O Castelo Encantado - tomo 100 - 716ª incursão do Máschara

O Centenário com cara de menino!

                         O que é o teatro se não uma tela em branco a pintar?  E o é tanto para os interpretes, quanto para o público. O elenco vai pintando na cena, o público no coração, na alma.Eu venho pintando na minha tela há muito tempo. O Castelo Encantado por exemplo vem sendo pintado no coração de crianças e adultos desde o ano de 2005, já são cem apresentações. Quatro jovens atrizes passaram pelo Castelo Encantado como Rosa Maria e posso dizer que a atual interprete da menina de Erico, Alessandra Souza, tem chegado ao amago da direção do espetáculo. Alessandra Souza encanta como uma menina ativa e curiosa, envolve o público e vai conduzindo muito bem a cena. Não é lá muito afinada na hora de cantar, mas isso pode ser trabalhado, com estudo, busca, esforço e "sem teimosia". O Castelo Encantado parece um espetáculo de colagem, mas tem o ritmo do devaneio infantil, as coisas se transformam rapidamente. Não possui a seriedade de Lili Inventa o Mundo, mas isso o torna mais leve. 
                            Pela manhã havia ido à romaria, adoro esses eventos com aglomerações, bons para se analisar o ser humano no pobre e sem técnica alguma, teatro da vida. Fui também por que aprecio cerimônias, símbolos, signos. E o teatro está repleto deles! Por isso fui também ao teatro. Fui feliz em ambos os ambientes. Em ambos os lugares haviam crianças, amo crianças. Elas são nosso futuro. E criança engajada me faz tão bem, criança com a família, tanto na romaria quanto no teatro. 
                             No elenco de hoje mais mudanças: Cléber Lorenzoni, a já citada Alessandra Souza, Renato Casagrande, Evaldo Goulart, Douglas Maldaner e Amanda Oliveira. Todos muito parelhos, equivalendo-se, claro os trunfos do Máschara perfeitos, logo depois os novos e alunos da ESMATE. Amanda Oliveira passeia muito firme pelo palco. Ainda está começando, mas já aponta uma interessante interprete. Algumas coisinhas em sua improvisação soam um pouco medíocres, mas ela é instintiva e isso é ótimo. Sua voz tem potência, embora ainda seja tom de menina. Mas isso passa felizmente. Seu jogo de cena é muito bom e dificilmente os leigos acreditariam que foi sua primeira vez em cena. 
                               Douglas Maldaner e Evaldo Goulart tem muita energia, Maldaner ainda parece inseguro no prólogo e no epílogo, mas seu anão roubaria a cena, não estivesse contracenando com uma figura tão grandiosa quanto a de Basílio.
                                   Agora, preciso mencionar as pernas do Elefante Basílio, ator bom atua de costas, atua vestido de árvore, atua só com os olhos, e "atua só com as pernas". Renato Casagrande da vida para o corpo do elefante, reage, tudo isso só com as pernas dele que estamos vendo. Claro que como a plateia está no mesmo plano dos atores, muita gente não percebe, mas ainda assim, não deixaria de fazê-lo não é mesmo?! Um exemplo para os colegas!
                                    O espetáculo vai te levando pela mão, após a melodia adorável de Beirut, as cores dos contadores de historia, a facilidade com que mudam de personagem, apenas com o trabalho corporal e algum adereço. Teatro! As vezes chego a me emocionar com a capacidade e esforço desses jovens atores do interior. Afinal pelo número de pessoas na plateia, provavelmente trabalharam um dia inteiro e ao final nada receberam, mas continuam ali, com um sorriso para seu público. Um exemplo, uma aula de generosidade e amor pelo que fazem. 
                                     Foi definitivamente um dia das mulheres, Alessandra Souza, Amanda Oliveira e Bruna Malheiros, todas merecem as três estrelas por esse dia. Torço que O Castelo Encantado, após sua participação na Matinê continue por ainda muito tempo, um espetáculo tão divertido deveria ser assistido sempre e por todos.


                                       A Rainha
                                  
                              

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