823- Zah Zuuu (tomo 7)

Clown

É definitivo, ou você ama clown ou você odeia. Eu particularmente acredito muito na frase de Henry Miller, Clown é a poesia em ação. Delicado, milimetricamente intenso, totalmente conectado. Mas de onde vem o clown? O termo Clown vem de clod, que se liga etimologicamente ao termo inglês "camponês" e ao seu meio rústico, a terra. Por outro lado palhaço vem do italiano paglia (palha) material usado  no revestimento de colchões, porque a primitiva roupa desse cômico era feita do mesmo pano dos colchões: um tecido grosso e listrado, e fofo nas partes mais salientes do corpo, para proteger nas constantes quedas. Quedas essas que não faltaram em Babah. Mas o que envolve o clown nessa redoma de mistério, como chegar até ele? Há no clown algo que nos desafia, essa ingenuidade provocadora.   Se observarmos a historia veremos que sempre houve nas festividades religiosas e apresentações populares da antiguidade, uma alternância entre o solene e o grotesco. Essa combinação do cômico e do trágico, acentua a percepção das emoções contrapostas e é muito peculiar ao clown. O clown faz tudo seriamente. Ele é a encarnação do trágico na vida cotidiana; é o homem assumindo sua humanidade e sua fraqueza e por isso tornando-se cômico.
Zah Zuuu me parece um exercício onde os interpretes buscam algo que ainda não encontraram. Há é claro, uma proposta, uma triangulação típica em atores de domínio. No entanto o espetáculo é delicado demais para uma plateia tão grande como a da primeira sessão. O âmago da encenação é a relação entre pais e filhos, as vezes em alguns momentos Cléber e Renato até conseguem relativizar algumas normas de comportamento e verdades sociais, o que torna ainda mais contundente a encenação. O quadro final, já muito conhecido na historia do teatro, não é muito aproveitado, talvez pelo ritmo que se instale, nossas crianças tão pouco habituadas ao teatro, querem berrar e opinar sem parar. O espetáculo merecia mais silêncio. Aliás merecia muitos cuidados, sutilezas. Sutileza na trilha sonora que infelizmente foi tudo, menos delicada. Merecia uma contra-regragem também sutil, víamos constantemente a pessoa atrás das coxias alcançado coisas, andando. O que denota falta de ensaios e falta de comprometimento.  Eu particularmente fico muito revoltada quando vejo os atores se esfalfando no palco e a equipe que deveria dar todo o apoio técnico mais atrapalhando do que ajudando. As equipes que circulam por trás das rotundas, tem a seu favor, o anonimato, ninguém está com os olhos cravados em si. 
Zah Zuuu carrega uma linda proposta mas acaba se impondo como uma animação. Renato Casagrande traz como carta na manga sua capacidade de mergulhar no ridículo, palhaço realmente. Ele é sem dúvida o branco, o inteligente, o líder, a pessoa cerebral. Cléber é o Augusto, o ingênuo de boa fé. Nessa dobradinha rimos, rimos da fraqueza, da ingenuidade, da pequenez, e talvez, se tivermos pensado um pouco mais profundamente, talvez tenhamos alcançado a catarse necessária e proposta. 

Arte é Vida


O melhor: A iniciativa dos dois atores em embrenhar-se por um mundo tão pouco desconhecido e cheio de significados.
O pior: A equipe técnica que deve sempre ser profissional. 

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