7º Matinê - Lili Inventa o Mundo 105 - 687

O melhor do teatro para o Ator, o melhor do teatro para a platéia


      O que leva cada pessoa ao teatro? Não sabemos, mas ousamos dizer que as pessoas vão ao teatro buscar algo, algo que lhes falta, a platéia vai buscar perguntas novas, para reacender sua mente, para filosofar, viajar, conhecer... O ator vai buscar respostas, respostas para sua existência, respostas para perguntas que talvez ele ainda nem tenha elaborado. 
       Eu ainda vou ao teatro por que amo, amo a arte, amo o interprete e amo a complexidade das pessoas, complexidade do ser humano. Meus filhos já estão crescidos e abandonaram o ninho, como era de se esperar, mas isso não me impede de "curtir" um delicioso espetáculo infantil. Tão bem feito. Lili Inventa o Mundo une dois livros infantis de Mario Quintana e nos dá exatamente o mais acertado para nossas crianças. No teatro um pai pode ter certeza de que o filho está entrando em contato com o que há de mais lúdico, mais sensível a ser levado para uma criança. Mas o que é o lúdico? O lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações. O lúdico tem muito a ver com a poesia, está enraizado na arte e principalmente, combina totalmente com a proposta de Lili Inventa o Mundo. 
       Os atores do espetáculo estão são homogêneos, há destaques como Casagrande (**) e Lorenzoni (**), mas ninguém destoa ou parece estar começando. Um espetáculo parte de um conceito. O Conceito de Lili Inventa o Mundo, é o circo. Tem picadeiro, palhaço, apresentador, bailarina, cortina vermelha, pipoca e refrigerante. Mas alguns atores podem mergulhar ainda com energia nesse conceito. O Conceito é o que une atores e direção de um espetáculo em uma mesma ideia. O ator que não compreende o conceito nada para mares distantes da proposta encenada. 
       Lili começou com problemas, discretos felizmente. Mas logo se espalhou pelo pequeno e equivocado ambiente. Aliás, uma pena que nossa administração não se importe em ver sua comunidade mal acomodada tentando assistir um evento artístico. Em grandes cidades, teatro tem lugar preponderante. Mas alguns cruzaltenses não tem condições de viajar e é perturbador ter que sair de sua cidade para obter certas benesses que toda  cidade deve oferecer a seus cidadãos. Como podemos estimular nosso povo à luta por um melhor nível cultural se, de maneira tão gritante, nossos governantes mostram sua indiferença por aqueles que o têm? 
          Nesse momento, em que o Máschara se esforça tanto para fazer com que o teatro em Cruz Alta tenha significado ponderável no desenvolvimento cultural da nossa sociedade, em que começam a aparecer cursos de teatro, escolas de dança, é preciso que o hábito de ir a uma casa de espetáculos se forme em nosso povo- para isso entretanto é preciso que haja teatros, os daqui foram desaparecendo um a um, testemunhando uma incrível indiferença de nossa mui leal cidade para com o nível cultural de seus filhos. 
        Ri muito, muito mais do que as crianças, realmente, e felizmente, alguns de nós, seremos para sempre crianças. Ser "adulto" é muito chato, as vezes penoso até. As lições que Lili, Quintana ou o Máschara passam para nossas crianças são adoráveis e passam por meio de uma explosão de vida, de energia, de tônus. 
            Peres(**) e Malheiros podem emocionar ainda mais, tocar mesmo as pessoas; Bruna(**) também pode trabalhar mais a coluna e todos podem trabalhar mais as técnicas vocais. Gosto de ver Bruna em cena, uma atriz grande, com presença, com tudo que uma atriz precisa para se tronar inesquecível. Ao mesmo tempo Renato Casagrande precisa atentar para o alongamento de suas cenas. Principalmente nas quais está sozinho com Lili em cena. O efeito geleia é um perigo para atores experientes. Alessandra Souza (**) pode ser mais pontual em sua fada mascarada, embora estivesse divertidíssima e seja uma atriz repleta de emoção. Goullart possui um ritmo ótimo, é engraçadíssimo. Pense! Tu podes ser inesquecível nesse papel como teu antecessor, precisa apenas de um pouquinho mais de percepção. Atente também para o ritmo. Evaldo é um ótimo jovem ator (***) precisa focar. 
                 Cléber domina a platéia sempre em Lili, a quarta parede vira uma rede de vôlei e a bola vai e volta sem parar. Marcando sempre pontos na arquibancada. As crianças e os adultos o adoram, mas ele tem a dose certa da malicia que o público quer. Precisa apenas tomar cuidado para que o seu "eu" diretor não o prejudique em cena. 
                   Fernanda Peres é uma atriz do terceiro escalão, vá logo para o segundo, ame o teatro, ele está em ti!!!
            A equipe técnica de Lili Inventa o Mundo trabalhou muito e houveram percalços, a sonoplastia não esteve viva, e um sonoplasta nunca deve se ausentar na mesa técnica. Douglas Maldaner (*) é muito interessado, deseja muito o teatro. Então esteja sempre ligado. Ricardo Fenner produziu a matinê, buscando coisas que nenhum outro integrante buscaria, (***) um ator que mesmo não estando em alguns espetáculos, dedica-se com méritos pelo grupo Máschara. 
                      Fabio Novelo (**) veio de longe, Barbara (**) chegou cedo, Dulce Jorge (**) correu para lá e pra cá. Todos fizeram sua parte, e a matinê foi sucesso de público pela parcela de cada um. Torçamos para que no próximo domingo seja outro sucesso.


Teatro é vida!
                                  A Rainha
                    

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