Feriadão 99- apresentação 617 do Máschara

                As gerações passam, a sociedade evolui, nossas inter-relações mudam, e o mundo torna-se tecnológico, no entanto um grupo de crianças brincando dentro de um sótão será igual durante milhões de anos. Assim começa Feriadão (2002) espetáculo escolhido para abrir a 1ª Matinê do Máschara. Casa lotada, ambiente agradável, assentos confortáveis. E principalmente, crianças sendo postas em contato com a arte, com o teatro. O Teatro pode sim mudar o mundo, mudar a sociedade, ajudar o homem a questionar-se, a mudar coletivamente a sociedade ao seu redor. O teatro auxilia na construção de um ponto de vista, desenvolve a personalidade. Crianças que frequentam o teatro não se tornam adultos medíocres. 
                       O texto de Hércules Grecco, escrito em 2001, passou por várias mudanças e adaptações, claro um espetáculo com dez anos de estrada acaba sofrendo várias influências, mudam atores, mudam conceitos. O que fica é o interesse em falar dos direitos de cada um, da mobilidade das pessoas e finalmente  dos perigos do trânsito. 
                          O espetáculo é animado, não muito longo, divertido e arranca boas risadas também dos adultos que visualizam seus pequenos nos atores em cena. Frédi, Serenita, Faísca, Luisinho e Filipinho brigam, brincam, se aborrecem, se desentendem, fazem as pazes, tudo com aquela rapidez típica das crianças. Não há rancores, nem tristeza que perdure. Tudo tem o tempo breve de uma brincadeira. 
                        Não é exatamente um musical, mas as canções com letra de Hércules Grecco e musica de Leonardo Diaz, envolvem a platéia delicadamente. Ocorreram alguns pequenos desajustes nas marcas, atores meio imprensados entre cenários e colegas espaçosos em cena, tudo claro causado pelo espaço pequeno, nada que coloque em risco o aproveitamento. A ideia das oferecer as crianças colchonetes para que possam sentar-se no chão torna o momento aconchegante, caloroso e atrai ainda mais para o palco. Enfim o Máschara sabe certamente fazer teatro e torná-lo atraente ao público. 
                             Cléber Lorenzoni (**) continua com sua facilidade em transformar-se rapidamente, pensando sempre em triangular tanto com as crianças quanto com os adultos sem prejudicar a compreensão do espetáculo. Alessandra Souza (***) pontua muito bem as cenas, corre atras do jogo e nesta apresentação esteve muito bem, nos dando uma Faísca coesa e divertida. Fernanda Perez (**) é atraente demais em cena e consegue adaptar-se facilmente a tudo a sua volta. Renato Casagrande (**) é um ator responsável, dedicado e está se tornando bastante ousado, Precisa apenas melhorar a afinação nas musicas já que tem ótimo volume e sua voz se destaca. Evaldo Gullart   (**) é o mais jovem talento do Máschara, jovem em idade e carreira. Já mostrou que tem facilidade em adaptar-se à partituras de terceiros. Em Lili destacou-se mais é verdade, no entanto o pouco tempo que a equipe teve para ensaiar Feriadão, nos revela a capacidade do ator. 
                             Uma pena o espaço não nos oferecer capacidade para uma boa luz. A trilha em verdade são os atores cantando e o fazem razoavelmente bem, embora 80% do elenco deva investir em compreensão musical. Agora ficamos ansiosos esperando pela segunda edição da Matinê em abril.

Roberta Corrêa (**)
Luis Fernando Lara (**)
Gabriela Oliveira (***)



A Rainha.

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