A volta do detetive Ed Mort... Nova Bassano/668


                         O que mais gosto em Ed Mort, espetáculo do Grupo Máschara, é ver em cena representantes de todas as gerações de atores do Máschara. Atualmente são sete atores em cena, e aí temos Dulce Jorge a fundadora da Cia., temos Cléber Lorenzoni da geração de 96, Ricardo Fenner do inicio dos anos 2000, Alessandra Souza e Renato Casagrande da turma de 2008. Fernanda Peres de 2011 e ainda Evaldo Goullart de 2012. Isso é muito interessante de ver, pois nos mostra a versatilidade desse elenco e a forma como o teatro acontece entre eles. O jogo é visível. As cenas do espetáculo dão chance a todos os atores de mostrarem seu talento. Uma comédia simples, fácil, que se baseia em estereótipos, e que tem grande receptividade por parte do público.
                                   O Máschara se destaca sempre pela capacidade de adaptar-se a espaços e ainda de conseguir adaptar os espaços ao teatro. O nosso detetive brasileiro é uma obra que partiu das mãos de Luis Fernando Verissimo, ganhou adaptação através de Maikel Teixeira e tomou o palco pelo Máschara em 2008.
                                  A narrativa divide-se em vilões: Rubenci-Ricardo Fenner, Bibi-Fernanda Peres, o receptor de esmeraldas-Renato Casagrande, e a "carrasca" interpretada por Alessandra Souza. E Mocinhos, Éd Mort-Cléber Lorenzoni, Baby-Dulce Jorge, Mãe Soraya-Renato Casagrande, Delegado-Renato Casagrande e as crianças- Alessandra Souza e Evaldo Goullart. Antes de qualquer análise é importante questionar-se se a historia é bem contada. Ela é, embora as vezes a dicção de alguns personagens se confunda. Os textos também são dados algumas vezes por sobre o riso da platéia. Principalmente em Ricardo e Renato. Fernanda Peres e Dulce Jorge, tem ambas grande domínio da cena, no entanto a primeira pode mergulhar ainda com mais verdade pelo mundo da vilania. Havia nessa encenação um certo atrapalhamento, Cléber Lorenzoni saiu de cena em determinado momento e voltou sem aparente motivo, e Alessandra perde algumas piadas. É preciso sempre procurar, destrinchar as piadas obscuras do texto. Renato Casagrande precisa tomar mais cuidado com sua caracterização, o figurino caiu atrapalhando profundamente sua interpretação.
                                       Não consegui ver de onde estava, o operador de som, mas atrasou todas as musicas, prejudicando os tempos. Enfim, o ritmo do espetáculo estava todo confuso, somente quando Cléber Lorenzoni adotou o disfarce de Edna, a peça pareceu tomar ritmo. Ricardo Fenner cortou alguns textos importantes e a energia não estava presente em todas as colunas. Não entendi também sua cena congelado na parede la no fundo e muito menos o que o fez descongelar. Para completar a falta de cenário empobrecia uma peça que já vi tão técnica em outras oportunidades. A trilha é elegante, mas as letras das musicas em inglês destoam em certas cenas. Os altos cômicos do espetáculo estavam fragilizados e os baixos cômicos pareciam perdidos.
                                      O público gostou, divertiu-se e pode sim aproveitar o texto de Luis Fernando Verissimo, mas é importante sempre pensar que o público na maioria das vezes, aplaude com a mesma energia o que é bom e o que é ruim. Ed Mort precisa de ensaios, precisa de treino e repetições. O que o salva é a união do grupo que se percebe da platéia.


A Rainha


Dulce Jorge (***)
Alessandra Souza (*)
Renato Casagrande (**)
Evaldo Goullart (*)
Cléber Lorenzoni (**)
Ricardo Fenner (**)
Fernanda Peres (**)

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