pai – Mas não há ninguém!

Avó- Quem entrou na casa?

Pai- Não é mais do que a empregada...

A Avó- Quem suspira assim? Você está chorando?

Criada- Não minha senhora, por que iria chorar?

Velho- Ninguém entrou agora?

Criada- Não senhor

Pai- Mas ouvimos a porta.

Criada- Fui eu quem fechou a porta

Pai- Ela foi aberta?

Criada- Sim senhor...

Pai- Por que ela estava aberta a essas horas?

Criada- Eu não sei senhor,  eu tinha fechado!

A Avó- Você apagou a luz?

Criada- Não senhora.

A Avó- Parece-me que escurece...

Pai- Desça meu cunhado, vá ver quem é, mas não faça nenhum ruído na escada...

Tio – Eu não farei barulho.

Velho- Desça lentamente para não assustar minha irmã. E se alguém vier, diga que não estamos.

Tio- Sim direi que não estamos, só abrirei se for minha cunhada ou o médico.

A Avó- Meninas parem de brincar e me digam, chegou alguém na casa?

Margô- Deve haver alguém no jardim, os rouxinóis calaram logo.

Ursula- Todos os peixes na lagoa afundaram...

Genevieve- Os cisnes fugiram...

A Avó- Não vê ninguém lá Ursula?

Ursula- Ninguém minha avó!

A Avó- No entanto deve enxergar a lua na lagoa...

Genevieve- Tenho certeza que é titia que assusta-os, ela chegará através da porta pequena.
A Avó- Não entendo por que os cães não estão latindo...

Ursula- Não vamos falar muito alto minhas irmãs...

Criada- A porta é muito grossa, e além disso a irmã de caridade está com ela e nos avisará se fizermos muito ruído.

A Avó- Não saber onde a pessoa vai, não saber de onde vem, naõ sabendo para onde vai, não distinguir o meio dia da meia noite, inverno ou verão... e sempre essa escuridão. Prefiro não viver, è absolutamente incurável?

Freira- Sua filha está bem, e a criança dorme. Não pode fazer nada a não ser esperar...

A Avó- Me diga a verdade, tenho certeza que minha filha está pior... Sinto algo estranho, não estão me falando a verdade... (pausa) por que vocês querem me enganar. Meninas, vejam se minha outra filha chegou.

Ursula- Mas eu disse que ninguém chegou.

A Avó- Foi sua tia ou um padre? não tente me enganar. Ursula. Quem entrou?

Ursula- Ninguém vó.

A avó- Não tentem me enganar, há mais alguém aqui. Em quantos estamos aqui?

Genevieve- Em cinco avó...

A Avó- Você está aí Ursula?

Ursula- Sim vó

A Avó- Você está aí Margôt?

Margot- Sim minha avó.

A Avó- Genevieve, você está aí?

Genevieve- Sim avó...

AAvó- E quem está sentado Lá?

Ursula- Onde avó? Não há ninguém.

A Avó- Mas você não vê?

Genevieve- Vamos lá, vovó querendo piadas...

A Avó- Não tenho vontade de brincar, eu lhe asseguro.

Margot- Então acredite em quem vê.

A Avó- Eu digo que há alguém. Alguém nesta casa não irá viver muito tempo

Margot- Tia tia, a senhora está aí? Tia Tia? Ninguém.

Freira - In summa sacra unctione misericordiae venias auxilio gratiae Spiritus Sancti ita ut a peccatorum liberabit te et in misericordia subveniret doloris.

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