829- A Maldição do Vale Negro Osório - (tomo 27)

            A maior gratificação que o teatro pode dar aos homens de teatro, àqueles que dedicam sua vida ao palco é o reconhecimento, o aplauso, o carinho da platéia e o respeito dos colegas de profissão. Em Osório por ocasião do 13º Art in Vento, o Máschara recebeu de presente tudo isso. No palco um texto cômico de Caio Fernando Abreu, fazendo homenagem ao Melodrama e apresentado de forma bastante escrachada pela direção criativa de Cléber Lorenzoni, com apenas três atores em cena. Um trabalho que no ano da montagem foi concebido há várias mãos. No elenco tinha Cléber Lorenzoni, Gabriel Wink e Ricardo Fenner, na direção Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge, na assistência, Angélica Ertel, na sonoplastia: Roberta Queiróz e na contra-regragem Alessandra Souza e Renato Casagrande. Estreou em Maio de 2009, por ocasião do Cena às 7 e durante seus nove anos de historia, foi apresentada tão somente vinte e seis vezes. Além de um belíssimo exercício para três atores, Maldição também diverte e nos faz admirar as potencias e capacidades artísticas de como contar uma historia com trocas de roupas e de personagens em uma velocidade elogiável. 
              No decorrer de sua trajetória o espetáculo foi mudando, com novas piadas, gags, improvisos, mas mantendo seu âmago. Sua direção firme não permite que aconteça o efeito geleia, tão comum em espetáculos em cartaz por tanto tempo. Renato Casagrande também teve a humildade e capacidade de vestir a personagem criada por outro ator, mantendo muito da composição original. Sendo assim, não resta muito a observar, mencionarei então a postura dos três grandes atores, que por escolha própria e muito pensada optaram por piadas que reconheço não me agradam muito, mas que fizeram a plateia rolar de rir. Aplaudidos em cena aberta por várias vezes, Casagrande, Lorenzoni e Fenner conseguiram empenar muito precisamente a curva dramática. O beijo na cena final, o lenço que caiu e serviu para muitas piadas, a peruca voando longe, a tocha tão bem aproveitada, seja pela iluminação de Fabio Novello, seja por Rosalinda se queimando ou por Úrsula acendendo o cigarro. Noite de bom teatro. 
             A partir de hoje em cada crítica vou tentar mencionar um pouco da historia de nossos atores. 
Ricardo Fenner, o interprete de Jezebel e Conde Maurício é o escolhido de hoje. Não sei se todos sabem, mas estreou como ator em 2002, interpretando vez ou outra o vovô de Feriadão. Sua primeira oficina se deu em 2001, há dezessete anos atrás. Ricardo Fenner é um ator que sempre se dedicou ao Máschara, apoiando e se esforçando para que o Grupo crescesse e se tornasse o que é hoje, tanto que criou uma produtora para poder vender os espetáculos. A Script produções. Ator cômico de natureza, tem uma facilidade para o escracho e o pastelão. Foram muito marcantes suas participações em O Incidente como o Coronel Tibério Vacariano, que triangulava como antagonista direto dos sete mortos de Antares e em Bodas de Sangue como o pai da emblemática noiva de García Lorca. Em o Santo e a Porca(2012) Ed Mort (2008) e Deu a Louca no ator (2011), Ricardo Fenner pode mostrar várias faces de seu talento cômico. Mas foi em 2015, como o Angelo Fontes, que Ricardo alcançou outro grande passo em sua carreira nos oferecendo um personagem sofrido, provando que também tem em sua bagagem o talento para o drama. Confesso que em minhas críticas várias vezes peguei em seu pé, mas sempre em prol do aprimoramento de suas capacidades e de sua técnica. Em 2015, Ricardo foi premiado com o troféu de Melhor Ator Coadjuvante no melhores do Ano do Máschara e  em 2016,  ganhou o troféu de Melhor Ator Coadjuvante por Olhai os Lírios do Campo no festival de Santa Rosa. 
Ricardo Fenner ao lado do primeiro elenco de O Incidente

             Não podemos deixar ainda de mencionar suas substituições em TArtufo, Os Saltimbancos e como Pudim e Barcelona em O Incidente. Ricardo Fenner fez muito pelo Máschara e pelo teatro em Cruz Alta. Aqui fica todo o meu respeito e admiração por um ator que consegue provar que dá sim para casar o teatro com uma vida paralela de trabalho e administração familiar. Todos ganhamos com seu esforço  e determinação. 
                                
                                 Arte é Vida


                 O melhor: O trabalho de equipe que se estendeu por camarins, palco e mesa de operação. 
                 O pior: Talvez a trilha sonora em alguns momentos um pouco alta. 

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