Complexo de Elecktra - tomo 4

 A repetição leva a perfeição
                      


                           Essa premissa é completamente correta, e todos que somos do ramo sabemos disso, afinal, é por isso que repetimos, repetimos e tornamos a repetir nos ensaios. E após estrearmos um trabalho vamos continuar ainda melhorando, descobrindo, aprendendo; salvo os atores gelo, aqueles que não querem aprender mais nada, pois já estão satisfeitos após uma estreia, acham-se tão superiores e capazes que nem sequer tentam buscar, melhorar ou descobrir algo novo. O teatro é uma arte de auto descobertas. Queremos nos aprimorar, nos desafiar, revelar um mundo novo dentro de nós mesmos, até que começarmos a perder o interesse naquela personagem e então recomeçarmos com novo trabalho.
                        Na Sessão Maldita desta quinta-feira, alguns atores foram mais fundo em suas capacidades e na cobiçosa ânsia  da plateia em receber mais e mais do interprete.   O elenco com mais tempo de teatro, Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza(***), começam a mergulhar nas nuances, nas outras variantes de suas personagens. Douglas Maldaner(*), Evaldo Goulart e Raquel Prates, podem mergulhar por esse oceano de opções e há muito a se descobrir. Quando pensamos que encontramos o interior de um personagem, podemos e devemos esticar as fibras de tecido e partir para as descobertas de suas linhas mais finas. Essa construção é que interessa a nós atores, pois assim estamos revelando o mais complexo da vida humana.
                      A cena do casal antagonista está cada dia melhor, mas Renato Casagrande (**) tem arroubos juvenis que o prejudicam. E Alessandra Souza e Douglas Maldaner não campeões em atropelos e gaguejos.
                      Nessa ultima inserção de Complexo de Elecktra, ocorreram vários deslizes técnicos e por outro lado novos detalhes, novas improvisações. Lorenzoni (**) precisa tomar mais cuidado com sua energia em cena. Energia acentuada provoca um certo temor na plateia que pode afugentá-lo da narrativa.
                      O visual do elenco vem melhorando, embora Maldaner ainda possa com o auxílio da direção do espetáculo, descobrir traços novos. Prates (**) esteve meio ausente, e gostaria de ver mais sua expressão, sustos, talvez até o toque de suas mãos nos pés do público. Goulart (**) também esteve um pouco distante, e assim como Maldaner pode acentuar seu tom de voz em timbres graves.
                  Cléber Lorenzoni cantando e Alessandra Souza muito mais feroz na cena da cozinha, deram uma curva muito interessante. Veja bem, mãe e filha se embatem durante todo o espetáculo, mas sempre fraquejam, na cena ante final, as duas não tem mais nada a perder. A mãe sabe que está no fim de suas forças, a filha sabe que a mãe irá morrer. Então não há mais medo, apenas o ódio de ambas.
               Durante a cena do bife de Ereda, algo saiu errado e até mesmo um som eletrônico foi percebido. Que terá acontecido? Sonoplastia de Gabriel Giacomini? (**), ou alguém mais precisava de mais cuidado?  Felizmente a atriz conseguiu manter a chama da cena acesa, mas tanto Ereda quanto Ulrica, podem sofrer mais. “Sofrer”, não “gritar”!
            Foi definitivamente uma agradável noite de teatro. Que elas continuem e perpetuem-se. Teatro é vida!


Arte é vida!


A Rainha




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