10ª Matinê do Máschara - Os Saltimbancos 24ª Apresentação

As Crianças de hoje são o público de teatro de amanhã...

                            O teatro infantil tem como função principal, preparar, criar o hábito no público para o amanhã.  Dois erros básicos que costumam acontecer no teatro infantil, e que são os mais comuns nesse gênero de atividade, se originam no desconhecimento da natureza do teatro como arte independente e legítima, bem como de suas características essenciais. Abandonando o caminho do teatro, os que que erram descambam para dois campo opostos: o da suposta pedagogia, e da exacerbação  emocional gratuita, ambas esquecidas de que o teatro é uma experiência artística, estética, uma experiência independente, autônoma, ligada ao que é definível especificamente como uma ação dramática. Que o teatro educa não há dúvida - ou, melhor dizendo, pode educar -, mas educa pelos próprios meios, pelo aprimoramento de conceitos estéticos, pela ampliação da experiência do conhecimento humano, e nunca pela lição de moral impingida, soletrada e empurrada goela abaixo a qualquer preço. O estilo do Grupo Máschara é sempre artístico e não tenta erguer a bandeira careta de pregar o que é supostamente certo ou errado. Pelo contrário. No entanto as vezes alguns atores precisam tomar cuidado para não percorrerem esse caminho falho. Para chegar no público infantil o Máschara conta com o apoio do público adulto, que também motivado pela consciência da importancia e do prazer em assistir teatro, leva seus filhos. E que ótima opção, Os Saltimbancos, música, dança e uma mensagem de união e perseverança. 
                            Recordei-me de uma página que o Grupo fez no jornal Diário Serrano por ocasião do aniversário de 15 anos da trupe. Na mesma estava escrito, "O Grupo Máschara completou 15 anos de teatro, mas será que a comunidade quer teatro?". Foi sem dúvida uma frase ousada. E hoje a resposta parece clara, o público quer teatro. Prova disso, foi a lotação do espaço, pena o espaço ser tão pequeno e pouco apropriado. Veja bem, qualquer lugar é para o teatro, no entanto, a partir da quinta fila da platéia, a assistência já não enxergava plenamente os atores. A iluminação era precária, sem pontos cênicos ou efeitos artísticos, novamente pela ausência de espaço adequado. Mas a Cia. continua lutando, se adequando, viajando qual mambembe tentando encontrar um espaço seu. 
                        O teatro é um vício, uma vocação, alguns nasceram unicamente para ele, outros passam por ali, nesse domingo Alessandra Souza, Renato Casagrande, Cléber Lorenzoni e Ricardo Fenner subiram ao palco muito mais inteiros do que na ultima apresentação de Os Saltimbancos um ano antes. Alessandra está mais madura, mais completa como atriz, suas improvisações e seus tempos cômicos na "galinha" preenchem o foco. Renato Casagrande e Cléber Lorenzoni dão o tom do espetáculo, Ricardo Fenner está muito mais versátil, senhor da cena, sua maturidade cênica tem se mostrado mais presente desde a montagem de Olhai os Lírios do Campo, no entanto, seu ritmo estava um tanto vagaroso, após a primeira coreografia pareceu cansado, sem fôlego, precisas ensaiar mais, respirar mais e controlar o aparelho respiratório. Em algumas frases falou baixo e perdeu o público. 
                           O chão molhado provocou um tombo na intérprete da penosa, mas a atriz solucionou rapidamente. A trilha, operacionada por  Evaldo Goulart as vezes foi estrépita, merece mais delicadeza. 
                               As montagens de Os saltimbancos sempre me parecem incorrer no mesmo erro, a falta de personalidade na escolha de seu objetivo. O maior acerto dessa montagem é sem duvidas o trabalho de composição dos animais. As canções podiam ser muito melhor interpretadas, durante o canto só ouvia as vozes de enato Casagrande e Cléber Lorenzoni. Quando se monta um musical, é necessário cantar...


Alessandra Souza (**) Por seu trabalho cênico, onde o personagem sabe o momento de falar.
Renato Casagrande (***) Pelo esforço em salvar o espetáculo, pela energia em cena.
Ricardo Fenner (*) Para buscar mais ritmo e volume.
Cléber Lorenzoni (*) pela escolha em não colar suas plumas no figurino.
Dulce Jorge (**) Pela sua participação como diretora da Cia.
Evaldo Goulart (*) Que necessita de mais concentração, entrega e percepção.
Bruna Malheiros (***) Pela disponibilidade, pela prestatividade e compromisso.
Douglas Maldaner (**) Por cumprir o que lhe é pedido.


Membros Honorários
Gabriel Araújo (**) Pela prestatividade desinteressada
Lucas Chalita (**) Pelo apoio desmedido



Arte é Vida                                                      A Rainha
                          

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