O Castelo Encantado 785 (tomo 129)

O Lúdico e o Telúrico

                                      Quando o Máschara viaja e leva sua arte para outras paragens, está criando um fluxo, pequeno, quase imperceptível. Está trocando energias, abrindo comportas entre plateias, construindo pontes. Dando vasão a necessidade da arte que é como a água, ela vai encontrando brechas nas rochas, sulcos na terra e vai se esparramando. A arte precisa se espalhar. Claro que seus efeitos serão perceptíveis através da continuidade, da permanência de seus fundamentos entre uma mesma platéia. Por isso mesmo em Cruz Alta o programa Cena Às 7 tenta criar o hábito de se ir ao teatro. Por outro lado, algumas vezes um único contato entre público e teatro, consegue criar um diapasão, consegue despertar um novo olhar. 
                                 O Castelo Encantado pendeu nessa ultima apresentação para o Telúrico. A energia sobre o palco era explosiva. Acredito que há dois canais de contato, um é o do poético, o outro é o da energia. Havia energia, e até ritmo. Mas o poético ficou um tanto de lado. O Máschara é muito capaz e Castelo Encantado vem se reinventando. Mas falta há alguns atores o domínio da microfonia. Não basta largar um microfone nas mãos de alguém, erguer o volume máximo e esperar que os atores brilhem. 
                                         Alessandra Souza e Renato Casagrande, são dois "bons" do Máschara, mas sua energia, sua força, foram seus maiores inimigos durante a apresentação. É preciso ao lado de um microfone que irá propagar sua voz, conter-se, acalmar-se, pensar com a mente no microfone. Ele é seu contato com o público. Grande parte do que foi dito perdeu-se no ar, tornou-se incompreensível. Raquel Arigony perdeu-se em meio à tantos adereços, microfone, pau de macarrão, bengala. Sua comunicação corporal ficou prejudicada. 
                                          Por outro lado, foi uma apresentação de desafios, a entrada do elenco, o tamanho do palco, a adaptação do cenário, a construção do mise en scène, tudo exigiu trabalho em equipe. No entanto alguns pontos precisam ser mencionados. Renato Casagrande ocupa o Status II da companhia, pois na mesna não há ninguém que faça o que ele faz. Organizar o material cênico para viajar, reunir adereços, figurinos, etc... Mas seu maior mérito não pode ser visto como titulo simbólico. É preciso trabalhar com afinco para mantê-lo, do contrário deveria ocupar o Status III. Seu trabalho não é favor, é mostra de capacidade digna de aplauso, por isso mesmo quando era esquecendo apetrechos importantes, deve admitir seu erro e buscar não errar mais. 
                                       Cléber Lorenzoni, embora muito bem em cena, já passou da fase de esquecer pequenos detalhes, então é inadmissível que adentre o palco portando uma aliança nos dedos. Um espetáculo tão cuidado não pode pecar nos detalhes. 
                                       Alessandra Souza é uma atriz com méritos e fraquezas. Mas o que mais me surpreende é essa dificuldade em compreender códigos rápidos, em saber ouvir uma crítica sem dar mil explicações desnecessárias. se quer ser uma grande atriz, precisa de mais humildade. E principalmente precisa buscar ser a melhor. Buscar subir degraus. Ou ficará estagnada como vários atores que conheço que simplesmente estacionam, julgando-se razoáveis e contentando-se com isso. 
                                         A trilha de Gabriel Giacomini, a energia de Evaldo Goulart, a disponibilidade de Stalin Ciotti e Laura Hoover, foram detalhes perceptíveis e louváveis. Mas ainda assim, não foi um bom dia de teatro. 

                        Para lembrar: O trabalho em equipe, a tentativa de solucionar problemas.
                         

Arte é Vida

 A RAINHA

Alessandra Souza (**)
Renato Casagrande (*)   
Raquel Arigony (*)
Cléber Lorenzoni (*)
Evaldo Goulart (**)
Gabriel Giacomini (**)
Laura Hoover (**)
Stalin Ciotti (**)     




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