Ultima da Temporada. Tomo 9

Sem a arte a vida fica tão monótona e chata como se eu estivesse em um filme de ficção cientifica. Tudo é cinza, cibernético e o rosto das pessoas não tem expressão!

             Subimos mais uma vez as escadarias do sobrado de Santa Fé. A família Terra Cambará continua aquartelada, cercada pelos soldados caramurus. Há quase quarenta dias estão ali. Não há muito o que comer, e duvida-se que continuem por mais tempo. Dentro do sobrado a velha Bibiana e o neto Bolívar continuam com pé firme.
            Engraçado que como amante de O Tempo e o vento. Hoje enquanto esperava a seção começar, me recordava desse trecho de O Continente.
            Subimos mais uma vez as escadarias do prédio da Unicruz Centro. A família Máschara continua decidida, cercada por muita gente que não vê necessidade nenhuma de termos teatro em Cruz Alta. Há quase quarenta dias estão em cartaz com a Sessão Maldita. Dentro do prédio Dulce Jorge nos recepciona e Cléber Lorenzoni continua decidido a continuar sempre. Ah, Erico, tua obra é antológica!
             E o embate continua, de um lado atores e público que gosta de teatro. Do outro, pessoas que vêem a arte como mera perda de tempo. Na cena, a complexa Ereda, interpretada lindamente por Alessandra Souza, nela não há problemas de dicção, sua presença é forte e o ritmo bem conduzido. Aliás ela e todo o elenco passeiam pela mesma vertente. No entanto há erros de concordância na pessoa do verbo. "Nem a você deveria assustar", "tudo ficastes parado enquanto estiveste fora". Cuidado interprete. A língua pátria, o português deve ser perfeito, sois comunicadores. Não podeis desleixar da língua. A protagonista do espetáculo precisa buscar a perfeição do texto. Em Werner também se nota um escape: "Você volta a aprender, eu te ensino"-Tu voltas a aprender, eu te
 ensino!
            Tirando as gafes no português, o restante do espetáculo brilha. Se posiciona de forma partiturada e com virtuosismo. A cena do envenenamento de bertold foi prejudicada pela atriz condutora. Talvez ela quisesse muito ser vista, ou foram desequilíbrios corpóreos, mas foi uma pena, a ultima apresentação da temporada ter a plástica dirigida pelo diretor tão prejudicada na cena.
             Para quem gosta de bom teatro é um dever assistir Complexo de Elecktra.
             Evaldo Goulart é muito interessante em cena, precisa desenvolver mais macetes, no futuro, com mais maturidade, dissimular menos e interpretar mais. Embora eu seja muito fã de seu trabalho. Raquel Arygoni esteve maravilhosa nesta quinta e Douglas Maldaner vem amadurecendo muito. Gabriel Giacomini é muito jovem, e talvez algumas vezes não perceba o peso das coisas que estão acontecendo. Mas acredito que leve bem a serio tudo o que seus colegas lhe pedem. É importante aprender o oficio. Os valores das coisas, as dificuldades de uma vida dedicada a arte.
              Um espetáculo concebido para 10 lugares, pode ser prejudicado quando a hiper lotação acontece. Atropelos, pessoas chegando atrasadas nas cenas...
              Que Complexo não pare. É um dos melhores espetáculos do Máschara.



Alessandra Souza. Deveria descer devido a cena tão problemática na morte do tio e os problemas de concordância. Mas por equilibrar com belíssima atuação técnica, lhe darei  (**).
Renato Casagrande. Merece subir pela contraregragem do espetáculo, mas sua interpretação hoje foi boa mas um tanto descuidada, principalmente quando virou o banco em cena (*)
Evaldo Goulart . Disposto, esforçado, fez sua parte. (**)
Gabriel Giacomini. Um jovem promissor. As vezes vai para um mundo paralelo. Precisa manter os pés no chão quando é responsável por coisas tão importantes quanto os fazeres teatrais. (**)
Cléber Lorenzoni. Não estava em um bom dia, disseram que estava com dores nas costas, não seria desculpa para não estar brilhante em cena. A voz ficou um pouco rouca, há de se ter mais cuidado com o colega corpo. (**)
Douglas Maldaner . Vem se modificando. Precisa, como qualquer outro, da repetição incansável para alcançar o sucesso.  (**)
Raquel Arygony. Encantadora nesta noite. Raquel é carta forte em Complexo. (***)


        Momentos Memoráveis.--  O Trabalho brilhante de Cléber e Renato na cena da morte do pai.
                       A presença dos membros da Academia Cruzaltense de letras.

Comentários