O castelo encantado-Teatro de rua 672 -tomo 87

Esse é o meu grupo...                                                                                   Por Cléber Lorenzoni

   hoje não quis esperar por críticas da rainha, quis eu mesmo dar meu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos. Será que as pessoas percebem o que vem acontecendo? Será que nesse ano de eleições as pessoas estão olhando para nossa realidade, será que as pessoas estão vendo que as coisas estão complicadas, será que alguém pretende fazer algo? A hecatombe que está prestes a acontecer, enquanto você se deixa levar por conversas e promessas politicas, nossas crianças, nossos adolescentes estão expostos a todo o tipo de bobagens, de incertezas, de descuidados. Como vai nossa educação? Como vai nossa preocupação com o futuro?
   Não sei, o que sei é que o Máschara vem há anos lutando com o que melhor sabe fazer, arte. Mais que simplesmente montar bons espetáculos, o Máschara tenta tocar as pessoas, emocioná-las, tirá-las de sua zona de conforto. Atraí-las para algo que as inspire. 
   Nas ultimas semanas o máschara esteve nas ruas de Cruz Alta com intervenções, esteve apresentando-se perante alunos da UNICRUZ e ainda levou um espetáculo infantil à rua, na intenção de "sacudir" as pessoas.
    Ao menos foi isso que eu, Cléber Lorenzoni, pretendi em cada uma dessas iniciativas. Certamente o que consegui foi muito pouco, mas se uma pessoa, uma única alma, viu a arte com outros olhos, ou se emocionou, ou se divertiu; Já terei cumprido minha intenção. 
     Nessa semana dei também algumas entrevistas, todas com a tentativa profunda de abrir os olhos de quem acompanhá-las e talvez melhorar o futuro de quem escolher fazer arte no interior assim como eu. Na UNICRUZ me senti muito respeitado por alunos, não eu, mas minha profissão, meu trabalho, minha colega atriz Alessandra Souza, que tanto esmerou-se para fazer algo bonito e digno. Como estátua viva no calçadão dois alguns dias atrás, percebi que para alguns aquilo nada mais era do que um transloucado ímpeto de um excêntrico. Para outros, algo bonito, emocionante. A sequência de ações terminou com a apresentação de O Castelo Encantado, com o ator Evaldo Goulart, de quem me orgulho muito, pois começou sua curta carreira em uma cidade muito pequena, e apesar de muitas dificuldades e ainda que tão jovem, parece contrariar felizmente todas as superficialidades típicas dos jovens atuais. Ainda o colega de vida e de palco, Renato Casagrande, que dedica-se para me auxiliar em todas as iniciativas malucas. Um jovem com seis anos de palco que rapidamente vem alcançado uma maturidade cênica capaz de fazer coisas incríveis. E Alessandra Souza, uma atriz muito dedicada que busca a cada instante vencer seus próprios limites.
        Em cena, no meio do calçadão, me senti desprotegido, frágil, quase que incapaz. Não tinha em meu socorro as coxias acolhedoras, camarim, a rotunda para onde fugir. Não havia a engrenagem teatral. Havia meu três colegas que nas ultimas semanas me ajudaram a solucionar, a "arredondar" um espetáculo tão versátil, tão vivo e tão mutável. Poucos pararam para nos ver, alguns passavam rápidos, fugiam talvez. O novo assusta. Em cena, cada colega usou suas cartas trazidas nas mangas, e a meu ver seria difícil criticar algo que é novo para o Máschara, tomar assim de assalto a rua, atrair a atenção de uma platéia tão pouco acostumada ao teatro. 
            Não sei até onde iremos, não sei por quanto tempo ainda o Máschara aguentará. Mas me orgulho de estar em cena com jovens tão esforçados e corajosos.

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