A
Paixão de Cristo
Por
Cléber Lorenzoni
Fim da tarde, por volta de cinco
horas, público reunido em frente ao primeiro palco no largo da catedral.
Musicas eletrônicas cantando com temas pascoais. No palco uma mesa com taças
rusticas ou canecas, pães e almofadas. Preferencialmente mesa baixa.
Da direita do palco, (duque de caxias)
chega Jesus conduzido pelos figurantes e apóstolos. Trazem ramos. Jesus deveria
vir montado em um jumentinho.
Cena I
Todos: Hosana ao filho de Davi!
Bendito
aquele que vem em nome do senhor!
Hosana
ao senhor!
Jesus sobe no palco
Jesus: Ouçam, o servo não é maior do que seu
senhor, não deveis temer a nada se tiverdes fé, pois há um consolador para
todas as tuas dores e fraquezas, o pai! Aprendais a dividir o que tem com
aqueles que tem menos, e principalmente sempre, sempre que levares um tapa,
ofereças a outra face. Pois em verdade vos digo, somos todos irmãos, filhos de
um mesmo Pai. Sejais como os lírios do campo, eles não fiam, nem tecem e vos
digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua grandeza, se vestiu como eles.
Simeão: Mestre, preparamos tudo como o
senhor ordenou.
Jesus: Sim, celebremos juntos a páscoa, a
festa da libertação...// Ouçam não só de pão vive o homem, eu sou o pão da
vida, quem vir a mim não sentirá fome, quem ouvir a vós do pai não terá sede,
Pedro: Senhor, no reino dos céus, haverá
fartura, ouro e comida muito melhor...
Jesus: Acreditam que no reino do pai, haverá
ouro? Banquetes? O reino do céu não garante prazeres mundanos, o reino dos céus
é feito de paz, ninguém é superior a ninguém, mas os puros de coração, os
humildes serão exaltados. Eis o pão, tomai e comei, pois é meu corpo que
entrego a vos. (pausa) eis o vinho, tomai e bebei é o meu sangue, o sangue da nova aliança que é
dado por vós para a remissão dos pecados, fazei isso em meu nome...
Judas: Perdoai-me por meu atraso...
Jesus: Aproxima-te Judas, divide o pão
comigo! (judas o beija) Irmão, tu
trais o filho do homem, com um beijo?
Apóstolos: Mestre nós o defenderemos...
Jesus: Não façam nada, aqueles que vivem
pela espada, morrerão pela espada! Tudo deve seguir conforme os planos do pai!
Tudo deve ser cumprido como dizem as escrituras.
Oficial Romano: Levem-no!
Povo: Soltem-no! Soltem o filho de Davi!
Povo: Arrastem-no, é um traidor...
Cena II
João Batista: Convertam-se por que o reino do céu
está próximo, convertam-se. Essa é a vos daquele que grita no deserto. Removam o
mal de suas vidas, aprendam a fazer o bem. Quanto a vós, hipócritas poderosos,
raça de cobras venenosas, não adianta tentar fugir do julgamento. Limpai-vos
comerciantes sujos, governantes exploradores. Limpai-vos e voltei vosso olhar
para os que hoje padecem, dos frágeis é o reino dos céus! O Salvador já está
entre nós. E traz a boa nova...
(Salomé
entra e dança para todos...)
João Batista: Convertam-se por que o reino do céu
está próximo, convertam-se. Essa é a voz daquele que grita no deserto, preparem
a vinda do Senhor, endireitem seus caminhos. Abrí seus corações e tendes dentro
dele o amor... Quanto a vós, hipócritas poderosos, raça de cobras venenosas,
não adianta tentar fugir do julgamento. Limpai-vos comerciantes sujos,
governantes exploradores. Limpai-vos e voltei vosso olhar para os que hoje
padecem, dos frágeis é o reino dos céus! O Salvador já está entre nós. E traz a
boa nova
Salomé: Cala-te, tua voz me incomoda e tuas
historias malucas confundem a todos. Cala-te ou sentiras a minha ira...
Kaifaz: Tragam-no...Majestade Herodes,
princesa trago-vos aqui um criminoso,
muito perigoso, chamado Jesus nazareno...
João Batista: Primo. abraçam-se Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do
mundo. Depois de mim vem um homem que passou em minha frente, porque existia
antes de mim.
Jesus: Tu me batizaste. Nós dois cumpriremos
a nossa missão.
João Batista: Vê aquelas árvores no horizonte?
Parecem árvores, porque como elas, estão fincadas no chão, mas vos digo que são
cruzes. E para todo aquele que fala contra os poderosos, há uma cruz.
Jesus: Pois falaremos até que hajam apenas
árvores, e mais nenhuma cruz.
Kaifaz: Ele se diz rei, rei dos Judeus!
Herodes: Dai-me tempo Kaifaz, agora estou
ocupado com assuntos familiares, dize-me, minha enteada, o que quereis de mim?
Que presente posso dar-vos para agradar vosso gênio indomável.
Salomé: Qualquer coisa? (pausa, Heródes
assente com a cabeça) Senhor, vejo nesta sala vários divertimentos com os quais
poderia entreter-me, mas vou seguir o conselho de minha mãe. Quero, em uma
bandeja, a cabeça deste homem, João Batista!
Jesus: Não, João.
Herodes: Levem-no!
Os soldados arrastam João Batista para
fora da cena.
Herodes: Então tu és o messias, o salvador?
Kaifaz: Ele blasfema, se diz rei dos reis! O
rei da Judeia! Invadiu o templo, expulsou os comerciantes de lá... Podemos
permitir isso senhor governador?
Herodes: Responda-me, tu és o filho de Deus?
Jesus: Tu o dizes...
Herodes: Disseram-me que tu devolves a visão
aos cegos, faz caminhar os aleijados... Não falas? Nem respondes? Não te
defendes? Ora, levai-o daqui, não é criminoso coisa alguma, apenas um louco.
Jesus: Por que me fazes essas perguntas com
tanta empáfia? Se sabes que não as faz em teu nome e sim em nome de outros...
Herodes: Ora! Levai-o, levai-o a Pilatos.
Povo: Soltem-no
Povo: Prendam-no ele é um impostor
Cena III
Kaifaz: Senhor cônsul, solicitamos a sua
intervenção, para acabar com os tumultos em Jerusalém.
Pilatos: Que quereis comigo? Não deveriam estar
em seus templos comemorando a páscoa?
Kaifaz: Este homem deve ser condenado a morte!
Ele blasfema...incita o povo contra Roma, se diz rei dos judeus!
Pilatos: Não vejo neste homem crime
algum...Dize-me, tu és o rei dos Judeus? Tu és rei?
Jesus: O meu reino não é deste mundo...
Pilatos: E onde está teu reino? Onde estão teus
soldados? (pausa) Ora, não passa de um lunático, levem-no a Herodes!
Povo: Libertem-no!
Povo: Mata-o
Kaifaz: Esperem! Senhor, estamos vindo de lá,
precisamos que o condene a pena máxima!
Pilatos: Vejamos, todos os anos eu costumo
libertar um prisioneiro. É um agrado de Roma para o povo de Jerusalém, pelas
comemorações de páscoa. Tenho aqui um assassino confesso. Prestai muita
atenção: quem quereis que eu liberte? Jesus, o nazareno ou Barrabás?
Povo: Liberta Barrabás!
Pilatos: Tendes certeza? Quereis realmente que eu liberte Barrabás?
Povo: Solta Barrabás!
Pilatos: (Faz sinal para que o libertem,
Barrabás desce do palco para junto do povo) Agora, diga-me, de onde tu és? Onde
é teu reino? Por que não respondes? Não vês que eu tenho o poder para te
soltar, ou mesmo para te condenar?
Jesus: Este poder que tu pensas ter te foi
dado por Deus, sem ele, já não o terias.
Pilatos: E o que queres que eu faça com este vosso prisioneiro?
Kaifaz: (Após uma pausa e olhar para o povo.)
Quero que o condene à pena máxima! Crucifica-o!
Povo: Crucifica-o!
Pilatos: Silêncio, eu não tenho motivo algum
para condená-lo, vós quereis assim, pois bem, eu lavo minhas mãos sob o sangue
deste justo e que ele não caia sobre mim. Crucifiquem-no!
Kaifaz: Que este sangue caia sobre nós e
nossas famílias.
(Jesus desce do palco conduzido pelos soldados
até a entrada do shopping, ali, coroam Jesus e colocam-lhe um manto)
Povo: Crucifiquem-no.
(no
meio da quadra após a coronel mello, os romanos o aguardam com a cruz)
Oficial Romano: Não és o rei nazareno? Ordena que teus
exércitos venham carregar tua cruz...
(no
meio da quadra após a esquina do bezerra, jesus cai a primeira vez dois
figurantes o auxiliam)
(Na
subida do monumento Jesus cai pela segunda vez)
Surgem
Maria e Madalena
Maria: Jesus, meu filho, eu estou aqui...
estou sempre aqui...
Jesus: Acalma-te minha mãe, tem que ser
assim, são os planos do pai e nem sempre nós os compreendemos.
(Maria
contém por um tempo Jesus em seus braços, um romano o ergue e o bate com o
chicote)
Madalena: Pai celestial, quem irá rogar e se
compadecer por nós? Jesus, livrai-nos da queda e livrai nossas almas da morte.
As mulheres de Jerusalém choram.
Jesus: Mulheres de Jerusalém, não choreis
por mim. Choreis por vós e por vossos filhos.
Verônica: Senhor, deixa-me limpar o teu
rosto... (Após se erguer Verônica limpa seu rosto, depois ela se afasta e toma
a frente em direção ao monumento.)
(Na
porta do monumento Verônica fica entre o público segurando o pano com o rosto
de Jesus.)
Próximo
ao palco, Jesus cai pela terceira vez.
Os
romanos o arrastam até o palco, tiram suas vestes e o prendem na cruz.
Cena IV
Jesus: Perdoai-os, eles não sabem o que
fazem...
Romano: Se és mesmo o filho de Deus, então por
que não desce dai e prova!
Crucificado I: Sim, se és mesmo o filho De Deus, perdoa-me
dos meus pecados, por favor lembra-te de mim quando entrares no reino dos
Céus...
Jesus: Em verdade vos digo, ainda hoje
estarás comigo no reino dos céus!
(pausa)
Jesus: Água, água
(um
oficial romano alcança uma lança com uma esponja embebida)
Madalena
se aproxima chorando e toca os pés de Jesus.
Maria: Coração do meu coração, alma, de minha
alma, meu filho...
Jesus: Mulher, eis aí o teu filho. Homem,
eis aí a tua mãe...
Jesus: Pai, pai, por que me abandonaste?
Trovões,
raios, relâmpagos.
Jesus: Senhor em tuas mãos entrego o meu
espirito!
Ruídos
de rochas rolando e mais estrondos.
Oficial Romano: Realmente ele era o filho de Deus.
Jesus
é descido da cruz ao som de canções do coral. E levado Para o sepulcro.
Madalena: Vejam homens e mulheres! Vejam! É o
mestre...olhem, ele voltou!
Jesus: Alegrai-vos, não choreis, pois dei
minha vida por vós e não há nada maior que dar a vida por um irmão, por um
amigo.
Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei, amai-vos custe o que custar, esse é o maior
dos mandamentos. Vinde sempre a mim, pois eu sou a verdade e a vida!
pronunciemos juntos a uma só voz, a oração que nos leva ao pai.
Pai
nosso que estais nos céus, santificado seja o teu nome, venha nós o vosso
reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu, o pão nosso de
cada dia nos dai hoje. Perdoai nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem
nos tenha ofendido, e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal
amém!
Que
o amor do pai esteja em seus corações, ide em paz e passai a diante a esperança
de uma feliz e renovada páscoa.
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