Zah Zuuu - Ultima inserção na Matinê do Máschara

                      As coisas acontecem quando as pessoas remangam as mangas e fazem algo juntas. Zah Zuuu não lotou a sala de espetáculos adaptada, e nem mesmo parece ter agradado muito. Mas satisfez o elenco e isso em uma luta tão árdua pelo teatro, é luz dentro de uma casa. Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande desafiaram-se e criaram um libelo ao prazer em fazer teatro. O ator deve ter prazer naquilo que faz. Mas nunca deve parar ou estagnar. Faltou a Zah Zuuu a perfeição técnica, a entrega desmedida, o desafio de equipe.
                        Renato Casagrande precisa de mais ensaios, até para formalizar cada marca e cada improviso. Mas não precisa ficar tão nervoso, pois possui um talento nato para o contato com o público. Cléber consegue salvar várias piadas e isso é muito importante. O Ator não pode se deixar desmotivar se uma cena ou piada não funciona. Precisa pelo contrário, respirar fundo e estar pronto para com o apoio do elan, salvar uma cena, recomeçar no parâmetro da energia. 
                         Zah Zuuu passa voando, sinal de que não possui barrigas, é rápido, ágil e leve. A mensagem passada é principalmente a da diversão e ainda a da paciência, não leve a vida tão estressadamente. 
                            Os balões na cena final de Zah Zuuu surpreendem, causam definitivamente um agradável efeito. É engraçado que sempre tive um pé atrás com palhaços, Durante a encenação no entanto, vai ficando clara a tênue linha entre palhaço e clown. O clown possui uma existência muito própria, muito vivaz e sarcástica no bom sentido.  A gag da almofada é a da porta, funcionam muito bem. A cena da mamadeira precisa ser melhor resolvida. E o final não foi preciso como deveria. Mas a humildade e a delicadeza do tema tocam a adultos e crianças. 
                                Ser bons atores, essa é a busca, penso eu, de um grupo tão tradicional. As vezes tradicional demais. Mas nessa caminhada, humildade e generosidade devem ser constantes. Pendurar um holofote, ou instalar um aparelho de som não torna ninguém melhor que ninguém. É útil, necessário e valorizado, mas é apenas trabalho. As vezes alguns artistas se enchem de orgulho por aquilo que sabem fazer, mas esquecem que desde que o mundo é mundo, as pessoas são substituíveis. 
                                 O Grupo Máschara vem fazendo teatro bom há 23 anos, não foi o orgulho, a prepotência e a arrogância que o trouxeram até aqui.


A Rainha


Cléber Lorenzoni (**)
Renato Casagrande (*)
Alessandra Souza (**)
Evaldo Goulart (**)
Ricardo Fenner (**)
Douglas Maldaner (**)
Gabriel Araujo (*)

                          

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