O Castelo Encantado Escolinha Arco Íris

            Nunca me ative a falar profundamente sobre a questão hierárquica e sobre o Status dos atores do Máschara, mas acredito que nesse vigésimo quarto ano de Cia. é importante desvendar o manto de dúvidas que envolvem toda essa organização.
                     Há muitos anos ouvi de uma atriz restrita do Grupo, que o teatro não é trabalho, que não adiantava exigir dos atores, que eles não eram funcionários. Não, não são. Porém, do vernáculo, trabalho significa conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim. Sendo assim, levando-se em conta que o fim é a performance perfeita. Os atores estão sim exercendo um trabalho. Muitas vezes o mesmo não será remunerado, o que não interfere na dedicação, partindo do pressuposto que o grupo nasceu como Grupo de Teatro Amador.
                    O Grupo Máschara vem crescendo a cada ano, tanto no que tange a excelência de seu trabalho quanto ao respeito e admiração que vem conquistando junto ao público. Já em seus primeiros anos, ousou, pesquisou, buscou, errou logicamente tentando acertar e nos brindou com grandes performances como Cordélia Brasil e Bulunga o Rei Azul. A partir do ano 2000, avançou para os textos clássicos. E cinco anos depois enveredou-se pelas obras literárias. Seu elenco, veio de vários pontos de nossa cidade, alguns poucos vieram de fora, de outras cidades. A maioria, até o momento que foi aceito na companhia, não havia tido nenhum tipo de contato com o teatro, mas rapidamente os diretores buscaram apresenta-los com a base necessária do conhecimento exigido à um razoável intérprete.
                    Os integrantes da Cia são organizados de acordo com sua dedicação, de acordo com a entrega ao teatro. O Máschara não está preparando apenas atores, mas defensores do teatro, amantes das artes-cênicas. Fazer teatro no interior, as vezes pode ser comparado há uma batalha. Os atores estão como entrincheirados, um passo à frente, cinco atrás. Portanto não basta ensinar a fazer teatro ou ainda encontrar neles seu talento e apreço ao interpretar, mas é preciso desenvolver neles a certeza de que lutar pela arte vale à pena, dignifica o homem e os torna especiais. Conforme sua dedicação pelo grupo e pelo teatro vai aumentando, ao ponto de abrir mão de coisas por ele, os integrantes são condecorados com um titulo que vai do cinco ao um. Os Atores que estão na Cia a mais de dez anos ininterruptos, recebem simbolicamente a honraria de classe A e podem opinar, e ajudar a tomar decisões.
                   Respeito e admiro muito essa hierarquia. Dela surgiram grandes atores, como Angélica Ertel, Miriam Kempfer, Gabriel Wink e mais recentemente Alessandra Souza e Renato Casagrande. No entanto o mais prejudicial da hierarquia, é a forma como ela pode corromper o caráter. O Teatro precisa de humildade, o teatro precisa de generosidade. Pois lida com o humano, com seu psicológico. No Máschara o mais importante não são talento e vocação, essas duas forças impalpáveis, mas a vontade de lutar pela Cia. A lealdade e a dedicação por uma historia de mais de 23 anos que quer sempre dar a chance de cada um falar, de cada um se pronunciar frente ao público.
                   Afora isso, há ainda a fogueira das vaidades onde muitos se queimam, há a ambição e infelizmente a dificuldade em viver com o pouco que se ganha. O maior bem, é a certeza de que em cada apresentação se toca o público, e em cada sorriso de criança, o idealismo de que no futuro, o teatro será visto com melhores olhos.
                  Hoje, por exemplo foi um dia de agir em prol das crianças, um dia de batalhas, um dia de embate, e há sempre um olhar crítico a espreita, um olhar desconfiado. Em cena Alessandra Souza, Renato Casagrande, Evaldo Goulart e Cléber Lorenzoni. Quatro atores vívidos. Ávidos pelo aplauso, pelo sorriso dos pequenos. O espetáculo foi delicado, comunicativo, e lúdico. Um dos mais lúdicos do Máschara. Senti falta apenas de mais apuro em cada um dos cinco quadros apresentados. O início foi interessante, gostaria de ver em novas ocasiões. Hoje pareceu-me sim que a pequena Rosa Maria encontrou os “contadores de historia”.
                  
**O Máschara agradece ao ator Ricardo Fenner por organizar essa apresentação.


Renato Casagrande (***) Pelas ideias em melhorar o espetáculo.
Alessandra Souza (***) Pela humildade aceitando as ideias em melhorar o espetáculo.
Cléber Lorenzoni(**)
Evaldo Goulart (**)
Bruna Malheiros(**)


Arte é Vida



A Rainha



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