Entrevista feita por Cristiano Lopes para o blog da Imperatriz


 1- conte um pouco o processo de produção da coreografia
Bom, a gente começa sempre em janeiro, com atores do Grupo Máschara , que são também bailarinos, e inclui alguns membros da comunidade, que vão dar uma injeção de garra para defender a escola. A partir do tema que a escola se propôs a trabalhar na avenida, eu e meu parceiro, Gabriel Wink, criamos o desenho da movimentação, e após debater com o carnavalesco e diretoria da escola, desenhamos também as fantasias. Isto é, depois de tantos anos temos carta branca para fazer o que acharmos mais conveniente. São quase sete dias por semana de ensaios, não aceito apenas uma coreografia bem ensaiada, quero também expressão facial e alma na avenida. Como nem todos os integrantes são artistas da um pouco de trabalho até que fique interpretativa. 


2- quais os anos e o que representou a comissão de frente nos desfiles da Imperatriz
Bem tudo começou em 2004, ano em que a Imperatriz homenageou a UNICRUZ, a convite do Thiago Amorim desfilei na comissão de frente, nesse ano ainda não havia a participação do Máschara.  Em 2005, não houve carnaval na avenida, apenas uma representatividade em frente a prefeitura, ai sim participei com o Máschara e fizemos uma coreografia reprisando o samba da UNICRUZ. Em 2006 voltamos a desfilar no Sambódromo Mestre Vidal, nesse ano ainda desfilamos em mais duas agremiações. Levamos para a avenida os navegadores em busca de um mundo melhor. Nese ano participaram da comissão de frente cinco integrantes. Em 2007 foi a vez do "Casamento do Leão com a Imperatriz" Eu fazia a Imperatriz. eram cinco casais, todos integrantes do Máschara. Em 2008 foi o ano em que a Imperatriz cantou "Espanhóis e Portugueses"... Foi a primeira vez que a Imperatriz teve uma alegoria na comissão de frente, era uma capela, de onde saíam os bailarinos. Em 2009, Gremio e Inter trouxe a avenida os cupidos do futebol, era uma coreografia divertida, onde os anjinhos jogavam flechas imaginarias no público, a alegoria era uma bola gigante que também podia representar o planeta. 2010 foi o ano da curiosidade, a comissão de frente representava a serpente do paraíso e Adão e Eva. Os bailarinos trabalharam uma figura da mitologia indiana, em um gestual que foi muito aplaudido. Finalmente 2011 com a procissão do sírio de nazaré, trazendo o andor com Nossa Senhora Aparecida, e ainda os bailarinos levavam às mãos, uma peneira representando o seringueiro que encontrou a imagem da padroeira do Brasil.


3- como o grupo se sente representando a comissão de frente de uma escola tetra campea?
Na verdade nossa alegria é por termos sido escolhidos pela Imperatriz para sermos a comissão de frente da escola. Costumo dizer que fazemos pensando antes da pontuação ou dos premios, no público, que é como agimos no nosso grupo de teatro e por isso suponho que tenha dado tão certo. Antes do Júri e da nota, vem toda a platéia sentada na avenida que pagou para ver algo que fique registrado em sua memória durante o ano inteiro. Claro que por estarmos tão ligados a escola vemos a garra com que se trabalha e por isso acreditamos que ser campeã tantas vezes é completamente merecedor.



4 - fale um pouco sobre o grupo maschara
Bom, são 19 anos completados agora em Janeiro. Poderia dizer milhares de coisas, mas acredito que o mais importante é que assim como a Imperatriz da Zona Norte, nosso grupo tem uma historia de garra e de conquistas batalhadas. Para se fazer teatro no interior é preciso vencer um leão por dia. Lutar com a falta de apoio, com a descredibilidade das pessoas, com a ignorância. Mas o teatro vem conquistando seu espaço e espero que as pessoas que nos aconselham a irmos embora para centros maiores para fazermos sucesso, compreendam que fazemos teatro aqui por que acreditamos em nossa terra, fazemos por elas, para elas, e continuaremos fazendo, em troca pedimos apenas que assistam nossos espetáculos, aplaudam quando gostarem e critiquem quando não gostarem. A arte é maravilhosa exatamente por ser democrática. E uma cidade melhor é feita sim com cultura, com o brilho e a beleza do carnaval e da arte.

Cléber Lorenzoni diretor do Máschara

Comentários