835- Complexo de Elecktra (tomo 15)

Carreiras

                     A historia do Teatro em Cruz Alta é longeva, cheia de grandes nomes, mas muito se perdeu no tempo. Da época em que grandes Cias. teatrais vinham ao município restaram apenas lembranças remotas entre os mais antigos. Geração vai e geração vem, e cada um cumpre sua parte e depois parte. No entanto as artes são a historia da humanidade. Os artistas e espetáculos carregam consigo momentos, símbolos e signos de cada época. Por outro lado, os atores devem perpetuar sua obra, em prol principalmente dos que virão. Tornar suas personagens inesquecíveis bem como os textos e dramaturgos que vestiram. 
                          Hoje sobre o palco do Palacinho, um grande elenco formado pela nata do Máschara. Senti apenas a ausência de Evaldo Goulart e Ricardo Fenner, que juntos ao elenco do espetáculo seriam a geração atual do teatro. Raquel Arigony infelizmente seguiu para outras paragens. Mas claro continua em nossos corações. Dulce Jorge tem feito pequenas participações, uma lástima. Uma atriz com tanto a dizer e com historia de teatro tão longa e bonita deveria estar mais presente na cena teatral. Cléber Lorenzoni é o tirésias do palco, está sempre la e gostamos de ir por que ele está la, não por que ele é bom ou não bom, mas por que sabemos de alguma forma que ele faz de tudo para que tenhamos teatro. Fabio Novello é um ator de outra cidade, mas aos poucos constrói uma historia, uma historia que começa com seus personagens em performances pelas ruas, e finalmente suas participações em espetáculos. Renato Casagrande vai se estabelecendo também como criatura de teatro. Alguém que conhece todo o processo. Como aprendiz de Cléber Lorenzoni Renato desenvolveu um estilo próprio mas que segue o método do diretor. Alessandra Souza também já é velha conhecida, faz parte do nosso imaginário quando pensamos em teatro. Para encerrar Douglas Maldaner e Gabriel Giacomini, ambos crescendo, criando, aprendendo. Maldaner antes tarde do que nunca, aprece que agora começa a amadurecer e compreender muitas coisas no palco. Giacomini desenvolvendo uma percepção latente que une-se a outras áreas. Uma pena porém Evaldo ter se afastado, abandonado o teatro de palco, pois parece que ele tem tanto a dizer. Ricardo Fenner também faz-se pouco presente. O teatro é um estudo humano, filosófico e psicológico, precisa ser praticado em prol do desenvolvimento das capacidades do comunicador e também em prol do contato com a platéia, que vai desenvolver uma relação, e tão logo o hábito de ir ver o que esse ou aquele comunicador tem a dizer. 
                              O que torna um ator bom ou ruim? Grandioso ou raso? Além de sua dedicação? A criatividade, a perspicácia, o conhecimento das mais determinadas áreas, a curiosidade, e finalmente o domínio da platéia. Atores que choram, que falam muito alto, que decoram seu texto "ipsis litteris", não fazem mais do que sua obrigação. Esse é seu trabalho, equivale a uma vendedora de lojas saber colocar as compras dentro de uma sacola. Porém, onde está a alma, onde está Sêneca? 
                              Após o espetáculo tão cheio de simbologia e intensidade, um debate provocou o público. conversa necessária para uma platéia que infelizmente, talvez não tem o hábito de ir ao teatro. 
                                 Observando tal debate, fiquei analisando o mal do mundo atual, a preguiça de pensar, a falta da prática do debate entre algumas pessoas, algumas mesmo do espetáculo. 
                               Para o elenco aconselho mais coragem para continuar. Para alguns atores e atrizes, mais estudo e humildade sempre, para ouvir críticas e aprender cada vez mais. Para a contra-regragem aconselho mais presença, gana, desprendimento e em alguns casos, menos preguiça e mais personalidade. 
                               Finalmente descerro as cortinas pois Complexo de Elecktra ao que me parece entrou em recesso. Agradeço ao diretor e ao elenco por espetáculo tão visceral e que venham logo outros desse estilo.
                               
                                O Melhor: A capacidade de manter o espetáculo tão intenso, e ainda criar novas fontes de força. A direção estupenda. A maturidade da contrarregra Kauane Silva. A sutileza adotada por Alessandra Souza em prol do cênico. O crescimento de Douglas Maldaner como Werner e o lindo debate sobre o "mise em cene".


                                     O que é Arte...?

Gabriel Giacomini (**)
Douglas Maldaner (***)
Kauane Silva (***)
Laura Hoover (**)
                                          A Rainha

                           
                              

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