A Maldição do Vale Negro -663/664 - Marau

                         O Melodrama é caracterizado pelo exagero das interpretações, o gênero que se espalhou durante o século XIX, foi aos poucos dando espaço ao teatro moderno e outras tantas vertentes da arte. O que nos restou do melodrama foram os textos escritos, e várias formas de tentar explicá-lo. Caio Fernando Abreu tentou fazer uma piada, uma brincadeira em cima do tema, o que causa uma certa confusão junto à atores principiantes. O melodrama enquanto gênero deve e precisa ser encarado com verdade, com fé cênica e com respeito. Sua relação com o público está, é verdade, ultrapassada, mas nem por isso jaz sob o manto do esquecimento. Floresce ainda nas novelas, em alguns filmes e pelos palcos de alguns ousados artistas. 
                            A platéia de Marau/RS foi surpreendida por A Maldição do Vale Negro, um texto ágil, repleto de revelações e momentos farsescos. Tecnicamente falando, o Máschara compilou aí várias linguagens criando uma obra exclusiva e difícil de ser "classificada". Há na peça, recursos do "besteirol", do "pastelão", da "farsa" e etc... Assim sendo, crianças e adultos conseguem se divertir, e prova disso foi o aplauso cheio de energia ao final das duas sessões do espetáculo.
                          Na 21º os atores estavam mais ágeis, rápidos como a farsa pede. CLÉBER LORENZONI parecia querer acelerar o espetáculo. Criou e improvisou muito. O que não se repetiu na segunda inserção, quando talvez tomado pelo cansaço, parecia pesado, lento... (***)(*)Algumas ideias acrescentaram muito, como o buquê de flores, os cortes precisos, e a piada final: "Você me adiciona no Facebook?" 
                               RICARDO FENNER não esteve muito bem na primeira seção, já na segunda sua cigana estava engraçadíssima, embora, por um problema de operação nos volumes dos microfones, tivemos o tom de voz de suas personagens, um pouco acima do que o necessário. Sendo, o intérprete de Jezebel parecia estar sempre agredindo seu texto. (**)(***)
                              RENATO CASAGRANDE tem um vocação para o palco, joga de forma muito agradável e divertida, mas as vezes não percebe o ritmo caindo ou a narrativa se arrastando. (***)(**) É preciso que um ator desenvolva seu cronômetro pessoal, que aprenda a sentir ritmos, energias, tempos... para que em situações complexas posso solucionar, controlar ou apurar um espetáculo no seu decorrer.
                                      A Maldição do Vale Negro foi apresentada em um palco grandioso, com uma iluminação razoável afinada por CLÉBER LORENZONI e ANGÉLICA ERTEL e operada por FÁBIO NOVELLO (**)(***).Que embora tenha assistido ao espetáculo apenas uma vez, conseguiu efetuar um bom trabalho. ALESSANDRA SOUZA atuou junto brilhantemente atras das cortinas, conseguindo sozinha arrumar os três atores em cena. (***)(**) EVALDO GOULLART tem se mostrado a cada dia mais esforçado, mais competente e cuidadoso com suas funções, o que é motivo de orgulho, afinal ele faz parte da nova geração e muito se espera dele para o futuro do Máschara. (***)(***)
                                     O Teatro do Máschara impera por sua versatilidade, consegue chegar ao público de forma facilitada ainda que sem subestimá-lo.  


                                      Teatro é um sacerdócio! Poucos são os vocacionados.


                                       A Rainha

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