O Castelo Encantado na 16ª Matinê do Máschara - 98º Apresentação

Das obrigações do teatro...

           Quando o público compra seu ingresso, seja antecipado ou no ato do espetáculo, não tem muita noção do todo do produto que está pagando. No interior há uma luta diária para se continuar a fazer teatro. Nas cidades grandes também há essa luta, mas ela é mais equilibrada. Nas grandes cidades, os atores sabem que essa é sua profissão, ponto. No interior você é ator até o momento em que já não é mais, tudo é muito incerto. O ingresso que a platéia está pagando, está pagando partes de coisas que foram feitas muito antes. 
             Nas grandes cidades você tem as estrelas, os grandes atores que já possuem um nome, uma carreira sólida. No interior você muitas vezes tem um grupo de pessoas se apoiando, atores começando, pessoas somando funções, parentes e amigos na platéia, ajudando a segurar as pontas.
              Um exemplo disso foi a estréia na Matinê, do jovem aluno da ESMATE, Gabriel Giacomini. O teatro no interior com o Grupo Máschara, tem uma importante função de motivar, desenvolver novos talentos, Oferecer oportunidades. 
               Gabriel Giacomini começou com Ed Mort no Santíssima, e logo depois participou de O Castelo na escolinha Anjo da Guarda. Mas não se torna um ator de uma hora para a outra. O teatro, a interpretação é uma caminhada, longa! Aprender a portar-se no palco, desenvolver um estilo e só então brilhar. Três fazes bem distintas. Gabriel tem sagacidade, criatividade, e vontade, mas essa vontade precisa ser maior, o teatro exige de nós, naturalmente, para que mais de cem pessoas te aplaudam em pé, emocionadas, te admirando tanto, é necessário que em troca, dê um bom pouco de ti mesmo. Gabriel precisa soltar mais a voz e trabalhar a expressividade em cena. E o que traz tudo isso? Busca, treino, pratica, estudo, e senso crítico.
                 A apresentação na Matinê não foi como a do domingo anterior, havia um certo gessamento nas funções. Uma tensão, provavelmente devido a presença do principiante. No entanto a diversão foi garantida. Prova disso é o carinho com que o público fotografa ao final do tomo. Alessandra Souza tem se mostrado uma atriz muito capaz, falta-lhe no entanto o "estilo", a superação final de suas ações, o tornar-se inesquecível. O final de Rosa Maria no castelo Encantado chega a ser morno. Renato Casagrande foi se soltando mais para o fim do espetáculo e Evaldo Goulart esteve muito intenso em cena. Cléber Lorenzoni continua me parecendo um tanto apagado em seu Senhor Mágico, mas alcança o sucesso em seus personagens animais. 
                     A troca de lâmpada com o público presente, nos realça o quanto faz falta um teatro, uma sala própria para espetáculos, com segurança e conforto. 
                     Ao final da encenação, uma homenagem criativa ao ator Cléber Lorenzoni, não fui cumprimentá-lo, me desculpe, sou tímida. Mas achei digno por parte dos colegas e do público, renderem indulto a uma pessoa tão importante para nosso teatro.


Souza (**)
Malheiros (**)
Maldaner (***)
Novello (**)
Goulart (**)
Casagrande (***)
Giacomini (**)


                                            Arte é Vida


                                                                                  A Rainha
                    
                         
               

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