sábado, 11 de outubro de 2025

Passando para lembrar que o Natal vem aí!


 

Os mortos de Antares, não param, em outubro tem muito O Incidente, por aí!


 

Elenco 2025


 

O ator Douglas Maldaner, que viverá José, no Auto de Natal de Alegrete- Para todos os povos, para todas as raças


 

Autora Serquevitio, recebendo das mãos de MArgareth Medeiros o troféu de atriz revelação no 4º FesTeatro


 

Premiados do Festeatro em close especial


 

A jovem atriz Ana Clara kraemer maquiando uma das alunas no Festeatro


 

Alunos da EMEF Castelo Branco se destacam, dois irmãos premiados no Festeatro




 

Uma geração vai, outra geração vem- Alunos que interpretaram os sete mortos em escola de Carazinho


 

O mortos de Antares


 Foto: Alexandre Giacomini

Performance As mulheres do Tempo e o Vento


 

Alunos da EMEF Castelo Branco interpretando personagens de O Incidente


 

A divisão do reino - Rei Lixo


 Foto de Alexandre Giacomini

Dona Flica na Fenatrigo com suas amigas


 

Viagem a aurora do Teatro- Texto de Kleberson Ben para o Festeatro

 

(Dagoberto entra, olha ao redor, encontra algo coberto pelo pano e se surpreende, ele faz umas micagens atrás do palquinho e sai pelo lado, junto com ele ou atrás dele sai um palhaço que começa a imitar ele, dago se dá conta do ser e acaba se assustando)

Dago- Ah!!!

Palhaço- (se assusta junto)

 Dago e Palhaço- ei você quer me matar do coração?

 Dago e Palhaço- Para com isso! Para de me imitar agora!!

 Palhaço e dago- Eu não tô te imitando

 Palhaço - (pisa no pé de dago) Chega disso seu garoto!

 Dago- Aiaiai! Pra que fazer isso seu palhaço?

 Palhaço- Por que eu posso, ou você não sabe que no teatro tudo é possivel?

 Dago- No teatro tudo é possivel?

 Palhaço- Sim! a gente pode dançar pular cantarolar, pode ser velho ou bebê, herói, vilão rei, soldado, uma bruxa ou até uma fadinha

O Prometheu Junior Lemes, voluntário em benfeitorias no Palacinho- Sede do Grupo Teatral Máschara


 

Atores e professores do Máschara, abrem o 4º FesTeatro


 

Alunos da ESMATE BABY em performance As mulheres do Tempo e o Vento


 

As jovens Ana Leticia e MAnuela Cadonoti recebendo seus troféus de Melhor Atriz Coadjuvante


 

Nossa Duquesa Serquevitio


 É hora dessa dedicada atriz subir de status, Antonia Serquevitio vem crescendo e se destacando cada vez mais na historia do Máschara.

Peça teatral do Núcleo de Arte e Cultura da Prefeitura de Cruz Alta


 

Felipe Brandão, Troféu Participação Especial no 4º Festeatro


 

O jovem Kleberson Ben , recebendo das mãos de Fernando Trentini, o troféu de Melhor texto no FESTEATRO


 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Premiação 4º FesTeatro

 

MELHOR TRABALHO ARTÍSTICO

Viagem à Aurora do Teatro

• Os Moradores do Castelo - VENCEDOR

O mistério do Som que veio do jardim

 

MELHOR ATOR

Douglas Costa -  Por:  A viagem à Aurora do Teatro

•Ravi Dantas - Por: Os Mosqueteiros e o Roubo do Sono - VENCEDOR

Arthur Machado - Por: Os Mosqueteiros e o Roubo do Sono

 

MELHOR ATRIZ

Giovana Rangel - Por: Os mosqueteiros e o Roubo do Sono

• Tayla Plautis -  Por: Rosa Maria em Busca do Mágico - VENCEDORA

Mariani Gamsti - Por: Os Moradores do Castelo

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Danino Schefer - Por: Ferdinanda em: A Viagem

Pietro Silva - Por: Ferdinanda em: A viagem

•Erick Ramires  - Por: Histórias de Terror do Vovô Érico - VENCEDOR

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Isabella dos Santos - Por: A Viagem à Aurora do Teatro

•Ana Letícia Silva - Por: Notas de Amor - VENCEDORA

Ketlyn Duarte - Por: Ferdinanda em: A Viagem

•Manuela Codinotti - Por: Rosa Maria em Busca do Mágico - VENCEDORA

 

MELHOR ATOR REVELAÇÃO

Joaquim da Silveira - Por: Trancados no Sótão

Lucius Costa Beck - Por: Trancados no Sótão

•Miguel Santos - Por: A Fuga dos Três Porquinhos - VENCEDOR

 

MELHOR ATRIZ REVELAÇÃO

Isabela da Costa - Por: Notas de Amor

•Aurora Maldaner - Por: Trancados no Sótão - VENCEDORA

Ana Luiza Paim - Por: A turminha do Érico

 

MELHOR CONJUNTO DE ATORES

Os Mosqueteiros e o Roubo do Sono

Os Moradores do Castelo

•O Mistério do Som que Veio do Jardim - VENCEDOR

 

 

 

 

MELHOR TEXTO ORIGINAL

•Kleberson Ben e Roberta Teixeira - Por: A viagem à Aurora do Teatro - VENCEDOR

Kleberson Ben e Roberta Teixeira - Por: Notas de Amor

Kleberson Ben e Ana Clara Kraemer - Por: Histórias de Terror do Vovô Érico

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Clara Devi e Carol Guma - Por: Ferdinanda em: A viagem

•Carol Guma e Renato Casagrande - Por: Os Moradores do Castelo

 

MELHOR APARATO TÉCNICO

Kleberson Ben e Roberta Teixeira - Por: A Viagem à Aurora do Teatro

Clara Devi e Carol Guma - Por: Ferdinanda em: A viagem

•Carol Guma e Renato Casagrande - Por: Os Moradores do Castelo

 

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

•Felipe Brandão - Por: Notas de Amor

 

MELHOR PRODUÇÃO

A viagem á Aurora do Teatro – Kleberson Bem e Roberta Teixeira

•Os Moradores do Castelo – Carol Guma e Renato Casagrande

Carol Guma e Ravi Dantas em As Mulheres do Tempo e o Vento- Performance dos alunos da ESMATE BABY


 

De Carol GUma - Os mosqueteiros em O Roubo do Sono


 

Ferdinanda em A viagem - De Clara Devi


 

Equipe organizadora do FesTeatro


 

A Fuga dos TrÊs Porquinhos - Festeatro- De Kleberson Ben


 

Rosa MAria em Busca do Mágico - Kleberson Ben -


 

Esquete - A Turminha do Erico de Clara Devi


 

Gabriel Ben em O Castelo Encantado


 

Dona Flica palestrando entre as crianças do FesTeatro


 

A aspirante atriz Aurora Serquevitio recebendo seu troféu de Atriz Revelação no FesTeatro


 

Emoções do 4º FESTEATRO


 

domingo, 5 de outubro de 2025

1265 - O Castelo Encantado - Alegrete - (TOMO 142)

Um espetáculo infantil com cara de performance. 

                  Tudo funciona perfeitamente enquanto há gente perfeita funcionando. O Castelo Encantado foi se transformando desde que o assisti pela primeira vez em maio de 2005. Lá, sete contadores de historias abriam o palco dentro de uma carroça, suas roupas eram retalhinhos, que acentuavam o fato de a narrativa ser uma união de vários retalhos de historias. O tempo passou e hoje O castelo Encantado é reflexo de muitas coisas, muitas outras historias, muitos artistas pelos quais por ali passaram, muitos novos adereços, criados pelo Palacinho do Máschara. Na cena vou recordar das dezenas de pessoas, artistas, iniciantes ou não, que já fizeram parte do espetáculo: Cléber, Alexandre, Lauanda, Kelem, Liliam, Miriam, Gelton, Tatiana, Rafael, Angélica, Gabriel, Alessandra, Roberta, Cristiano, Fernanda, Luis Fernando, Fabio, Raquel, Gabriel, Bruna, Pâmela, Antonia, Nilton, Evaldo, Douglas, Kauane, Vagner, e talvez outros que eu tenha esquecido. Todos eles com suas verdades, Todos eles contando e recontando um espetáculo que é mutável, vivo, vibrante. Quando o bonequinho de marionete surgiu sobre a cortina eu pensei: Pronto, um novo espetáculo está surgindo. 
                        O Máschara se reinventa, e me emociona a cada novo momento. 
                       Falemos então dessa inserção, escura, pouco iluminada. Atores preparados, ritmo interessante. Alguns detalhes chamam a atenção pela falta de cuidado. O ursinho não deveria estar sem luvas. Rosa Maria precisa pensar nos limites da personagem: Quando a cozinheira caiu, a improvisação não soou bem, na cena dos porquinhos Rosa Maria pareceu mais uma menina birrenta que quer vencer os porquinhos do que uma menina curiosa e feliz em estar no Castelo Encantado. Já na cena do Elefante, um conflito de diálogos que deveria ser: - Eu queria ser uma barbuleta...
                          - Barbuleta?
                          - Daquelas que voam lá no céu...
                          -Você não é meio grandinho para ser uma barbuleta?
                          -Ah, você não precisava ter me lembrado disso...
O texto que saiu no entanto, misturou insetos, e questionou de certa forma o sonho de Basilio. Rosa Maria deve ser como uma menina que encontra pela primeira vez uma aula de teatro, curiosa, feliz, empolgada e principalmente, gentil!
                            Quando Rosa volta, e conversa com o Duende, não deve perguntar se ele que ser borboleta, esse não é o sonho dele. Ela apenas conta feliz que Basílio virou borboleta. O duende não fica chateado com isso, apenas não acredita. Então Basílio entra bramindo, o anão se emburra e Basílio dá sua fala. Ninguém deve ficar feliz com o mal acontecendo aos outros. Essa é a maior característica do espetáculo. 
                            Ao fim do espetáculo outro problema de comunicação que reflete falta de estudo e ensaio: - Conheci vários seres incríveis. O FERNANDO
                          - Capitão Tormenta!!!!
                          - O Ursinho com música na barriga...
                         - E o RRRRRRRRRafael!
                          -Conheci também os três porquinhos...
                          -Super Leitão...
                          -E o elefante Basílio
                          -(bramido)
                            Esse trecho todo é tão importante quanto qualquer outro e os atores parecem fazer de qualquer jeito. Claro, há corpo, há energia, mas falta cuidado nos detalhes. As expressões de Gabriel Ben foram ótimas e Antonia Serquevitio deve colocar mais volume.
                           Parabéns à cena dos três porquinhos, foi sem dúvidas a melhor. 
                             Atenção, não se iludam ou se corrompam, pelas risadas do público adulto que admira vocês, são as crianças que darão a verdadeira temperatura do espetáculo.
                              Lembrar de não esquecer detalhes, conhecer melhor o texto, auxiliar na hora da montagem, se esforçar. 

Arte é vida

A Rainha



O Castelo Encantado
Texto e Direção - Kleber Lorenzoni
Elenco:
               Kleber Lorenzoni
               Ana Clara Kraemer(*)
               Renato Casagrande
               Clara Devi (*)
               Antonia Serquevitio (**)
               Gabriel Ben (*)
               
Contra regragem : Roberta Teixeira (**)
                              Junior Lemes (***)
                              Felipe Brandão (*)
               
                
                                      

Vultos de Santa Fé


 

Ana Clara Kraemer como Rosa Maria


 

Programação 4º FesTeatro


 

Clara Devi em O Castelo Encantado


 

O Castelo Encantado - Os três porquinhos pobres


 

1264-Esconderijos do Tempo - Alegrete - (tomo 95)

                              O espetáculo Esconderijos do Tempo aproxima-se da centésima apresentação. Apesar de mudanças significativas, trocas de elenco e viagens por diferentes tipos de palcos, consegue manter o mesmo clima da estreia. Ao descerrar as cortinas, (sei que não havia cortinas) mas quando soa o sinal, criado por Molière a mais de trezentos anos, é como se um lindo cortinado vermelho desce espaço a narrativa que se segue. Uma narrativa que poderia chamar-se Adágio para Mario Quintana, talvez pelo fato do Espetáculo conter dois adágios, talvez pelo ritmo das cenas e pela energia dos atores. 

                               Clara Devi esteve belíssima(**), ainda que um pouco acelerada para um adágio. Serquevitio pareceu conter demais as emoções; Ana Clara teve um lapso; Casagrande arrastou um pouco sua cena e Lorenzoni pareceu desconcentrado. Sabe o que isso nos lembra? Que teatro é sempre uma arte viva. Que existe um texto, uma dramaturgia, existe as rubricas de um diretor, mas principalmente, existe a energia humana verdadeira, no momento do espetáculo, e essa meus queridos, ah! essa é única. Por isso é importante estudar tanto. Estudar a humanidade da plateia e dos atores. Dominar essa humanidade. Aprender a arrebatá-la. 

                              Quando a luz caiu, percebi o clima de frustração que emanava da coxia, os pequenos sinais, e finalmente a desconcentração. Problemas técnicos tendem a reverberar nos grandes atores, aqueles que estão atentos a tudo, que tem noção do todo. E deve ser assim, para que eles saibam como se solucionar. Já vi atores em espetáculos, que ao cair a luz, continuaram atuando normalmente e não foram capazes de mudar de lugar no palco. Amadores...

                               As soluções criadas pela direção, resolveram muitos dos problemas enfrentados por uma encenação que ocorre em um espaço tão pequeno, para um espetáculo de médio para grande porte. Um dia faremos as pessoas entenderem qual a função do diretor, e que sem ele não há nada. É o diretor quem une tudo: talentos, pontos de vista, possibilidades cênicas, figurino, luz, trilha, capacidades técnicas e humanas, referências, texto e depois adapta para cada novo palco... 

                             Esconderijos do Tempo entrega o bolo no inicio, antes da refeição. Seu prologo é tão funcional que você já sabe que Mario Quintana morrerá. Basta ter um pouco de sensibilidade, para saber que o aquele painel ao fundo, será palco para grandes emoções. Pena que a luz geral não apagou juntamente com o lampião. Esse impacto rápido, ajuda a gente a sentir a morte de Quintana, seu descansar. Dulce Jorge é uma pintura cênica, uma atriz delicada e precisa. 

                              Gabriel Ben (**) estreou como anjo, em um papel no qual nos acostumamos a ver Casagrande por muitos anos, foi bem feito, mas é preciso investir na força contrária que certamente virá com o tempo. Ana Clara Kraemer (**) foi muito imponente quando declarou a morte do peixinho, qual sacerdotisa, precisa acalentar a informação final do bife. Felipe Brandão (**) deveria ter entrado ainda quando Lorenzoni, que felizmente não acendeu o cigarro, está mexendo nos bolsos. Este tem que se surpreender com as batidas dos chutes do menino, são os chutes que fazem Mario voltar o olhar. 

                                 O Adágio é um estado de espirito.  Uma forma de fazer música. A Paixão e Morte de Mario Quintana, pela vida, pela existência... O menino de aquário faz um  acordo com a morte quando ela cruza o palco, (sei que Kleber não gosta que use o termo morte e sim espectro), e assim, Mario aceita assim como Virgínia Wolf, a morte em sua existência. Ainda que Lorenzoni faça esforço para manter o Parnasiano, o Quintana de Esconderijos nos leva ao estilo modernista, o que fica é a percepção de que o ordinário pode ser extraordinário. O lampião de esquina, o brumoso mundo das lendas, a musa do tempo, os anéis de saturno, o defunto que rói as velas, ou a morte, semelhante a um céu enorme que vai ficando escuro e " a gente nem percebe que era o fim"... 

                               Parabéns ao tom cômico que Casagrande consegue trazer para a cena, e para Lorenzoni quando mergulha em uma dor profunda, que arranca lágrimas até dos menos crédulos, inclusive adolescentes. Parabéns a dedicação do artista Junior Lemes, ainda que a questão da luz tenha fugido às suas mãos.

                            Ao final do espetáculo, Lorenzoni fez uma verdadeira homilia, sobre posturas, tanto do público, quanto dos atores. Um momento importante, quase tão importante quanto o espetáculo. Os artistas muitas vezes criam regras, signos, fórmulas, dogmas, mas não se dão conta que o público não tem como conhecer todas essas regras, então é preciso ensinar. Claro que precisamos que o público esteja interessado em aprender. 

Arte é Vida



A Rainha


Esconderijos do Tempo

Texto e direção Kléber Lorenzoni

Elenco: Kléber Lorenzoni

              Clara Devi

              Dulce Jorge

              Renato Casagrande

              Antonia Serquevitio (**)

              Gabriel Ben

              Ana Clara Kraemer

              Felipe Brandão

     

Contra regragem : Roberta Teixeira (***)

                              Junior Lemes (**)

             


 




Dona Flica interagindo com amigas na FENATRIGO


 

O Ator Renato Casagrande em "act" de Menandro Olinda


 

A chegada... O Incidente




 

sábado, 4 de outubro de 2025

1263-O Incidente (tomo 94)

                 
                  Nós somos reflexo de nossas ações, de nossos sacrifícios, de nossos desafios, escolhidos por nós mesmos!


                  Quando Shirley Terezinha abriu o espetáculo O Incidente, ela disse: Boa Noite! Naquele instante viajei para muito longe, viajei para uma aula que presenciei a muito tempo, ministrada pelo Máschara, em um dia que levei minha neta para tentar fazer teatro. Sentada a um canto eu me recordo de quando o professor fez um paralelo muito interessante entre atuar, encenar e interpretar. Não lembro exatamente cada detalhe da interessante explanação, mas me marcou o exemplo que deu referindo-se a uma atriz que é convidada para fazer o papel de Maria em uma quermesse. Pelo olhar do instrutor, uma atriz que apenas sorri e acena, supostamente como Maria, não está interpretando. Interessante observar sete atores interpretando sete mortos e preenchendo com vida, espaços que precisam não ter vida. 
                         Um cinema, lotado na cidade de Alegrete/RS, serviu de palco para cinquenta minutos de um arrojado espetáculo, que sem duvida nos deixa com vontade de ler a obra O Incidente em Antares. Erico, em sua ultima obra, como muitos escritores modernistas da década de trinta, decide falar da efervescência política e de acontecimentos que permeavam a vida das grandes cidades. Violência e autoridade são presenças constantes na pequena Antares, e dali surgem criaturas que Verissimo pinta com uma ambivalência muito interessante para o público. Já aprendemos que Cléber Lorenzoni foge das regras da academia e prefere sempre apostar na menipeia em suas obras, mas o que me surpreende e que certamente é o que mais prende o público adolescente, é o conceito de "carnavalização do inferno", ou seja, o julgamento às portas do inferno, servindo de comicidade para o público. Erico produz um momento anacrônico entre vivos e mortos, julga uma cidade inteira e as ações de seus cidadãos vivos e mortos. Ora, mortos podem ser chamados de cidadãos? E quem produziu tudo isso? Um grupo de funcionários públicos, que entraram em greve e exigiram ser atendidos. Os poderosos, negando-se a ouvir os grevistas, precisam ouvir os mortos. As ofensas escatológicas que se apresentam no coreto, lembram-me a a poesia de Rebelais, poeta da renascença, que obrigou os ricos a rirem de seus próprios pecados, o que não lhes era, obviamente permitido, nos altares sagrados da profissão litúrgica do catolicismo. Ali, pecadores eram culpados e condenados, em silêncio, enquanto todos ouviam de orelhas em pé e joelhos prostrados. No entanto a expiação dos pecados em O Incidente se dá em praça pública. Tibério, a filha de Quitéria, o próprio Pudim que batia na esposa envenenadora, o delegado Pigarço, o boquinha de ouro, seu capataz, o doutor cícero (advogado do diabo), Dr. Lázaro, Dr. Fulkembrug, que não conseguiram remédios para Erotildes, e finalmente, o público, rindo do pobre professor Menandro Olinda. Todos com passagem direta para o "ranger de dentes" nas fogueiras do averno. 
                       Entre rostos conhecidos, o ator Didy Flores, em um novo ciclo que se inicia. Adentrar ao palco ao lado de atores de carreira, mergulhados em um estilo de interpretação não é fácil, mas Flores conseguiu preencher muito bem o palco, mérito também do trabalho de equipe, de cada colega que o guiou. Alguns resvales, naturais em uma estreia. Uma pena trocar bosta por droga, por ser um espetáculo de choque, precisamos sair de nossa zona de conforto, ouvir as cosias bem ditas e um pouco agressivas. O ator Junior Lemes esteve muito bem, ritmado. Lorenzoni estava diferente, seu Cícero perambulou por  caminhos diferentes nesse dia. Guma pareceu cortar a interpretação e degustação da cena do piano de Menandro Olinda, e o mesmo, talvez tenha sido muito agressivo em seu solilóquio. Sobre Renato Casagrande, ele tem em Olinda um desafio que eu não desejaria para ninguém, fazer todo um solilóquio, inspirado na trilha sonora, o que certamente o deixa um pouco gessado. Pensem comigo, se em um dia o ator precisa de uma pausa maior, ou precisa acelerar para segurar a plateia, não poderá? Está escravo da batida da sonata 23 de Bhettoven. Escolhas da direção?  De toda forma, atores intensos, em um espetáculo que se adequa a qualquer palco, com qualquer aparato cênico, o que é maravilhoso já que é difícil em suas andanças encontrar espaços próprios para teatro. Mas a arte precisa continuar! Se cada artista desistir de fazer seu trabalho, de praticar seu oficio, apenas por que não havia um contra luz, ou uma cortina, ou sei lá o que, o teatro não seria a força de resistência que ele é. 
                         Parabéns a feira de livros de Alegrete/RS por mostrar textos tão relevantes ao público. Parabéns a equipe em status cinco, vocês são o futuro da Cia. Aprendam, suguem, perguntem, ouçam de ouvidos bem limpos, aprende-se mais ouvindo e observando do que de qualquer outra forma. Aprendi a algum tempo em espetáculos de Lorenzoni, ouvir de vez em quando um estalar de dedos, acho que sei o que significa, nesse confesso não ter ouvido. Isso diz tudo.

Arte é Vida  





A Rainha




O Incidente 
Texto e Direção Kléber Lorenzoni

Elenco Kleber Lorenzoni , Carol Guma, Renato Casagrande, Clara Devi, Antonia Serquevitio. Douglas Maldaner, Junior Lemes, Didy Flores.

Contrarregragem Kleberson Ben Borges, Ana Clara Kraemer, Roberta Teixeira, Felipe Brandão

                      
                              


A Atriz Antonia Serquevitio- Plena como Erotildes