Diário de Bordo VIII - Lili Inventa o Mundo em Três de Maio

Quantas crianças ficam embasbacadas pelos palhaços, pelo artista, pelas formas e cores da arte. Quantos meninos gostariam de ser bailarinos, mas não podem por convenções prosaicas de seus pais. Quantas jovens gostariam de ser atrizes, mas se aquetam em seus deveres de esposas e mães. Quantos jovens talentosos músicos, abriram mão de suas ideologias e se frustraram em suas profissões rentosas... Quantas donas de casas assistem televisão nostalgicamente lembrando de quando sonhavam em brilhar, não sob o aplauso, mas sobre a arte em si mesmas...


Ah! Quão triste é impedir uma criatura de seguir sua natureza. Essa castração, extirpação de talento. “A vida é sim para ser sonhada”, mas as pessoas precisam ter certeza e o direito de correr atráz de seus sonhos. E seus sonhos infelizmente não são os sonhos de seus pais. Pois ninguém nasce destinado a percorrer o mesmo caminho que outrem.

Hoje fiquei “só analisando” o elenco de Lili Inventa o Mundo, o público infantil e o público de professores. E “me desliguei”. Havia no olhas dos “pimpolhos”, um brilho, uma melodiosa confusão entre, o que viam e o que pensavam. Havia pontos de interrogação no ar.

A arte é realmente mágica... Uma cortina, alguns atores maquiados e faz-se todo um universo, de sonho, de magia.

Mas o que queriam todas aquelas pessoas¿

Quantos daqueles jovens nunca haviam assistido teatro, como puderam viver até ali sem aquele milagre¿ E como os adultos, seus tutores naturais, permitiram que eles vivessem sem aquele milagre¿ Após o espetáculo, crianças e atores reuniram-se no refeitório e havia tanta curiosidade, tanta ansiedade, tanto brilho, causado por 50 minutinhos de espetáculo.Oh Deus! Como podem algumas pessoas serem privadas disso?

Uma vida não é apenas para ser vivida, ela precisa ser sonhada. Mas de que adianta sonhar se os que estão a nossa volta não nos permitem...

Hoje fez-se a luz. Sob o palco, gana, ritmo, cadencia motora, musicalidade... Som e Fúria e o silêncio.

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