quinta-feira, 30 de outubro de 2025

1291- O Incidente (tomo 96)

 Quem está ao nosso lado, na pior hora? Na hora do diabo...

O teatro é dividido em setores, cada setor precisa cumprir sua função com exímia perfeição para que o produto final, ou seja o espetáculo teatral alcance o sucesso almejado. De todas as artes, o teatro é talvez, a mais estreitamente condicionada pelo momento cultural que a produz. E quanto mais válida, mais condicionada e mais expressiva dos fatores condicionantes. Todo dramatista que procurou alcançar ideais literários arbitrários e escrever fora de seu tempo foi irressarcivelmente condenado ao esquecimento: todos os grandes nomes do teatro universal são, acima de tudo, produtos exatos do momento em que viveram. As grandes obras que sobrevivem através dos séculos adquiriram contemporaneidade diacrônica por meio de uma riqueza nascida do profundo conhecimento que o autor teve dos homens de sua época.
Incidente em Antares é produto de uma época muito especifica, e foi adaptada para uma outra época. Extremamente atual, por tratar-se de um clássico, carrega consigo a efervescência de um povo que não muda, falando  de coisas que não mudam. Nessa semana, no Rio de Janeiro, mais de cem pessoas morreram em confrontos entre polícia e grupos armados. Um ator indiano chamado Sachin Chandwade, de 25 anos, cometeu suicídio e morreu em 27 de outubro de 2025. A causa da morte foi enforcamento. Chandwade era conhecido por um papel coadjuvante na série de TV Jamtara 2. Não sabemos o que o levou ao enforcamento, qualquer semelhança a situação de Menandro Olinda, é pura especulação. A tuberculose  segue presente entre nós, e continua sendo um grave problema de saúde pública em todo o mundo e no Brasil. É uma doença infecciosa e curável, mas ainda causa milhares de mortes anualmente. A TB está fortemente associada a fatores sociais como pobreza e vulnerabilidade, afetando desproporcionalmente populações como pessoas em situação de rua, privados de liberdade, indígenas e pessoas que vivem com HIV. Em 2024, o Brasil atingiu o maior número de feminicídios desde o início da tipificação do crime, em 2015. É o que aponta o novo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ainda existem muito "Pudins", batendo em Natalinas. Ou seja, faltam dois dias para o Halloween, e o mal, segue presente, em várias esferas. Quando os sete mortos invadiram o Centro Cultural de Boa Vista do Incra, foi algo tipo Guerra Mundial Z que os alunos enxergaram, demorará muito para as fichas caírem, para as catarses acontecerem, mas elas estão ali, plantadas. 
Na cena, velhos artistas conhecidos, dividem o palco com iniciantes. De um lado Ricardo Fenner, que embora tenha errado algumas marcas, tem uma ótima presença de palco, o que lhe conferiu uma boa relação com o público. Do outro lado Kleberson Ben, aprendendo esse tipo de interpretação. Didy Flores também faz uma busca, mergulha com intenção. Há de se cuidar com o texto, primeiro ele diz, espero que "não prendam", na segunda fala, "não condene", cuidar sempre o texto é muito importante. 
Lorenzoni esteve muito desconcentrado, parecia com pressa e Clara Devi continua falando seus textos de forma muito rápida. Guma deve tomar cuidado ao "arrancar" as joias, para que não desconcentrem a plateia. Serquevitio está bem, apenas na hora em que fica de braços abertos no canto direito do palco, usa uma expressão que nos confunde, como se estivesse feliz. Lorenzoni precisa cuidar ao usar horizontal ao invés de vertical. O teatro de Verissimo, é sim teatro de texto. É preciso ouvi-lo. 
Foi um dia de bom e útil teatro, a ver pela forma como o público infantil interagiu ao final. Vida longa a todo teatro que transforma e questiona. 

Arte é Vida


O Incidente

Anciãos: Kleber Lorenzoni
               Renato Casagrande
               Ricardo Fenner
Clara Devi (**)
Kleberson Ben (*)
Antonia Serquevitio (**)
Ana Clara (***)
Roberta Teixeira (*)
Didy Flores (**)
Carol Guma (**)

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

momento de criação, ESMATE adulto


 

Crianças se divertem no Halloween do Máschara


 

1287- O Incidente (tomo 95)

           "Aquilo que pode salvar uma comunidade, acaba sucumbindo pelos interesses políticos de uma minoria corrupta."


                     Vamos tentar analisar o espetáculo O Incidente através do público, foi o que tentei fazer durante os cinquenta minutos de espetáculo. Os coretos, infelizmente saíram de moda, restaram claro, palanques oficiais, mas que ocasião melhor para reunir voluntários e  patronesses, do que uma feira de livros? Campo Bom apresentou uma grande estrutura para sua feira, e ainda recebeu os artistas com uma retreta, que entoava canções dos anos 80. Havia sim um representante da prefeitura envolvido na organização, mas certamente nenhum político na plateia. Eles são de exatas suponho, dificilmente de humanas. Na primeira fila, uma bufa, com um bebê nos braços, assistia muito interessada ao espetáculo, certamente era quem mais poderia compreender as camadas sobrepostas pela sagacidade de Erico Verissimo. Não por ser estudada ou culta, mas certamente pela vivência tão próxima das dores inflamadas nas personagens de Pudim e Erotildes. Aquela mulher empurrando um carrinho de supermercado com um menino doente dentro, era a verdadeira metáfora da vida humana capitalista. Quando Menandro tombou após seu bife, ela levou rapidamente a mão ao peito. 

                          O espaço da rua coberta, no inicio com menos de quinze pessoas, foi aos poucos sendo preenchido, possivelmente por que gritos e contorcimentos  do grupo de "zumbis" era a coisa mais intensa naquela tarde abafada. Era a verdadeira praça de Antares. Assim como na cidade fictícia, boa parte da turba, havia se reunido sem entender nada do que acontecia, ali também ocorriam todo o tipo de situações para disputar a atenção do público. Vendedores de livros, escritores esfaimados por vender suas obras, uma mãe que tentava ninar o filho que não parava de chorar, um casal conduzindo um cãozinho que lhes escapou exatamente na cena de Erotildes, um grupo de adolescentes preocupado em organizar uma mesa de certificados, e claro, uma fotógrafa que parecia não perceber o espetáculo acontecendo, apenas a tal mesa de certificados. 

                             Ao fundo, com olhar inexpressivo, o organizador daquela parte do evento, observava, um pouco o palco, um pouco a feira. Talvez no fundo, torcesse que o público se interessasse, afinal, havia apostado suas fichas no espetáculo. Em meio ao cenário dantesco, e ao clima sufocante, de um calor de quase trinta e três graus, aconteceu um sagrado momento teatral. Oito pessoas, abrindo mão de seu existir por cinquenta minutos, para que criaturas, advindas da mente de um autor e de um diretor, tomassem espaço na narrativa existencial daquela tarde. Suas dores, suas culpas, suas vidas, foram sendo expostas, enquanto a vida seguia se curso, meio desorganizada, e com a estética transloucada do dia a dia. Os escritores de Campo Bom, reuniram-se lá no fundo, de costas para o palco e felizes, fizeram um retrato, aquéns do que acontecia no palco, devem ter levado a imagem dos mortos de Antares, ao fundo de sua foto, mesmo sem querer. 

                            Lorenzoni levantou a voz, Casagrande se esforçou, Lemes engoliu uma fala ou outra, Erotildes acelerou um pouco o ritmo, Devi embolou um pouco as palavras, La Jorge engoliu algumas marcas e Ben e Flores lutaram para manter a energia. Entre uma tentativa e outro de curva, um murmurinho aqui e acolá. O som titubeando entre alto e baixo meio desritmado e finalmente uma fala do diretor, para contextualizar.

                                Oscar Wilde, sempre disse que há dois elencos, dois elencos que saem de casa para promover o fenômeno teatral. O elenco treinado, sobe ao palco ensaiado, o elenco de público, veio em busca da catarse, mas não ensaia. Improvisa. E nesse dia faltou jogo, faltou decoro, faltou comprometimento. 

                   -É triste, perceber   que a arte é   tão pouca coisa, tão desnecessária Dona Quitéria.

                        -E o que o Senhor sugere Dr. Cícero?

                     - Que pensemos duas vezes, sobre quem merece ver nosso trabalho, ou então, que nos debrucemos com mais ímpeto sobre o fazer teatral. Algo há de sair disso...

                        Parabéns aos artistas que ainda lutam, que acreditam, que fazem, são eco, que outros seguem, são alicerces para a arte continuar firme, transformando o mundo.

  O melhor : O esforço do ator Renato Casagrande em seguir o espetáculo, mesmo não estando se sentindo bem.

   O pior: A falta de ensaios, que causou uma apresentação repleta de pequenos erros.




   O Incidente - roteiro adaptado da obra e direção de Cléber Lorenzoni

Elenco original- Dulce Jorge e Cléber Lorenzoni

Elenco em substituição - Renato Casagrande 5º Menandro Olinda, Clara Devi 6ª Shirley, Antonia Serquevitio 4ª Erotildes, Junior Lemes 5º Barcelona, Cleberson Ben 7º João Paz, Didy Flores 6º Pudim.

Equipe técnica - Roberta Teixeira e Ana Clara Kraemer



                               Nós passamos, o teatro fica!!!

                          

Tomando conta das ruas


 

Caracterizações do Halloween


 

Irmãs Sandersons


 

poucos minutos antes dos zumbis acordarem


 

domingo, 26 de outubro de 2025

1º Halloween Zumbi do Máschara


 

Halloween 2025


 

Oficina com Núcleo- extensão Abegay


 

Dia de Gravação com Tia Flica


 

Com o público de Campo Bom


 

Clara Devi em O Incidente


 

Elenco de O Incidente em Campo Bom/RS


 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Meninas da performance em Mulheres do Tempo e o Vento


 

Elenco de O tempo e o Vento


 

o EMBATE ENTRE PAI E FILHAS


 

COARTE em ensaios Auto de Natal


 

A Paixão de Cristo 2025 - COARTE


 

MAis uma campanha com o Grupo Máschara


 

Alunos Baby


 

Caminhada Zumbi


 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Elenco de O Tempo e o Vento, em performance para a RBS


 

O senhor Poeta ao lado de quintana


 

1284- Pelas ruas das cidades...


 

Cortejo da retreta


 

1283-Tia Flica em dia de Gravação


 

Teste de figurinos para animadores com Antonia Serquevitio


 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

1279 - O Casamento - As mulheres do Tempo e o Vento


 

O jovem ator Gabriel Ben, interpretando Capitão Rodrigo Cambará


 

1267-1279 Festeatro

Não é teatro de crianças, é teatro com crianças...

                      Há quem não tenha paciência com crianças sobre o palco, eu por outro lado, aprecio teatro, todos eles, feitos por quaisquer pessoas, sob quaisquer circunstâncias. Nos últimos dias assisti muito teatro, feito com crianças, por artistas do Máschara, jovem estudantes de teatro e o artista pejuçarence, Didy Flores. As temáticas dividiam-se entre os mais variados temas, do infantil ao juvenil, todos é claro, inspirados em Erico Verissimo, escritor que em 2025, completa 120 anos de historia.
                          É interessante pensar, que mesmo não estando mais entre nós, Verissimo, é um agente cultural, ou como diz Lorenzoni: um fazedor de Cultura. Ou seja, ruas, prédios, canções, gibis, praças, estátuas, filmes... Tudo emana dele. Ele, Erico não produz mais arte, mas sua arte, motiva novas artes, de novos artistas. 
Assim sendo, Viva Erico e viva ao FesTeatro. No palco dificuldades normais, típicas dos fazedores de teatro e também do teatro escolar. Narrativas criativas, que precisam de um determinado refinamento, atuações a altura do tempo que os professores tiveram para trabalhar com as crianças.
                        Quando se faz um festival de teatro, na maioria das vezes, o prato principal não é o teatro em seu sentido espetacular, mas em seu sentido humano e social. O teatro, dentre todas as artes, o que mais sofre preconceitos e por que? Por que é o mais poderoso, já que coloca o ator, a atriz, no púlpito, disposto a falar. É o teatro que grita o que está errado. O teatro liberta e faz pensar. Faz questionar. E ninguém quer ser questionado, nunca... O teatro derruba castelos dentro de nós, que trazemos de casa. Castelos que em muitas vezes são castradores e medíocres, baseados no olhar humano que uma geração ou duas atrás de nós, tiveram sobre a vida. O teatro nos faz olhar de verdade o outro. Nos faz ver o outro e construir com ele. 
                    Vi muitas crianças vencendo barreiras no FesTeatro. Barreiras de comunicação, de auto estima, de vida. Jovens se interessando de verdade por algo. O colorido do festival, as milhares de camadas, nos textos; nas posturas; em um apresentador vestido de senhorinha; a presença da prefeita; são apenas algumas das poderosas ações que o mesmo propõe. 
                     Destaques para aqueles que souberam trabalhar em equipe, que uniram forças com as escolas e compuseram algo para colocar sobre o palco. Augusto Boal dividiu o teatro em três camadas muito distintas, na qual o teatro de grupo, ocupa o terceiro lugar, é impossível não se dar conta que o teatro estudantil, é uma das camadas do teatro de grupo. Ali nascem, os primeiros passos para o trabalho em equipe, o trabalho amador. É importante por isso, que o instrutor ensine a criança, o aprendiz, que aquele momento é o primeiro de uma etapa ascendente. É função dos mais velhos, preparar as equipes para uma vida teatral. Trabalhando a criatividade, o pensar, e a iniciativa. Fiquei muito feliz e admirada com o olhar mais glamuroso que os instrutores trabalharam nesse FesTeatro. Os visuais por exemplo, das turmas do Gabriel Annes, 18 de Agosto e Arthur Moreira cresceram muito. A escolha dos textos de Castelo Branco e Antonio Serra, foram muito criativas. Nos elencos, destacaram-se principalmente Ravi Dantas, Aurora Serquevitio e Tayla Plautis. 
                         FesTeatro retorna em 2026, torçamos que até lá os instrutores evoluam ainda mais, aprendam mais e descubram verdadeiramente o prazer em fazer teatro com crianças.
                            A noite de premiação, nos brindou com um lindo presente, a performance: As mulheres do Tempo e Vento. Um exercício teatral muito criativo, sem grandes ambições, tendo como pano de fundo a obra do escritor magno da nossa cidade. Sem exageros, ou dramas clichês, Lorenzoni opta por dar protagonismo às nove alunas da ESMATE Baby. Elas são as protagonistas de uma trama simples e gostosa de assistir. Amigas, gurias, se reúnem para fazer um trabalho de escola, para isso, recebem ajuda da avó, Dona Bibiana, que nos faz mergulhar em devaneios que parecem ora lembranças, ora situações fictícias. Aplausos para a participação de Carol Guma e Ravi Dantas, que ao lado de Kleberson Ben e Felipe Brandão nos fazem voltar no tempo. Talvez o final pudesse ser mais pontual, uma assinatura mais dolorosa, na partida dos dois personagens fantásticos, ao final da narrativa. O mise en scène se cumpre com o apoio de uma cadeira de balanço e um velho baú. Por outro lado, os praticáveis, parecem engolir os artistas em cena. A trilha é clichê, mas talvez seja esse o objetivo, através do clichê, nos dar aquilo que a performance não conseguiu dar conta. 

Palmas, palmas, palmas, grata ao trabalho hercúleo do Máschara, em fazer viver um festival de teatro em Cruz Alta. 

sábado, 11 de outubro de 2025

Passando para lembrar que o Natal vem aí!


 

Os mortos de Antares, não param, em outubro tem muito O Incidente, por aí!


 

Elenco 2025


 

O ator Douglas Maldaner, que viverá José, no Auto de Natal de Alegrete- Para todos os povos, para todas as raças


 

Autora Serquevitio, recebendo das mãos de MArgareth Medeiros o troféu de atriz revelação no 4º FesTeatro


 

Premiados do Festeatro em close especial


 

A jovem atriz Ana Clara kraemer maquiando uma das alunas no Festeatro


 

Alunos da EMEF Castelo Branco se destacam, dois irmãos premiados no Festeatro




 

Uma geração vai, outra geração vem- Alunos que interpretaram os sete mortos em escola de Carazinho


 

O mortos de Antares


 Foto: Alexandre Giacomini

Performance As mulheres do Tempo e o Vento


 

Alunos da EMEF Castelo Branco interpretando personagens de O Incidente