IIª Matinê do Máschara


619 - 86 O Castelo Encantado

“Existem duas tragédias, uma é não conseguir, a outra conseguir”.  Oscar Wilde

               O teatro é sem dúvida a arte do inesperado, não é matemático como a dança ou como a própria música. Claro que ambas tem alma, mas o teatro é inesperado, tanto para o público quanto para o próprio ator.
                Cruz Alta continua sem salas para  espetáculos, por isso ontem fui ao clube internacional assistir a 2ª Matinê do Máschara. Tudo ajeitadinho , como é típico da Cia., coxias, fundo escuro, cenário bem acabado, embora aqueles pés dos pedestais aparecendo me incomodem profundamente.  Colchonetes no chão para as crianças (gentileza do SESC) e público de 67 pessoas. Bom público para o teatro, bom público para o teatro em Cruz Alta, bom público para a matinê.
             A plateia era plana, o que prejudicava um pouco a assistência, mas felizmente não havia muitas cenas em plano  baixo. O texto da vez era O castelo Encantado, uma pequena homenagem a obra infantil de Erico Verissimo, escritor imortalizado por sua obra adulta e menos conhecido pelo seu passeio pelo universo dos pequenos.
               Em cena um elenco dividido em dois grupos. O primeiro carregava o espetáculo, ao menos era o que se pretendia. O primeiro grupo aparecia, destacava-se, se não por talento,  então pela própria narrativa. Esses três atores já são conhecidos de longa vivência em espetáculos infantis. A protagonista estava direitinha, mas não carregava o espetáculo. O destaque mesmo foi para o versátil ator que arrancou rizadas com o “comissário de bordo” e o elefante Basílio.  Uma dica para o outro ator desse primeiro grupo:  No teatro quando se pensa que se sabe tudo em determinado mote, é hora de traçar caminhada em novo mote...
           O segundo elenco  era disposto em: Porquinho amarelo, apresentadora do circo e Rafael. Três jovens atores que não reconheci de outros espetáculo, mas que precisam de mais ensaio e segurança.
O espetáculo foi curto, rápido demais, as vezes gritado e por muitas vezes confundi-me na trama. Senti falta de um personagem  que me conduzisse. Calma Rosa Maria, calma, pausa, silêncio, triangulação e tempo.
O cenário funciona bem, os retalhinhos saem dos figurinos e penduram-se nas cortinas. Os figurinos são um primor e as mascaras compõe bem, embora alguns atores não saibam carrega-las. Não basta por uma mascara no rosto, é preciso extrair vida delas...
             A equipe técnica e a produção deram tudo de si e seria errôneo de minha parte não dar três estrelas a Luis Fernando Lara. A execução da trilha beirou o fracasso, as musicas não apareceram no espetáculo, nem as eletrônicas, nem as humanas.  Eu realmente não compreendi a musica final, não entendi o objetivo pela primeira vez no Máschara, havia uma musica vindo do rádio e outra da boca dos atores. Por favor o que foi aquilo? Só não direi que a situação acabou com o espetáculo  por que isso já havia acontecido a partir da terceira cena.
           O Castelo Encantado é sem duvida um rascunho de Lili Inventa o Mundo e há duas sugestões : Arrumem-no, consagrem-no ou então enterrem-no logo. Dessa apresentação ficou comigo além do belíssimo visual, a falta de ritmo, a discrepância nas atuações e a patada da morte.

“Não da para ser o melhor sempre...”
Dá sim, basta desejar e os olhos fechar!


A rainha


Renato Casagrande **
Alessandra Souza *
Cléber Lorenzoni**
Roberta Corrêa *
Fernanda Peres *
Evaldo Goullart **
Luis Fernando Lara ***
Gabriela Oliveira *
Dulce Jorge **

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