Resenha de Alessandra Souza a partir de sua analise sobre os dramaturgos Beckett, Arrabal, Genet e Sartre
O absurdo e o existencialista
(Beckett, Arrabal,Genet e
Sartre)
No meio do caminho Carlos Drummond de
Andrade
No meio do caminho tinha uma
pedra
tinha uma pedra no meio do
caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma
pedra
Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão
fatigadas.
Nunca me esquecerei que no
meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do
caminho
no meio do caminho tinha uma
pedra.
O que há em em comum,
entre, Samuel Beckett
(1906-1989),Jean Genet (1910-1986),
Fernando Arrabal (1932- ), e Jean Pow Sartre (1905-1980) ?
Esses quatro dramaturgos,
fazem parte do teatro contemporâneo, escreveram suas obras mais conhecidas após
a segunda guerra, entre os anos 50. Três desses escritores, Beckett,
Arrabal, e Genet, escreveram um
determinado tipo de escrita, que só ganhou
um nome nos anos 60, foi chamado de teatro do "absurdo", nome
que os próprios autores não concordavam.
Já o quarto autor, Sartre, suas peças são
consideradas existencialistas, por isso antes de responder a principal pergunta
explanarei sobre, teatro
do absurdo e teatro existencialista.
Teatro do absurdo: Começam a surgir na década de
50 vários textos dramáticos que passaram a compor uma categoria literária
conhecida como "teatro do absurdo" que após a segunda guerra relata
tempos de atrocidades institucionalizadas, de poder nefasto, de nilismo, de
náusea... Um homem lançado numa terra desolada pelas duas grandes guerras
mundiais, exilado em sua própria pátria, exilado em si mesmo. É desse
sentimento de absurdo que nasce essa dramaturgia que acaba sendo oposta ao
teatro realista. Nascem encenações estranhas, chocantes, grotescas, encenações
marcadas por uma atmosfera rarefeita, tragicômica de redundância e silêncios...
Em 19 de novembro de 1957, um
grupo de atores preocupados, se preparava para enfrentar seu público, com o
espetáculo Esperando Godot de Beckett, um público formado por 1.400
sentenciados da penitenciária de San Quentin, como enfrentar uma das platéias
mais duras do mundo, com uma peça
obscura e altamente intelectual?
Abriu-se o pano, o espetáculo
começou e o público acompanhou Vladimir e Estragon, os dois clowns, em diálogos
repetitivos e aparentemente gratuitos, inconseqüentes, sob da função fática da
linguagem. E os dois personagens aguardam indefinidamente um ta de
"Godot", numa estranha terra, ao pé de uma árvore, ao entardecer...
Entre os prisioneiros de San Quentin, houve uma imediata identificação com os
dois palhaços: todos estamos de alguma forma, a espera de um Godot.
Através dessas representações
que os autores procuram fazer o público
encarar frente a frente a dura realidade humana, uma realidade que no
mundo contemporâneo, se apresenta vazia deuses e de verdades.
Teatro existencialista: Sartre é conhecido como pai do existencialismo, existem
dois tipos de existencialismo, o cristão e o ateu. O existencialismo cristão,
consiste, que a existência procede da essência, ou se preferir, que é necessário
partir da subjetividade: " O homem possui uma natureza humana; essa
natureza humana, que é o conceito humano, pode ser encontrado em todos os
homens" ( Sartre). Vemos novamente
a redundância uma ciclo que volta pro mesmo lugar.
O existencialismo ateu: É o
mais coerente e conhecido, muitas vezes tido de uma forma preconceituosa, pois
muitos os resumem em enfatizar o lado ruim da vida, mas não, ele pode
se resumir na frase "penso logo existo". Acredita que o homem
é resultado de suas ações, joga por terra os milagres, a esperança, prega que
estamos sozinhos na terra e somos frutos de nossos projetos. Não acredito que
seja de todo mal, pois nos faz acreditar que nascemos com defeitos, nós
construímos os defeitos, não temos uma genética defeituosa, ele nos dá
esperança, através do engajamento, disciplina, podemos nos projetar, saindo de
nossa zona de conforto podemos sim melhorar. O motivo do grande preconceito da
sociedade para com o existencialismo, é o acreditar que estamos sozinhos,
abanados nessa terra, muitos cristões não roubam nem matam por temos a Deus,
então pensar que logo um mundo sem regras, sem leis pode ser assustador.
Sem fugir da questão
principal, os quatro autores, achei algumas histórias de ligações diretas entre
alguns deles, além de ambos serem romancistas e poetas, e pelo que li, três
deles construíram obras dentro do teatro do absurdo, que não foram muitas foi
um movimento motivado pelo sentimento de desastre no pós guerra, o sentimento
do teatro da absurdo é o existencialista, o triste fato de estarmos sozinhos
abandoados numa terra destruída.
Achei interessante e acho que
vale mencionar: Que quando Fernando Arrabal (Espanhol) estava preso, Beckett
(Irlandês) escreveu uma carta defendendo e falando bem de Arrabal.
Também o Jean Genet (francês)
conhecido como poeta marginal, quando desertor da guerra, andava pelas ruas com
uma mala de fundo falso, a qual usava para roubar livros e gostava disso,
também escrevia livros clandestinos, histórias homossexuais, e ao cair na mão
de Sartre (francês), foi quem deu o impulso inicial na carreira de Genet.
Apenas curiosidades que achei muito interessantes.
Dicas de livros pra leitura:
Entre quatro paredes (Sartre)
Esperando Godot (Beckett)
As criadas (Jean Genet)
Cemitério de automóveis
(Arrabal)
Alessandra souza
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