Zah Zuuu (tomo 3) -725

             Constantemente me questiono quanto à importância da versatilidade de um ator. Surgem logicamente muitos atores que facilmente interpretam um bom papel, mas que nunca mais são vistos em nada. Não conseguem vestir outra roupagem. Possivelmente só tinham um pequeno punhado de coisas a serem ditas ao mundo, e essas coisas foram ditas nesse único papel. Constantemente artistas se afastam das companhias , deixando um vazio em seus ex-colegas e parecem ter exagerado em seu dito apego ao teatro. Para alguns o teatro é a solução para uma sede, um vazio imediato. Para outros o teatro é acompanhante para a vida inteira.
                   No Máschara dois grandes momentos me emocionaram muito, um deles foi a construção do espetáculo As Balzaquianas, o outro é a concepção de Zah Zuuu. Existem certamente várias formas de se conceber um espetáculo, mas prefiro os que surgem de verdades próprias,  os que em um primeiro momento parecem ideias descabidas. Esses não surgem com planos de agradar ninguém, eles refletem a vontade do artista comunicar-se, nascem do mais profundo do ser humano. Natural portanto terem surgido dos atores de status mais alto. Por que? Por que o teatro é uma caminhada. Uma caminhada de amadurecimento, de convívio, de compreensão ética e estética. 
                      Atualmente no Grupo Máschara, o elenco está se dividindo em dois grupos, o primeiro formado por um grupo que possui um conhecimento razoável, outro por um grupo que tem bastante dificuldade e parece esperar que o conhecimento caia do céu. O problema causado por isso é óbvio e prejudicialíssimo; os atores que detém o conhecimento não possuem muita paciência para passá-lo a diante, os que estão no segundo grupo, não sabem como adquiri-lo. Assim sendo, cada um continua em seu mundinho e o grande prazer do teatro, que é a troca, não acontece. 
                         Em Zah Zuuu, percebe-se a pouca evolução, e o pouco interesse em evoluir, por parte da equipe técnica. A trilha sonora depois de três domingos continua problemática. A contra-regragem deveria ser mais precisa, perfeita, pois um jovem ator que executa com perfeição uma contra-regragem será logicamente um ator melhor, adiante em sua carreira. Zah Zuuu não possui iluminador certo e aliás o Máschara possui pessoas demais "quebrando galhos". Isso gera incerteza, e desorganização. E a equipe não cresce. Meu conselho? Encerrar 2015 com todos os espetáculos e escolher para 2016 dois grandes trabalhos unicamente. Com equipes fechada. Se durante esse período alguém desistir, acabar com o projeto e recomeçar com novo projeto. 
                           Outro ponto a ser comentado é a importância da Matinê do Máschara, ela é como um curso, uma profissionalização que se faz durante um mês. Lili Inventa o Mundo por exemplo (apresentada no mês de julho), foi evoluindo de tal forma que na sua ultima apresentação alcançou uma deliciosa plenitude interpretativa. Na sequencia ocorreu o mesmo com os outros espetáculos. Zah Zuuu tem evoluído a cada domingo e que sucesso não alcançaria por exemplo Olhai os Lírios do Campo se tivesse quatro oportunidades de ser apresentado em um mesmo mês. Por isso a Matinê do Máschara não pode acabar. 
                        Zah Zuuu é uma das melhora ideias do Máschara, só não é um dos melhores espetáculos do Máschara, por que a equipe tem levado Zah Zuuu sem a seriedade merecida.


Cléber Lorenzoni (**)
Renato Casagrande (**)
Alessandra Souza (*)
Evaldo Goulart (*)
Douglas Maldaner (**)
Gabriel Giacomini (**)

                                      A Rainha
                           
                           

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