Essa premissa é
completamente correta, e todos que somos do ramo sabemos disso, afinal, é por
isso que repetimos, repetimos e tornamos a repetir nos ensaios. E após
estrearmos um trabalho vamos continuar ainda melhorando, descobrindo,
aprendendo; salvo os atores gelo, aqueles que não querem aprender mais nada,
pois já estão satisfeitos após uma estreia, acham-se tão superiores e capazes
que nem sequer tentam buscar, melhorar ou descobrir algo novo. O teatro é uma
arte de auto descobertas. Queremos nos aprimorar, nos desafiar, revelar um
mundo novo dentro de nós mesmos, até que começarmos a perder o interesse
naquela personagem e então recomeçarmos com novo trabalho.
Na Sessão Maldita desta
quinta-feira, alguns atores foram mais fundo em suas capacidades e na cobiçosa
ânsia da plateia em receber mais e mais
do interprete. O elenco com mais tempo
de teatro, Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza(***), começam
a mergulhar nas nuances, nas outras variantes de suas personagens. Douglas
Maldaner(*), Evaldo Goulart e Raquel Prates, podem mergulhar por esse oceano de
opções e há muito a se descobrir. Quando pensamos que encontramos o interior de
um personagem, podemos e devemos esticar as fibras de tecido e partir para as
descobertas de suas linhas mais finas. Essa construção é que interessa a nós
atores, pois assim estamos revelando o mais complexo da vida humana.
A cena do casal
antagonista está cada dia melhor, mas Renato Casagrande (**) tem arroubos juvenis
que o prejudicam. E Alessandra Souza e Douglas Maldaner não campeões em
atropelos e gaguejos.
Nessa ultima inserção de
Complexo de Elecktra, ocorreram vários deslizes técnicos e por outro lado novos
detalhes, novas improvisações. Lorenzoni (**) precisa tomar mais cuidado com
sua energia em cena. Energia acentuada provoca um certo temor na plateia que
pode afugentá-lo da narrativa.
O visual do elenco vem
melhorando, embora Maldaner ainda possa com o auxílio da direção do espetáculo,
descobrir traços novos. Prates (**) esteve meio ausente, e gostaria de ver mais
sua expressão, sustos, talvez até o toque de suas mãos nos pés do público.
Goulart (**) também esteve um pouco distante, e assim como Maldaner pode acentuar
seu tom de voz em timbres graves.
Cléber Lorenzoni cantando e
Alessandra Souza muito mais feroz na cena da cozinha, deram uma curva muito
interessante. Veja bem, mãe e filha se embatem durante todo o espetáculo, mas
sempre fraquejam, na cena ante final, as duas não tem mais nada a perder. A mãe
sabe que está no fim de suas forças, a filha sabe que a mãe irá morrer. Então
não há mais medo, apenas o ódio de ambas.
Durante a cena do bife de Ereda,
algo saiu errado e até mesmo um som eletrônico foi percebido. Que terá
acontecido? Sonoplastia de Gabriel Giacomini? (**), ou alguém mais precisava de
mais cuidado? Felizmente a atriz
conseguiu manter a chama da cena acesa, mas tanto Ereda quanto Ulrica, podem
sofrer mais. “Sofrer”, não “gritar”!
Foi definitivamente uma agradável
noite de teatro. Que elas continuem e perpetuem-se. Teatro é vida!
Arte
é vida!
A
Rainha
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