Os Saltimbancos - Para rede super sul- 27/04/2014

Mas e o que é teatro?
             Hoje não houve teatro, o que vimos foi um show de variedades... Havia logicamente atuação, havia dança, havia canto... Mas o que é teatro? Teatro é a arte da interpretação, é o conflito, é a catarse. O teatro difere do circo por não ser apenas a arte da repetição. No teatro há o jogo, há o desafio diário, a troca, a comunicação e principalmente a transformação de algo que se desequilibra no princípio e se reequilibra no final. Um cão adestrado consegue repetir determinados números, uma equilibrista que treinou durante um, dois ou mais anos, dependendo da dificuldade de seu número, consegue atravessar uma corda esticada no ar, ou equilibrar 5 pratos em hastes. Mas e um ator, por mais que "treine" algo, está em busca do diferente, do novo desafio, é como se o ator começasse o número equilibrando cinco pratos esperando terminar o número equilibrando 10. Enquanto que para a equilibrista isso seria o fim de seu número, já que foi "treinada" apenas para os cinco pratos. 
             Via-se na cena o ator Cléber Lorenzoni tentando chegar ao público nas arquibancadas. Esse ator é certamente um grande comunicador. Renato Casagrande possui uma energia ímpar, e domina esse espetáculo como ninguém, mas esperava mais de seu cãozinho nessa apresentação. Alessandra Souza e Ricardo Fenner pareciam confusos as vezes, mas equivaleram-se. Alessandra pode buscar mais leveza e Ricardo Fenner mais percepções...
              "Os Saltimbancos", sem os textos e diálogos de interação, parece confuso, pequeno para  a percepção da platéia. Um desserviço ao teatro.  O público que nunca foi ao teatro, assiste e se pergunta por quê não está compreendendo, passa a não gostar e assim nunca mais deseja ir ao teatro. O ator  tem que compreender também sua função de agente do teatro. 
                  O espetáculo montado pelo Máschara em 2012 é muito bom, no entanto muitas coisas foram se perdendo e precisam ser revistas. Não discordo da apresentação do fragmento apenas, afinal o teatro deve estar presente sempre, seja como for. E entendo que em uma cidade como Cruz Alta, muito pouco se faz pela arte, portanto qualquer tentativa do Máschara é bem vinda. A trilha sonora nas mãos de Evaldo Goullart pode ser melhor executada. O ser humano deve buscar sim a perfeição sempre e não há melhor lugar para isso que no teatro.
                    Que a GAJUCAGA continua e melhore cada vez mais...

"O teatro é a verdade, é o grito, é a fala... Deve ser dito sempre, de forma verdadeira, honesta, livre e de acordo com a capacidade de quem está gritando, ou então será tão falsa quanto o mundo corrupto que o cerca"



                                                    A Rainha

Alessandra Souza (**)
Renato Casagrande (*)
Ricardo Fenner (*)
Cléber Lorenzoni (**)
Evandro Amorim (***)
Evaldo Goullart (**)


Comentários