Os Saltimbancos - Andre da Rocha - tomo 22

Teatro para quem o quer...

               Mais uma incursão de Os Saltimbancos no interior do Rio Grande do Sul, dessa vez em Andre da Rocha, município próximo à Nova Prata e Marau. População pequena, desconhecedora da mise en scene, e portanto mais um potencial desafio para os atores da Cia. O espetáculo já foi muito apresentado no entanto se considerássemos que uma apresentação assemelha-se a outras, estaríamos abdicando de toda a complexidade que há por trás da interpretação. 
            Era um novo dia, após uma gama de sensações e vivencias de cada um dos membros da equipe. Durante os últimos dias muitos ensaios, mas principalmente acontecimentos novos, registros humanos novos. Cada ator sofreu, ou riu, ou chorou, jamais saberemos; mas essa gama de impressões adquiridas interferem profundamente na atuação. Elas formam o talento a organicidade do artista. 
              Essas gamas todas apareceram ao menos para mim que conheço razoavelmente bem o elenco. A composição das personagens sempre me surpreende nesse espetáculo, mas nesse dia Renato Casagrande movimentava braços e pernas bailando por entre as cenas de forma brilhante. Alessandra Souza e Ricardo Fenner vem desenvolvendo muitas coisas. Um desafio para a atriz é buscar sempre a leveza. Talvez exercícios de Laban, e grandes doses de auto crítica. Ricardo Fenner cresceu muito nesses últimos intensivos, criou partituras e em cena evoluiu deveras. Cléber Lorenzoni, embora seja perfeito no que diz respeito a técnica, não parecia inteiro. Solucionou muita coisa, cortou, acelerou, trocou de microfones e tudo em perfeita ação pelo palco, no entanto não parecia inteiro. Parecia distante, parecia preocupado demais, diretor demais.
                  O cenário adaptado não atrapalhou, mas também pouco contou... pode sim continuar sendo aquele mas precisa ser incluído, ou corre o risco de tornar-se uma barriga visual. Uma barriga visual que Grotowski certamente desprezaria.
                       Atuar com microfones não é uma solução para a falta de acústica. Atuar com microfones é uma escolha, uma aposta, e exige técnica, capacidades. Não basta pegar um microfone na mão e acreditar que o milagre da comunicação teatral acontecerá...
                      A historia foi toda reduzida, beirando a não compreensão. Claro ainda se percebe o encontro dos quatro bichinhos e sua decisão em ficar na casa, mas a parte da "casa-pensão" fica pouco clara. Deve ser bem decidido o que se busca com a narrativa. O grande mérito do dia é a capacidade do Máschara em apropriar-se de um texto, desconstruí-lo e reconstruí-lo, e isso é algo que se vê em todos os seus trabalhos.
                      Parabéns a equipe de os Saltimbancos.



Os Saltimbancos
Direção - Cléber Lorenzoni e Dulce Jorge
Elenco -
Gata Cléber lorenzoni (**)
Cachorro Renato Casagrande(***)
Jumento Ricardo Fenner(***)
Galinha Alessandra Souza(**)
músicas de Chico Buarque
Contra-regragem Evaldo Goulart (**)e Evandro Amorim (**)


                                                Teatro é vida
                                                                                      A Rainha                    



Comentários

  1. Quando me "lancei" para fazer o Jumento, no fundo eu sentia que algo me dizia que poderia conseguir fazer este papel, principalmente por ser um desafio de atuação em espetáculo como Os Saltimbancos. Ao mesmo tempo, sempre tive desejo e vontade de fazer parte de um espetáculo infantil, pois gosto muito de crianças. Sei que ainda tenho muito que aprender neste espetáculo, que até agora foi dado somente o pontapé inicial. Quando entrei em cena e percebi que o público estava atento e entrou na "onda" de cumprimentar como o jumento, me senti aliviado e pensei agora vai dar certo, e deu. Apesar das dificuldades, da estrutura ser precária, acho que aconteceu algo. Na hora da dança da gata eu senti nós quatro vivos em cena, sorria de felicidade, me deu uma sensação tão boa, me emociono em lembrar do aplauso do público no "dorme a cidade"!!! Achei ótimo estarmos juntos e que possamos continuar nos apresentando por esse mundo ai fora, com uns SALTIMBANCOS, que levam a sua arte pelos quatro cantos do pais.

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