831- O Castelo Encantado (tomo 135)

Personalidade


                     Depois de tantas apresentações do espetáculo O Castelo Encantado, fica difícil analisar o espetáculo por algum angulo novo, por isso vou me ater a questões mais específicas quanto as atuações. Um espetáculo pode me segurar, me interessar por sua historia, ou pela capacidade dos atores. Quando alguém é convidado a ingressar no Máschara, é por que de alguma forma a direção do grupo viu nessa pessoa, criatividade, algo a dizer. Todos temos possivelmente muito a dizer, porém, algumas pessoas preferem passar a vida inteira omissas. Ou por medo de se pronunciarem e serem mal interpretadas, ou por medo de destacar-se dentre o grande grupo. Algumas pessoas nunca dizem o que pensam e acabam seguindo os pontos de vistas de outrem por ignorância. 
                        O teatro é um espaço democrático para todo tipo de gente, onde as pessoas podem desenvolver todo o tipo de talentos, buscar e praticar as mais variadas técnicas. Encontrar em si mesmas outras vertentes. As  vezes alguns jovens aparecem para atuar, mas acabam descobrindo seus talentos na área da pintura, da musica, da dança. Mas respeitarão e amarão o teatro sempre. 
                 Logo após ingressar no Máschara, o que fazer para evoluir? Desenvolver sua personalidade. Seu estilo. Aprimorá-lo. Conquistar o respeito dos colegas. Buscar o conhecimento. Estar atento e disposto. O teatro é uma busca. Aprender a dominar as plateias. Tornar-se um conhecedor da alma humana. Construir em si mesmo um contador de tantas historias. 
                      Para tanto é necessário observação, observação, observação. É preciso raciocínio, leitura. Do contrário o grau de exigência, a capacidade de persuasão, a análise dos mais distintos assuntos decairá, tornando o que seria um grande grupo de artistas, em um raso grupo de animadores fuleiros. 
                      O que sempre me fez admirar essa trupe. Foi sua capacidade de se reinventar, sua versatilidade. O estudo da arte. O que é o teatro? Atores ignorantes me entristecem, ajudam a perpetrar a ideia de que artistas são vagabundos. 
                        O teatrinho de Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge auxiliou no desenvolvimento e na descoberta de talentos poderosos, como Angelica Ertel, Alexandre Dill, Simone De Dordi e outros tantos.  Não há espaço e tempo para incompetências, ou para preguiça. Há de se criar grandes artistas.  
                          O Castelo Encantado por exemplo já teve em seu elenco Lauanda Varone e Angelica Ertel como Rosa Maria. Teve também Alexandre Dill e Gelton Quadros em grandes papéis. Todos eles ajudaram a compor o que o espetáculo é hoje. Um Espetáculo lúdico, com uma singeleza louvável. As mascaras tão bem utilizadas, a musica ao vivo, as interpretações de Lorenzoni, Casagrande e Souza, maduras e redondas. A direção do Grupo deve, precisa continuar com esse espetáculo por muito tempo, as crianças merecem. 
                           Fabio Novello, Douglas Maldaner e Evaldo Goulart que alternam-se no espetáculo em suas personagens. Fábio no papel de Dono do Circo pode e deve ousar mais, nessas duas ultimas apresentações vi muito pouco de seu jogo coo o anão. Talvez pelo cansaço, mas a cena foi rápida e perdeu muito do que era. Já falei em outras análises, que a cena do elefante é minha preferida. Evaldo Goualrt traz uma energia muito boa ao espetáculo. E infelizmente Douglas Maldaner não se fez presente. 
                             Gabriel Giacomini é uma luz no espetáculo e ajuda a dar um tom leve. Acredito que deva rever sua ação na cena em que Rosa Maria exclama: -Mas uma festa sem musica? - Ali a piada refere-se ao Ursinho e quando Gabriel aponta para o teclado, nós somos mandados para longe do universo proposto por aquela almofada amarrada na barriga do "com musica na barriga". Outro ponto importante é Gabriel cantar na entrada e na saída, as vezes parece apenas assustado tentando acertar.
                          Na equipe técnica falta dedicação, o que vejo é Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza, terem que além de carregar os espetáculos, montarem praticamente tudo. A situação ainda piora quando Fabio está em cena como em Escondrijos e Castelo.  Stalin Ciotti precisa desenvolver-se rapidamente. Buscar. Kauane Silva e Clara Devi estão aprendendo e isso agrada a todos. Gabriel Giacomini é esforçado, mas pode render mais. Laura Hoover também deve aperfeiçoar-se. Aprender a fazer sonoplastias, aprender a iluminar. Há muito mercado no ramo, mas mercado para os bons. Se Alessandra Souza e Renato Casagrande são bons, é por que com eles há todo o teatro. Ser bom no teatro é compreender um pouco de tudo o que acontece no palco.
                                    Alessandra Souza carrega o espetáculo, não chega a mostrar grandes talentos, até por que a personagem não lhe da muita abertura. Talvez se ela se afastasse da herança das antigas Rosas Maria, ela conseguisse alcançar novos horizontes. Ela cumpre sua função, de observadora, condutora do público. Renato Casagrande precisa relaxar as vezes, querer ser sempre o melhor em cena, as vezes o prejudica. Quando cair, não deve ficar tão irritado, deve levantar e continuar... Alessandra Souza e Renato Casagrande estão se tornando grandes, e isso nos enche de orgulho. Mas é preciso estar atentos, compreender as plateias. Não se julgar capazes de tudo...
                                    O Castelo Encantado em Catuípe foi mais um dia de sucesso como outros bons sucessos das ultimas incursões. 


                                Arte é Vida

      


Kauane Silva (***) (**)
Stalin Ciotti (**)(*)
Gabriel Giacomini (**)(**)
Cléber Lorenzoni (***)(**)
Renato Casagrande (**)(**)
Alessandra Souza (**)(**)
Fabio Novello (**) (**)
Evaldo GOulart (***)(**)

                               

             
                       

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