A Maldição do Vale Negro - Garibaldi nov/2011

O Erro e o acerto

                       Teatro é algo muito complexo. Ninguém mede talento, não há certo e errado, digo sempre que o que o rege é o bom senso... Mas enfim, quem pode culpar ou julgar o mal senso? É difícil comandar o trabalho de atores, há sim o diretor, mas uma vez na cena, o ator é senhor de suas ações, o ator pode salvar, ou destruir um espetáculo. 
                      E por isso o teatro é inigualável, um jogo indescritível, um equilibro, uma ação as vezes confusa para os leigos, um misto de sentimentos, uma fogueira de vaidades, com seus limites próprios impostos a cada novo espetáculo. Na verdade o que mede a sagacidade, o talento, o sucesso de um espetáculo, é o público, no entanto, o público as vezes não é muito exigente, e por tanto, aplaude sucessos e fracassos com a mesma energia e calor. 
                        Eis portanto a função do crítico, tentar guiar o olhar dos atores quando eles começam a guiar cada um sua atuação para um lado diferente da visão do diretor... ou do tal bom senso! A Maldição do Vale Negro apresentada em Garibaldi, encheu os olhos da platéia formada por alunos e professores. Os atores estavam contundentes em suas atuações, explosivos como a comédia deve ser, e arrancaram gargalhadas. No entanto a falta de ensaio ocasionada pelo grande número de espetáculos que formam o repertório do Máschara, acarretaram algumas desnivelações com a base do trabalho. 
                          Esquecimento de texto, exacerbações nas atuações. Ricardo Fenner pesou demais a energia  nas primeiras cenas, o que pôs em risco toda a medida do espetáculo. Isto é, a curva dramática já começou muito em cima, como mantê-la em um espetáculo de uma hora e meia? Gabriel Wink encarna três personagens, mas precisa de muito virtuosismo para carregar tantas personalidades diferentes. Alguns textos  se perderam, e preciso dizer ao jovem ator que cada cidade, cada grupo de pessoas tem sua própria cultura então piadas que funcionam em um dia, podem não funcionar em outro, não cabe ao ator cortar textos com a desculpa de que o fez por que determinadas piadas não funcionam! A equipe de contra-regras precisa comandar sim a caracterização dos atores, que precisam dedicar-se a atuação. Então lenços virados, sapatos trocados, vestidos abertos, nada disso pode ser tolerado. Quanto a equipe técnica, luz estourada, sombras, iluminação expressionista não pode ser permitida em uma comédia como essa, ainda que tenha sido um descuido. O retorno do som pirando os atores que começam a gritar pois pensam que o público não os escuta, não se remedia quando após o espetáculo lhes é informado que o público os estava escutando. Precisavam durante o espetáculo, de segurança. O melodrama se caracteriza por grandes revelações, momentos de tensão, e a sonoplastia auxilia, sublinha  isso com temas e sons. Contudo o tempo desses sons foi burilado pela pessoa que administrou o aparelho, resumindo assim as reações dos atores há tempos muito curtos, que tiravam a graça da gag.  
                    Cléber Lorenzoni, Gabriel Wink, Ricardo Fenner ainda improvisaram muito, jogaram,  o que nos comprova o quanto são bons atores, mas precisam sim ensaiar muito, pois não são Deuses sobre humanos, o organismo esquece de movimentos corpóreos e de textos.  
                             A Maldição do Vale Negro é um dos melhores trabalhos do Máschara e para continuar assim precisa que todos tenham humildade para exercerem suas funções. 
                              À Intérprete de Rosalinda só posso declarar três estrelas, por sua eloqüência, criatividade e ritmo interno. À Gabriel Wink e Ricardo Fenner, embora tenham sido maravilhosos em cena, dedico-lhes uma estrela apenas, para que retomem seus textos e ensaiem mais, para que sejam sempre ótimos atores, nesse e em outros trabalhos. À equipe técnica também uma estrela apenas, afinal os atores ficam a sua mercê, dependem deles e determinados equívocos não podem se repetir. À contra-regragem, duas estrelas, fizeram praticamente o que se esperava, mas me questiono, fazer com louvor o que é esperado é sempre bem vindo, fazer o mais, os destaca! Desejo sempre ao Máschara o melhor, o perfeito, é isso que faz todos admirarem sempre seu trabalho.


                        A Rainha


A Maldição do Vale Negro
Direção: Cléber Lorenzoni
Elenco: Cléber Lorenzoni, Gabriel Wink e Ricardo Fenner
Operador de som: Angélica Ertel
Operador de Luz: Luis Fernando Lara e Angélica Ertel
Contra-regragem- Alessandra Souza e Renato Casagrande

            

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