Lili Inventa o Mundo em Boa Vista do Sul - tomo 681 -102/

Quintana para crianças

                      Quem são as crianças? Que seres são esses? Nós fomos crianças, mas duvido que saibamos responder a essa pergunta. A infância vem sendo espremida pela adolescência e cada vez fica mais difícil encontrar formas de poder manter por um tempo satisfatório o espirito infantil. A adultês que vai nos transformando rapidamente, nos enrijecendo, e afastando do espirito infantil, nos torna as vezes insensíveis, práticos em demasia. Mas o universo que nos separa é muito grande, por exemplo, as crianças são desprovidas de capacidade de julgar. A criança descobre, não julga. Ela experimenta, sente, vive. Lili Inventa o Mundo é um espetáculo formidável no ato da descoberta, as crianças recebem várias informações diferentes e agradáveis. As personagens do mundo da poesia são fantásticas, coloridas, e por que não dizer complexas. 
                             Para alguns adultos, em cena está um grupo de palhacinhos, mas para as crianças há no palco heróis, vilões, bonecos, criaturas mil que não precisam ter necessariamente logica para li estar. Lili Inventa o Mundo fala de amizade, fala de sonhos, de acreditar, de enxergar as coisas com "outros olhos". 
                              No palco os atores Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza, são veteranos em Mario Quintana. Os três já fazem parte do projeto centenário de Mario Quintana há mais de três anos. Cléber por exemplo, leva Quintana ao público desde 2006. Os três já aprenderam muito a dizer. A poesia está não só em seu texto, mas em todo o seu corpo. Renato Casagrande começou um tanto tenso, tensão essa que trouxe do camarim, tensão que possui o poder de desconcentrar a equipe. O teatro é um espaço para união, trabalho de equipe, principalmente esse "terceiro teatro" que o Grupo Máschara faz. Ora, o estres tem efeito dominó, e rapidamente contagia todo mundo, assim como a negatividade e a preguiça.  Apesar disso Renato Casagrande esteve bem em cena, embora houvesse no ator um distanciamento, sem falar no efeito geleia que o mesmo vem colocando em suas cenas.
                                 La Souza anda atucanada, acelerada em excesso, o conselho é: respire e faça as coisas no tempo delas, não no tempo em que você supões que os outros atores esperam de ti. Existe uma única certeza, um bom senso que perpassa por toda a platéia e os colegas de palco. Aconteceu ou não? A cena de Rainha das Rainhas definitivamente não aconteceu. Por que? Não foi por que o texto não foi pronunciado corretamente, mas por que a atriz não fez o que se propôs a fazer. Convencer de que era uma "fada divina" trazendo bons conselhos. O público nem ao menos percebeu que havia nos braços da atriz um suposto bebê. 
                                 Já elogiei o máschara por sua versatilidade, no entanto, há de se compreender que não são semideuses, que é necessário ensaiar sim, o que não vem ocorrendo. Por isso da confusão em algumas cenas. Da correria dos atores, da preocupação. Preocupação essa que a sequencia de apresentações ou ensaios bem seguidos aniquila. 
                                        Fernanda Peres e Evaldo Goulart são propensos atores. Fernanda fez substituições em sua breve carreira. Evaldo entrou no Máschara em 2012. Atores são atores quando dedicam-se a vida teatral, quando descobrem, buscam, treinam, pesquisam. Atores precisam estar em constante busca. São operários artesãos de seu talento e de sua técnica. Sendo assim, as vezes algumas cenas correm riscos em suas mãos. Fernanda Peres anda enferrujada. A equipe deve chegar a um consenso para o melhor do todo. Evaldo vem se esforçando. E é difícil para um jovem ator,  tenho certeza, encontrar motivação diariamente. 
                                        Alguma coisa aconteceu na cena da Fada Mascarada adormecida, Cléber Lroenzoni e Renato Casagrande se entreolharam tensos,  a canção parou. Enfim, um disritmia surgiu. Falta de ensaios. 
                                      A trilha foi bem operada, ainda que por um não sonoplasta. E vou aconselhar ao Máschara que reveja o velhinho cenário de Lili Inventa o Mundo, penso que é hora de uma renovação.
                                         Lili inventa o Mundo era um dos melhores espetáculos infantis do Máschara e entendo das dificuldades que a Cia. vem passando, já que tão poucos atores profissionais temos no interior, mas é hora de guardar um pouco esse belíssimo espetáculo.


Alessandra Souza (*)
Cléber Lorenzoni (**)
Renato Casagrande (**)
Fernanda Peres (*)
Evaldo Goulart (**)
Leonardo Suscheller (**)

                                                          A Rainha

                          
                                

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