794 - Ed Mort (tomo 17)

70 vezes o Cena às 7


Direção - Cléber Lorenzoni
Texto- Maikel Teixeira sobre a obra homônima de Luis Fernando Verissimo
Elenco- Cléber Lorenzoni, Dulce Jorge, Fernanda Peres, Ricardo Fenner, Renato Casagrande,                            Alessandra Souza, Vagner NArdes, Evaldo Goulart, Kauane Silva e Laura Hoover
Contra-regragem- Sandra Lazzari , Fábio Novello e Raquel Arigony
Iluminação Cléber Lorenzoni e Fabio Novello - (operador) Stalin Ciotti
Trilha Sonora-Luis Fernando Lara -  (operador) Gabriel Giacomini
Figurinos- Cléber Lorenzoni, Dulce Jorge, e Renato Casagrande
Cenário - Cléber Lorenzoni, Angelica Ertel e Luis Henrique
Recepção- Raquel Arigony e Fabio Novello
Produção- Grupo Máschara
Produtores- Cléber Lorenzoni e Ricardo Fenner
Montagem- Grupo Máschara
Maquiagem e Adereços- Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande
Camareiro- Renato Casagrande
Auxiliar de figurinos - Sandra Lazzari e Raquel Arigony


                                Uma historia de glorias não pode ser medida sem mencionar-se os números. O Máschara coleciona nesse ano vários números importantes. 25 anos, 70 edições do Cena às 7, dezessete apresentações do espetáculo ed Mort, ao mesmo tempo dez anos que o espetáculo estreou. 
Quanta admiração por tantas caminhadas. Não há como não falar nesse momento do elenco do Máschara. Vi ainda há pouco quase vinte pessoas envolvidas. Um elenco numeroso, uma equipe técnica que vem crescendo em trabalho e dedicação. 
                                No elenco o retorno de Fernanda Peres. Uma atriz que despontou lá em 2010 e entre idas e vindas fez coisas incríveis no palco. Pena que sua vontade as vezes esbarre nas convenções da vida comum. Fernanda Peres nasceste para fazer muito no palco. Fuja para lá querida! Fernanda Peres já foi a delicada e geniosa Glorinha de Esconderijos do Tempo, a  eterna Lili inventando o Mundo, a romântica e dengosa Mariana de Tartufo, a decidida Serenita de Feriadão. Foi Rita Paz em O Incidente e atualmente é nossa Irmã Isolda. La Peres entrou na cena cheia de energia e dona de si, como se estivesse cheia de fome pelo palco e isso empolga os colegas e nos interessa muito enquanto público. Não sei se a queda de Bibi foi proposital na cena das gargalhadas com Rubenci, mas de qualquer forma foi divertidíssimo, pontual, decisivo para mim amá-la em cena. (***). Gosto de atores que voltam ao palco como se nunca tivessem saído de cena. Ou como disse um dos nossos inesquecíveis atores passados por aqui G.Q, quem foi do Máschara nunca deixa de sê-lo. 
                                Dulce Jorge também adentra a cena com força de diva, estava linda em cena e mostra sua capacidade de camaleoa. Sua dicção digna de grande atriz que é, deve orgulhar os colegas de cena. Não entendi muito bem o que aconteceu na cena final, quando a atriz ficou parada no palco, ainda que inteira, pareceu-me confuso (**). 
                                    Alessandra Souza é uma das atrizes bases do Máschara. Sua historia mistura-se com a da Cia. Aliás foi em ed Mort em  2008 que ela estreou no palco. Hoje muito  mais capaz, com um vigor e uma forma de atuar muito peculiares, La Souza preencheu a cena com uma gag muito criativa e me surpreendeu em sua personagem politicamente incorreta(***).
                                    Ainda no elenco Ricardo Fenner com o marcante Rubenci que poderia estar mais concentrado. Aliás Ricardo é um dos três atores que continuam em seus papeis em Ed Mort desde a estréia(**).  Renato Casagrande é um grande ator, não há duvidas, talvez devesse ser mais comedido em alguns momentos, mas sua "Mãe Soraia" preenche a cena muito bem a cena, bem como o policial na cena final. Renato Casagrande logo alcançará a "maturidade cênica" termo usado por stanislavsky ao se referir a atores que podem fazer qualquer papel no palco. E que eu diria merecedores de Status I(***).
                                  As crianças, Evaldo Goulart(**), Kauane Silva(**), e Laura Hoover(**) estiveram ótimas. Evaldo Goualrt com uma energia forte, cheio de garra. Laura com presença e visual divertidíssimos e Kauane com uma construção interna muito sutil e eficaz. Ambas, as meninas, podem e devem trabalhar mais sua capacidade vocal. 
                                       Vagner Nardes(**) também estreou em um espetáculo do Máschara e não deixou nada a desejar. Conseguiu diferenciar-se de sua indicada bruxinha caolha e portou-se como um ator do Máschara. 
                                         O Ed Mort (**) de Cléber Lorenzoni tem vários méritos mas quero aqui elencar um no qual  acredito que atores novos devem e podem se inspirar. É o fato de que sua sexualidade, suas opções não devem interferir na capacidade criativa de um ator sobre o palco. E em Cléber Lorenzoni elas jamais interferem. Lorenzoni consegue interpretar homens, mulheres, femininos, masculinos, entregando ao público o que a personagem necessita que seja entregue. Aliás Cléber Lorenzoni alcançou uma maturidade cênica que lhe permite exigir luz em suas cenas, debochar das capacidades dos colegas de cena, usando isso como trunfo até para salvá-los ou entregá-los ao público. Ele corta, adapta, modifica cenas. E tudo isso em nossa frente. E o mais importante, respeitando os limites das convenções. Convenções essas que um bom ator precisa compreender ao entrar em um espetáculo.
                                       Na técnica do espetáculo, Stalins Ciotti (***) e Gabriel Giacomini (**) foram muito profissionais, e embora uma das lampadas tenha teimado em não acender, Stalin já se mostra um eficaz iluminador. Sandra Lazzari(**), Fabio Novello(**), Douglas MAldaner(**) e Raquel Arigony(***) não mediram esforços para auxiliar na montagem e na produção da noite. Foi um dia de sucesso, de filantropia, embora o Máschara seja quem mais precise de filantropia, caso contrário poderá logo vir a encerrar seus trabalhos. Parabéns a toda a equipe, que me fez me sentir tão bem rindo coim leveza das peculiaridades da mente humana. 

Teatro é vida...

                                           A Rainha

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