O castelo Encantado 787/788/789 (tomos 130-131-132)

               
                   O roteiro desse espetáculo tem assinatura de Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge, e foi escrito em 2005. Ao mesmo tempo em que trata da importância de ler e de usar a imaginação, O Castelo Encantado conta quatro historias. Todas muito criativas e com mensagens muito interessantes. A base do espetáculo nos vem da obra infantil de Erico Verissimo, e foi escrita há mais de cinquenta anos. Em uma época em que heroísmos eram mais admirados. Por isso mesmo na peça há tantos super heróis. Super Capitão Tormenta, Super Leitão, Super Ursinho. Todos em embates entre bem e mal. 
                  As crianças de hoje, manjam muito bem o que é "certo" e errado, até por causa das redes sociais que transpiram o politicamente correto, e ninguém quer ficar de fora do que a maioria prega. Sendo assim, é fácil convencê-las sobre quem apoiar, sobre para quem torcer... 
                    Claro que a energia de Rafael por exemplo rouba a cena. Claro que a força de Renato Casagrande como ator, supera até mesmo seu "Fernando/capitão tormenta". Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande aliás dominam muito a platéia através de sua potencia vocal e do poder como a utilizam. 
                      Rosa Maria é uma menina curiosa, espevitada, que tem uma construção muito delicada por parte de sua interprete. No entanto nas três apresentações de O Castelo no colégio STS, o barco foi afundando e quem teve capacidade nadou, os outros no entanto foram levados. Rosa maria foi um exemplo disso. A atriz em alguns momentos se fechou no palco com seu volume baixo, ou ainda quando obrigava-se a dizer seu texto todo. As crianças estavam entregues. Queriam se divertir, mas estavam em seu ambiente. Isso é muito perigoso no teatro. Quando a platéia sai de sua casa e vai até o ator, ela respeita o fato de estar no ambiente dele. Mas na então situação, os mascharados é que foram até a platéia. Alessandra Souza não teve poder algum e quando pedia silencio perdia Rosa Maria, quem pedia o silencio era a interprete e não a atriz. 
                       Logo na primeira incursão uma difícil situação que para Cléber Lorenzoni²¹² não foi incontornável,  em meio há tantas incapacidades ele desceu do palco e iluminou o palco. Função que deveria ser dos contra-regras, das professoras, dos funcionários da escola, de qualquer um, mas jamais dos atores. Ali, naquele instante percebi que seria uma tarde difícil. 
                             A metalinguagem presente em O Castelo Encantado, as mascaras, as canções, tudo pareceu um tanto impreciso depois que os atores começaram a lutar para contar sua historia. 
                         Nas três apresentações Souza³²² e Casagrande³¹² escancararam a quarta parede. Claro que foram sendo mais sutis no decorrer da tarde. Raquel Arigony²³² perdeu-se em seu volume abaixo do esperado. Infelizmente a direção delegou a atriz duas personagens muito próximas quando se pensa em bem e mal. Para as crianças ambas são do mal, ponto! Claro que carregam personalidades muito especificas. 
                            O ursinho com música na barriga conseguiu ser o vencedor da tarde, sem uma única palavra e por isso muito confortável. Seu interprete esparramou-se e sua saída de cena levou todos as gargalhadas. Esse estar vivo precisa estar presente nas cenas, no teatro como um todo. Esse adaptar-se ao que "pode" acontecer.
                         Cléber Lorenzoni diminuiu nas três apresentações a cena dos porquinhos. Sabiamente, é a cena mais longa, ainda que as vezes a mais divertida. Por ser longa, pode ser um desafio perigoso em dias que o clima não se estabelece. Evaldo Goulart²²² agrega valores positivos ao trabalho nas quatro historias, mas poderia cortar um pouco suas unhas, ou pintá-las. Ao tocar as crianças pode causar uma impressão negativa.
                         Gabriel Giacomini²²² não esteve firme como em sua estréia há alguns meses, mas fez direitinho o que lhe era esperado. Gabriel improvisa bem, tem intuição, o que é muito importante em cena. Porém pode e deve criar muito mais. O Castelo Encantado é um espetáculo com mais de dez anos. Espetáculos de longa vida precisam ser sempre manuseados com cuidado. Há o risco do esticamento, a perda de objetivos, etc... 
                           Quando assisto peças com canções e todas as infantis do Máschara às possuem, meu ouvido parece se abrir para ouvir cada detalhe da sonoridade. Poucos cantam, alguns não cantam. Cléber Lorenzoni esbarrou duas vezes na letra da musica, erro imperdoável, para quem apresenta o espetáculo desde sua estreia. Quando vejo um espetáculo, olho para a rotunda, o equilíbrio das pernas, a disposição do cenário, a distribuição dos elementos da iluminação, a penumbra da sala, os costumes dos atores (se estão limpos e bem costurados). E tudo isso diz respeito a contra-regragem e equipe técnica. Os estagiários do Máschara podem se apropriar ainda mais de funções, deixando os atores livres para fazer um bom trabalho e assim todos saem ganhando.
                             Finalmente, O Castelo Encantado adapta-se, falta aos atores, adaptarem-se também. Afinal mede-se o mérito de um ator, por sua capacidade em dominar sua arte.
  
                                O Castelo Encantado
Texto _Adaptação da obra infantil de Erico Verissimo
Autor- Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge
Direção- Cléber Lorenzoni
Elenco- Alessandra Souza, Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande, Evaldo Goulart, Raquel Arigony, Gabriel Giacomini
Contra-Regragem - Wagner Nardes ³²²
Apoio Técnico - Laura Hoover ²²² , Stalin Cioti²²²


                                      Arte é Vida


                                                               A Rainha



                            
                             

Comentários