Feriadão em Ibirubá- apresentação 105

O Trânsito é o estar em movimento...

O texto de Hércules Grecco subiu mais uma vez ao palco, nas mãos e no corpo do Grupo Máschara, na cidade de Ibirubá, tentando através do teatro, alertar os jovens quanto as discrepâncias pelas quais está passando nossa realidade no que tange ao ato de conviver em sociedade. Sim, por que as fronteiras do texto Feriadão vão muito mais longe que regras de sinalização ou acelerar ou frear um automóvel. A vida em trânsito é a vida em diversidade, é a vida em conflito com o espaço a sua volta. E há de se aprender a respeitar o espaço de cada um.  
O público apesar de ser de adolescentes, parece ter curtido Feriadão, riu-se muito das gag"s engraçadas das cinco crianças. Casagrande, Souza, Peres, Goullart e Lorenzoni mantiveram a assistência compenetrada e atraída por 48 minutos de espetáculo. A primeira cena passou um tanto confusa, sem ritmo, normal para um público que vinha de uma longa palestra de moldes adultos e que precisou de alguns segundos para codificar a concepção do espetáculo, as convenções. Sim, pois cada espetáculo tem um formato, uma existência, uma aparência.  
Foi uma das apresentações do Feriadão, em que mais me encantou a forma como as personagens abandonaram os atores, isto é, não se via em cena fragmento do "cavalo", do "boneco", das "carnes" que dão vida a personagem. Os atores estavam em um entrega maravilhosa, admirável. E muito viva. Renato Casagrande e Alessandra Souza usaram muito bem a coluna, jogaram com vigor. A triangulação de Cléber Lorenzoni poderia ser mais pontual. Evaldo Goullart esteve muito bem em seu Filipinho, precisa cuidar uma trancadinha que vem dando em cena, quase uma gagueira, mas a personagem do vovô apareceu mais redonda nas cenas. O que ainda parece estouvar o ator em seu crescimento é uma escolha pela expressão exagerada que nasce não do interior, mas da expressão facial. Isso pode ser perigoso para o ator já que corta o caminho sem passar pela emoção...
Fernanda Peres esteve mais madura em sua Serenita. É muito legal já que o ator está sempre se reconstruindo. Uma personagem boa, estagnada, não acrescenta. O teatro é o reflexo da vida, a imitação da vida. A vida exageradamente jogada na sua cara. Para ser percebida, analisada, debatida. Portanto não há como não transformar-se a cada dia.
Fabio Novello que há pouco mais de dois meses juntou-se à Cia., tem sido de um acréscimo indispensável ao grupo. Soma-se à sua capacidade como ator, uma facilidade de perambular por todos os segmentos do teatro. Realmente um homem de teatro.
Que Feriadão continue sendo apresentado e muito. De várias funções do teatro, ajudar a sociedade a sobreviver em meio a nosso trânsito caótico, é no mínimo digno de aplauso.


Alessandra Souza (***)
Renato Casagrande (***)
Cléber Lorenzoni (**)
Fabio Novello (**)
Fernanda Peres (**)
Evaldo Goullart (**)
Evandro Amorim (**)


                                                   A Rainha

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