O Castelo Encantado - 780 (tomo 128)

Desejar e os olhos fechar...

A imagem mais antiga que vem em mente de uma peça teatro, é uma cena do espetáculo "Emília Emília", acredito que tivesse uns quatro anos e o que guardei foi a magia, a capacidade de criar. A minha frente havia apenas uma pilha de carteiras (classes), cobertas por um tecido rustico. A boneca Emília surgiu falava coisas que me pareciam estranhas e então desaparecia. Mágica! A ideia que me percorreu durante dias era a de que existiam muitas outras coisas no mundo além das que meus pais me ensinavam, do que eu conseguia compreender. Mais tarde, na adolescência, assisti diversos outros espetáculos, mas sempre mantive viva em mim a lembrança daquele primeiro espetáculo.
O primeiro contato com o teatro é fascinante e em São Luis Gonzaga, muitas crianças devem ter tido seu primeiro contato, e certamente as figuras descritas por Erico Verissimo e que receberam vida pelas mãos dos atores do Máschara cumpriram sua função mágica... 
Uma pena espetáculo tão lindo ser apresentado sob uma lona com tanta interferência sonora. Há todo o tipo de teatro, para todo o tipo de público, para ser apreciado em todo o tipo de espaço. Mas uma coisa é certa, o teatro infantil deveria ter um cuidado para que os primeiros contatos da criança oferecessem uma proximidade lúdica e propiciassem silêncio e concentração.
O Castelo Encantado foi apresentado em um grande palco, onde os atores Renato Casagrande, Cléber Lorenzoni, e Alessandra Souza, puderam se esparramar. Dominaram e solucionaram diversas situações, mesmo a queda de luz ao fim do espetáculo. Não há como amante do teatro como eu não amá-los, respeitá-los enquanto interpretes. Mas hoje não quero falar dos grandes atores do Máschara, quero falar dos jovens, dos iniciantes, dos que tem uma curta caminhada nesse grupo, mas que já marcam presença.
Raquel Arigony por exemplo, sem duvida uma atriz ambiciosa pelo conhecimento, curiosa, disposta  a aprender e a ajudar. Isso aparece em cena. Um Grupo como o Máschara, que para sempre carregará o teatro amador em suas raízes, precisa de humildade e vontade de aprender. A dona do circo por exemplo pode render muito mais, triangular com maior perfeição e para isso é necessário não mais ensaios, mas mais apresentações. Gabriel Giacomini vem se esforçando e aprendendo muitas coisas. Carrega com sigo o hiato da energia extrema. Está presente em cena e é lindo vê-lo compondo, cantando, mas assim como Raquel Arigony podem ter mais noção do palco, mais conhecimento espacial. Por exemplo, na cena em que ele foi ao meio do palco falar do ursinho, poderia ter ido até um dos microfones. Marcas são sempre bases, mas precisam estar vivas, o fluxo deve ser livre.
Quanto a Evaldo Goulart, quase não o vejo mais, pensei que estivesse se afastando e me orgulha vê-lo tão cheio de energia. Aliás essa é a maior qualidade do jovem ator. No entanto é importante pensar que o ator, artista, nasce do trabalho, do ensaio, do treino, da repetição, do estudo. As vezes Evaldo Goulart esquece tudo isso e parece esperar ser bom apenas com o pouco que vem colhendo quando está presente. Isso é engraçado, já que outros ali dedicam-se anos, horas para alcançar a prática, o exímio trabalho.
Na parte técnica, Stalin Ciotti dedicou-se muito, vem aprendendo, fazendo um maravilhoso curso intensivo, de profissionalismo, a meu ver, deve sugar cada instante, aprender o oficio em seu pior e seu melhor. Lembrando sempre que o que destaca os bons, é saber o que fazer antes de lhe ser pedido... Fabio Novello ergueu o cenário, correu de um lado para o outro como uma boa equipe técnica deve ser.
O teatro aconteceu, com pequenos percalços típicos de uma apresentação em local adaptado, mas diverti-me, ri, encantei-me. E ao final é importante lembrar que ser bom, é ser generoso e fazer sua parte!
São Luis Gonzaga assistiu a um lindo espetáculo infantil, e que lindo ver "casa" lotada.

Para Lembrar: A segurança de Alessandra Souza que segurou o final do espetáculo.
Para esquecer: A falta de domínio dos microfones por parte de alguns membros.


Arte é Vida

O Castelo Encantado
Texto: Cléber Lorenzoni (**)
Direção de Montagem: Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge
Direção:Cléber Lorenzoni
Elenco: Alessandra Souza(***)
Cléber Lorenzoni(**)
Renato Casagrande(**)
Evaldo Goulart (**)
Raquel Arigony (**)
Gabriel Giacomini (**)
Contra-Regragem: Stalin Ciotti  (**)
Figurinos e Adereços: Renato Casagrande
Direção Técnica: Fábio Novello (**)




A Rainha

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