Feste, esforço positivo ou negativo do Máschara - 754 - Lírios tomo 6

                 Tenho certeza que quando um Grupo de Teatro vai a um festival, deva ter em mente fazer um bom trabalho, talvez ganhar um troféu, o que seria a coroação de seu reconhecido valoroso trabalho. Essa equipe certamente tem em mente um foco, no qual todos os integrantes se dirigem. Seu esforço, seus ensaios encaminham-se para isso. Foram até o festival por que possivelmente comunguem de um grande prazer em atuar juntos. Dedicam-se e esforçam-se na busca da melhoria de suas atuações. Tem orgulho de seu espetáculo. Faltam possivelmente muito pouco os ensaios, pois respeitam o tempo um do outro. Conhecem a obra que estão interpretando como ninguém. Devoraram-na. Ensaiaram incansavelmente em busca de sua organicidade. Ensaios extensos e metódicos. Confiam em seu diretor, afinal ele possui um objetivo com tudo que orquestrou entre suas notas atuantes...
                    Essa é a imagem que tenho de qualquer bom grupo de teatro que vai a um festival com algum objetivo. Há certamente outros grupos, com outros objetivos, com outras formas de pensar, mas por que iriam a um festival que busca premiar espetáculos se tivessem um olhar diferente desse que mencionei? 
                    O teatro é reflexo de algo, algo que começa nos ensaios, algo de prazeroso que é conquistado com a comunhão de vários fatores, fatores esses que não vejo presentes na equipe de Olhai os Lírios do Campo. Não devido a substituição de elenco, isso pode acontecer até poucos minutos antes de se entrar em cena. Mas somente uma equipe muito afiada, pode fazer poucos instantes antes de subir ao palco, uma substituição plausível. 
                       Nos minutos que antecederam ao espetáculo, quatro monstros do teatro Porto Alegrense subiram ao palco: Sandra Dani, Ida Celina, Mauro Soares e Luis Paulo Vasconcellos. Os quatro assistiram vários espetáculos do Máschara em muitos festivais nos últimos dezesseis anos, e agora sentados na platéia voluntariamente, pareciam realçar o valor que essa Cia. conquistou com anos de trabalho. 
                           O Melodrama de Dr. Eugênio e da doce Olivia prende o público do começo ao fim e algumas atuações são brilhantes, no entanto havia entre as quatro paredes da Carlos Carvalho, um clima tenso de coisas caindo, despencando, e que pareciam não conseguir ser salvas. Cada passo dado tinha o peso de uma luta. Foi tenso, de uma forma que não parecia gostosa. Cléber Lorenzoni e Alessandra estiveram intensos. Aliás o elenco principal como sempre se destacou muito. Mas não havia fluxo continuo. As coisas não eram preparadas, é necessário que uma cena desemboque na outra. 
                           Renato Casagrande conquistou a platéia com seu Nestinho, e pareceu fechar a cena de forma pouco ritmada no fim do espetáculo. Raquel Arigony mostrou por que é tão admirada pela equipe, salvando nos últimos instantes um papel importante. Não gosto de ver a mesma atriz interpretando dois papeis tão relevantes na trama, em um melodrama, é preciso vermos a historia com olhos de realismo.                    
                              Muita coisa não pode ser feita, devido as péssimas condições da sala, a iluminação e a trilha sonora deixaram muito a desejar.
                         Foi sem duvida um momento bonito, de dedicação comunitária com o apoio dos companheiros de alguns integrantes, (Erikson e Marcel), tocante com as palavras de Cléber Lorenzoni no final, mas é importante que  o Máschara reveja seus objetivos para com o espetáculo Olhai os Lírios do Campo.

              


Evaldo Goulart (**)
Gabriel Giacomini (*)
Fabio Novello (**)
Ricardo Fenner (**)
Raquel Arigony (***)
Dulce Jorge (**)
Alessandra Souza (***)
Douglas Maldaner (**)
Cléber Lorenzoni (***)
Renato Casagrande (**)

Comentários