terça-feira, 18 de novembro de 2025

ANTARES


 

Texto Auto I- Família de NAzaré

 

Auto I - Texto

Grupo Teatral Máschara

 

(Entrada - Música Vem chegando o Natal)

Cena 1

Netinha: Nossa eu estou com muita fome!
Criança 1: Eu também!
Criança 2: Eu estou com muito frio.
Todas: Nós estamos com muita fome!
Netinha: Fiquem calmos, vai dar tudo certo!
Criança 3: Mas eu estou com muita fome!
Netinha: Vejam! Quanta gente, vamos pedir ajuda!
Mulher 1: Eu é que não ajudo!
Homem 1: Eles é que trabalhem!
Homem 2: Dinheiro eu não dou!
Homem 3: Problema dos políticos.

(Música - Seu nome é Jesus Cristo)

Crianças: Vovô!
Vovô: Crianças! Não fiquem tristes. Hoje é noite de Natal, venham aqui, eu não consegui muita coisa hoje, mas vamos dividir um pãozinho que eu tenho!
Criança 1: Eba! Um pãozinho.
Criança 2: Oba!
Criança 3: Êee!
Netinha: Muito obrigada, mas… eu não vou ganhar nenhum presente vovô?
Vovô: Presentes? Ora, você sabe que muitas pessoas ganham presentes, mas poucos ganham abraços. Eu vou lhe explicar o verdadeiro sentido do Natal: Natal é amor!
Netinha: Mas o que é amor?
Vovô: Amor é quando olhamos para o outro que está ao nosso lado, e percebemos nos olhos dele que ele só quer o nosso bem, amor é ter esperança, amor é ter fé. Eu vou lhe contar, houve uma época parecida com os tempos de hoje em que as pessoas estavam muito assustadas, sem amor no coração, sofrendo sem esperança, mas havia uma família repleta de amor, uma família formada por Ana, Joaquim e a pequena Maria…
Netinha: Maria vovô? Que nem eu?
Vovô: Que nem você, minha neta!

Cena 2

(Vai se formando um múrmuro alto, muitas pessoas falando)

Homem 1: Maria falava pouco, gostava de ouvir, de aprender no silêncio.
Mulher 1 : Ela sabia que o coração aprende no silêncio.
Homem 2: Na quietude e na oração!
Mulher 3: Maria ajudava todos.

(Música - Maria guardavas tudo)

Maria: Mamãe!
Ana: Maria! Venha me ajudar!
Maria: Mãe, por que não posso ir à escola?
Ana: Não pode porque não pode, os homens vão à escola, e nós mulheres ficamos em casa.
Maria: Mas por que?
Ana: Porque… Porque é a tradição, meu amor! Os homens tem que aprender as coisas do mundo, e nós temos tantos afazeres dentro de casa.
Maria: Mãe, os homens tem que aprender as coisas do mundo?
Ana: Sim, minha filha!
Maria: Mas as coisas do mundo não são as coisas de Deus?
Ana: Acho que sim, Maria.
Maria: E nós não temos que aprender as coisas de Deus?
Ana: Você vem com cada uma, minha filha!
Maria: Já sei! Vou pedir ao papai Joaquim que me leve ao templo!
Ana: Não! Maria espere! Maria!

Netinha: E Maria foi ao templo vovô?
Vovô: Sim! Maria era uma boa filha e ao mesmo tempo, agradecia ao papai do céu, agradecia o ar que respirava, agradecia a noite linda cheia de estrelas, agradecia o sol que faz a plantinha crescer e nos dar sombra, agradecia a água da chuva que faz molhar o campo. Às vezes, minha neta, a gente muito pede e pouco agradece.
Netinha: Eu agradeço a sua presença, vovô!
Vovô: E eu agradeço a sua, minha pequena!
Netinha: Mas vovô, o que aconteceu com Maria?
Vovô: Maria morou no templo até a idade adulta, quando chegou a hora de casá-la.

Cena 3

(Transformação Maria adulta, velhos do templo)

Velho: Todo homem solteiro ou viúvo da cidade de Nazaré, deve trazer ao templo o seu cajado. Os céus dirão quem deve desposar a jovem Maria.

(José aparece)

Velho: Do cepo brotou a rama, da rama brotará a chama de um consagrado casamento! Tu, José, o carpinteiro da casa de Davi, foste o escolhido, e receberás em casamento a virgem Maria!
José: Mas não pode ser! Deve ter acontecido algum engano. Eu não tenho condições de formar uma família, sou apenas um pobre carpinteiro!
Velho: Não houve engano nenhum, José! Aceite, aceite, pois essa é a sua missão.
José: Se o senhor diz, eu acredito, e recebo honradamente a doce Maria!
Maria, fico muito contente que tu sejas minha noiva, terei que partir por alguns dias, fazer algumas entregas… Mas assim que retornar, organizarei o nosso casamento, fique bem!
Maria: Meu querido José, sempre tão preocupado com todos, eu estarei bem, vá em paz!

Vovô: Um dia, Maria pegou o cântaro e foi buscar água no poço perto de sua casa.
Netinha: E o que aconteceu vovô?
Vovô: O céu tinha um plano, e preparava algo muito grandioso.

Cena 4

Mulher 1: A voz de um anjo sussurrou no seu ouvido!
Mulher 2: Eu não duvido! Já escuto os sinais!
Homem 1: Que ele viria, numa manhã de domingo!
Homem e mulher: Eu te anuncio nos sinos das catedrais!

(Música - Anunciação)

Anjo: Deus te salve, Maria cheia de graça, o senhor está contigo, bendita és tu dentre todas as mulheres! Não tenhas medo, Maria, tu alcançaste a graça diante do altíssimo e conceberás um menino, por desejo do senhor, a virtude do senhor te cobrirá e o menino se chamará Jesus, será o Salvador, pois trará ao mundo a mensagem do amor e do perdão! Trará também dor e sofrimento ao teu coração de mãe. Tu aceitas Maria?
Maria: Aceitar? Eu não tenho que aceitar… ou deixar de aceitar coisa alguma! Eu sou filha de Deus, sou como a terra que germina e dá frutos, como uma árvore, como um feixe de trigo, se o sangue corre entre minhas veias é porque o senhor quis assim, então… que seja feita em mim a sua vontade e eu aceito de coração aberto e disposto!

(Música - Anunciação)

Netinha: Vovô, Maria aceitou?
Vovô: Claro minha neta, Maria era uma pessoa do bem, Maria jamais dizia não para alguém, principalmente para sua fé, mas ela iria enfrentar muita dor e tristeza, a começar por aquelas pessoas que estavam ao seu redor…

Cena 5

Coro: Grávida!?
Mulher 1: Ora, um filho de outro homem?
Mulher 2: E ainda diz que é filho de Deus.
Homem 1: Tu mentes, Maria!
Homem 2: O que ela tem de diferente de nós?

José: Maria! É verdade o que estão dizendo em toda Nazaré? Maria, Maria… Como pudeste fazer isso?
Maria: Mas eu não fiz nada, José.
José: Como não? Tu não estás então grávida?
Maria: Sim, mas eu não te traí, eu estive com homem algum!
José: Como não? Como explicas isso então?
Maria: Tu precisas acreditar em mim, é difícil de explicar, é difícil de acreditar, mas quando tu estiveste fora… algo incrível aconteceu nessa casa, Deus decidiu olhar para nós, mostrando a sua face através de um anjo, e vai colocar o seu filho no mundo através do meu corpo.
José: Não diga mais nada! Pegue as tuas coisas e saia dessa casa!
Maria: Olhe para mim, José! Por favor! Tu não acreditas na tua noiva? Tu não tens mais fé no teu Deus?
José: Sou apenas um homem, Maria. Sou fraco então! Cumpro a minha função, trabalho todos os dias para dar uma vida digna a minha família! Não fico por aí… Não fico rezando, não sei muito bem o que acontece no tal plano espiritual, me dá tempo para entender, Maria!
Ah meu Deus, o que eu faço? Se isso for uma mentira, Maria será condenada como adúltera… Mas se isso for verdade, estarei condenando uma inocente. Ah pai, me dá um sinal!
Anjo: José, não tenha medo, Maria não cometeu nenhum pecado, o que Maria carrega no ventre é fruto do Espírito Santo. Ela carrega no ventre um menino que trará luz ao mundo, continue ao lado de Maria, proteja-a!
José: Maria! Me perdoa, Maria! Perdoai-me por te olhar nos olhos e não acreditar em ti! Perdoai-me, Maria, não sou digno de ti… esqueci que amar é confiar, perdão, Maria!
Maria: Não digas isso, José! És o meu marido e te perdoo com todo amor, assim como me perdoas.

Vovô: Viu como o amor já começou a vencer, minha neta?
Netinha: Então eles se casaram, vovô?
Vovô: Sim, Maria se casou com José, o justo.
Netinha: Mas por que “o justo”?
Vovô: Justo porque de geração após geração, José ficou conhecido como um homem caridoso e fiel aos planos de Deus!

Cena 6

Homem 1: Onde está José?
Homem 2: Mas não é a noiva quem se atrasa?
Homem 3: José! Ela já está pronta!
Homem 4: Lá vem ele!
José: Seus tolos! Assim hão de assustar Maria!
Ana: Modos meninas, Maria já chegou!
José:Eu construí uma casa de madeira para chamá-la de lar, eu te recebo ó Maria como esposa, para amá-la e respeitá-la por toda a minha vida!
Maria: Eu te recebo ó José, o carpinteiro, como esposo, por toda minha vida, prometo honrá-lo, respeitá-lo eternamente, na alegria e na tristeza, ao seu lado eu vou estar!

(Música - Hava Nagila)

Cena 7

(Comerciantes vendendo)

Soldado: Ave, César. Todo homem, cidadão do país, deve se encaminhar para sua cidade natal, lá será feita a contagem para o senso do nosso reino! Todo aquele que se negar, será severamente punido!
Maria: José!
José: Maria! Teremos que partir imediatamente para Belém, foi lá que eu nasci.
Maria: Sim! É o melhor a fazer.
José: Está bem, vou preparar as nossas coisas, partimos imediatamente!
Isabel: Maria!
Maria: Isabel!
Isabel: Ave cheia de graça, bendito é o fruto do teu ventre, bendita és tu! Que dentre todas as mulheres, foste a escolhida para ser a mãe do filho de Deus!
Coro: Quem é essa, que avança como aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como exército em ordem de batalha, ó Maria, concebida sem pecado!
Maria: Mas como tu ficaste sabendo, prima? Se eu não contei a ninguém.
Isabel: Quem sou eu, para que a escolhida do senhor venha até mim, mas quando senti tua presença, o bebê em meu ventre saltitou de alegria, bendita és tu!
Maria: Que isso, prima, tu também és bendita, pois há pouco, eras estéril, não tens nem idade para ter filhos, e agora estás grávida! Tu também foste abençoada, prima!
Isabel: Maria!
Maria: Isabel! A minha alma glorifica o senhor, exulta o meu espírito em Deus, meu Salvador!

(Cântico virgem Maria)

(Música - A caminho de Belém)

Cena 8

Casal Josafá: Vinho! Ouro! Cristais! Prata! Tecidos!
Dinheiro é muito bom e me faz muito feliz!
Sr. Josafá: Quer comprar?
Sra. Josafá: Negociar?
Casal Josafá: Se dinheiro precisar, vamos logo conversar! Aqui em Belém, em toda Jerusalém! Somos o casal, somos o casal, somos o casal Josafá!
Sr. Josafá: Minha querida, venha tomar um vinho!
José: Maria, tu não estás cansada?
Maria: Não se preocupe comigo, José, eu estou bem.
José: Nós caminhamos o dia inteiro, Maria, precisamos achar um lugar para descansar. Tu estás prestes a dar a luz, meu amor! Veja! Uma hospedaria! Vou tentar falar com alguém e conseguir um quarto ao menos.
Sr. Josafá: Oh, clientes! Sejam bem-vindos, boa noite! Eu sou o senhor Josafá e essa é a minha esposa, senhora Josafá, nós comandamos esta hospedaria!
José: Boa noite, eu me chamo José.
Sr. Josafá: Oh, e esta deve ser a senhora José!
José: Não… Não! Essa é minha esposa, Maria.
Sr. Josafá: Maria?
José: E como podem ver ela… está esperando um bebê.
Sr. Josafá: O pequeno José!
José: Não, ainda não escolhemos o nome do bebê, mas… estamos precisando de um lugar para passar a noite.
Sra. Josafá: Ora querida, venha, temos os melhores quartos de Belém!
Sr. Josafá: Oh, é claro, mas primeiro vamos tratar do mais importante: os valores!
José: Valores? Mas nós não temos dinheiro algum, tudo que tínhamos… tudo que tínhamos dentro da nossa bolsa, gastamos com alimento para o animal que trouxe Maria.
Sr. Josafá: Oh, mas vocês acham que nós vivemos de boas ações? Xô, xô, xô!
José: Mas senhor!
Sr. Josafá: Espere, eu sou um bom homem, lá no fundo da hospedaria tem uma… uma…
Sra. Josafá: Estrebaria!
Sr. Josafá: Estrebaria! Lá vocês podem ficar, se não se importar, deixar o senhor José, a senhora José, o pequeno José e o burrinho José!
José: Mas a estrebaria não é o lugar onde… os animais passam a noite?
Sr. Josafá: Sim, algum problema?
José: Não! Não… Nós agradecemos, e muito, a sua boa vontade.
Sr. Josafá: Oh , pare com isso, afinal nós somos o…
Casal Josafá: Casal Josafá!
José: Maria, minha querida, é o único lugar que conseguimos encontrar, tu te importas?
Maria: Está tudo bem, José! Apenas a tua companhia já me faz bem!
José: Está bem, então vamos nos apressar, passaremos a noite lá.

(Música - A caminho de Belém)

Cena 9

(Música - Incenso, ouro e mirra)

Reis magos: Nós somos os estudiosos das estrelas!
Gaspar: Eu me chamo Gaspar, e venho das terras africanas!
Baltasar: Eu me chamo Baltasar, e venho da Arábia!
Belchior: Eu me chamo Belchior, e venho do extremo Oriente!
Baltasar: Viemos procurar o rei dos reis!
Gaspar: O príncipe das nações!
Belchior: O salvador do mundo!
Herodes: Eu sou o rei dos reis! O único rei de toda a Judéia! Por acaso, quereis falar comigo? Ou ousam dizer que há um rei superior a mim? O que vós tendes aí? O que trouxeram para o tal rei?
Baltasar: Eu trago ouro, que adorna as majestades!
Belchior: Eu vos trago incenso, que purifica e sacraliza!
Gaspar: Eu vos trago a mirra, que abençoa e santifica!
Reis magos: Nosso rei é humilde, nasceu em uma gruta de Belém!
Herodes: Ide portanto, descubram onde está este rei! Também quero adorá-lo. Um rei tão nobre que nasce entre os pobres, vamos! Procurem-no! E tragam-no até mim!
Reis magos: Assim faremos, ó rei Herodes.
Herodes: Um rei do povo, um rei menino preparado para ser o messias, ah, isso não vai ficar assim… Guardas! Guardas! Invadam cada casa, matem todos os meninos, nenhum varão deve ficar vivo! Não haverá, não haverá outro rei a não ser Herodes, jamais!

Herodes: Vamos homens, peguem as crianças!

(Música - Ave Maria Sertaneja)

Netinha: Vovô, quanta maldade.
Vovô: Sim, minha neta, a humanidade fez e ainda vai fazer muita coisa ruim, mas o homem também é capaz de muitas coisas boas, Jesus é o exemplo disso, inclusive, deu a sua vida por nós, mas isto é uma outra história!
Netinha: Mas então Jesus nasceu?
Vovô: Nasceu, em uma gruta de Belém, e todos, todos vieram adorá-lo!

Cena 10

(Música - Ó vinde adoremos)

(Música - Noite Feliz)

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Noite de Cerimônia - Carol Guma


 

1299/1300/1301/O Incidente (tomos 97/98/99)

TRES INCIDENTES EM UM SÓ DIA...


Cada um com sua verdade, já que o teatro é assim, único. Quem viu, viu, quem não viu, sentimos muito... Constrói-se uma apresentação no camarim, entre uma conversa e outra, entre uma intimidade e outra dos atores. Um dia tenso nos camarins gera um tipo de espetáculo, um dia leve nos camarins, gera outro clima. Pois o ator sente, sofre influências do mundo ao seu redor. No camarim nascem amizades, no camarim há a troca. Empresta-se um cajal, um rímel. No camarim um ator limpa a roupa de outro. No camarim oferece-se água, chá, suco... No camarim contam-se tristezas, trocam-se historias de namoros e flertes. No camarim nascem alianças que podem durar quarenta minutos de encenação, ou uma vida inteira. Camarins são lugares maravilhosos, com seus lanchinhos gostosos, com suas mil lâmpadas que iluminam a maquiagem dos atores, ou com os entraves de pessoas complicadas que acabam por criar climões em dias de espetáculos. 

O palco é um lugar meio frio, vazio, silencioso. Para preenchê-lo, são necessárias vivencias. Um ator, diz o que vai entro dele. Diz um ator conhecido, que somente o ator "sabe o peso de uma lágrima", do que vem com ela... As luzes acenderam-se lindíssimas e precisas sobre sete corpos que transcenderam, para falar de Erico, falar do Brasil, e para falar de si mesmos. Atores bons sabem que no palco estão falando suas verdades, suas dores, suas questões. Não é centro espírita, os mortos não existiram de verdade. Então o ódio de Cícero é de Kléber Lorenzoni, a mágoa de Menandro é de Renato Casagrande. A revolta é de Kleberson Ben e as reclamações sobre ingratidão são de Carol Guma. E para os atores, descobrirem se estão mergulhados realmente nas cenas, convinha que eles questionassem o que eles pensam sobre a morte. Sobre a igreja, sobre a ditadura, sobre a política. A transformação causada por um espetáculo, começa pelo palco. 

Cada cena de O Incidente, deflagra interrelações: o olhar de Dona Quitéria para com a prostituta, de Menandro para com Cícero e Barcelona, de João para com Cícero e assim por diante. Erotildes nunca imaginara que seria defendida por José Ruiz. Barcelona nunca imaginara que Cícero estaria certo... Dona Quitéria veio até a cidade, o coreto, para acompanhar os outros mortos, nunca imaginou que iria se dar conta do quanto suas filhas eram "tratantes"...

O Incidente vai revelando camadas dentro de camadas. Será que os interpretes de O Incidente entendem por exemplo que estão falando de uma mulher que matou o marido por que era maltratada por ele. De um homem que não queria se matar, mas se machucar, para parar de sentir a dor... 

É necessário que atores olhem todos os dias para dentro de si. 

Falemos agora de comunicação. De como cada ator se comunica com o público. De como cada um trabalha em prol de ser amado e respeitado pelas plateias. Atores comuns passam pelo palco e um dia são esquecidos, por novas safras de atores... Mas atores incríveis, nunca mais são esquecidos. Não apenas por que são bons em cena, mas por que compreendem que quem contrata um espetáculo, um artista, está na verdade comprando uma sensação. Um tipo de prazer...

Incidente em Antares teve três inserções muito diferentes, distintas. Minha preferida foi a da noite. Pois foi quando mais longe chegou a disponibilidade estética. E estética é o maior sentido da arte. 

Parabéns às estéticas de cena. Parabéns a jovem atriz Ana Clara Kraemer que precisa ganhar três estrelas pelo lindo trabalho como técnica de luz. Serquevitio esteve muito bem, mas a noite sua cena foi muito mais visceral e por isso merece também três estrelas. Douglas Maldaner pode estar mais atento e Kleberson Ben deve solidificar suas bases, para criar recursos para cenas que pedem mais intensidade emocional. 

Junior Lemes e Carol Guma possuem uma postura madura, muito interessante, mas podem lapidar suas interpretações. Didi Flores é um jovem que parece muito esforçado, não pode esmorecer na caminhada. Seu visual esteve muito interessante nesse dia.


A trilha de Roberta Teixeira durante as inserções do dia funcionaram, mas a noite algo prejudicou a precisão  da operação.


O melhor, que penso que é impossível não mencionar, é o trabalho dos anciãos. Atores de carreira que preenchem o palco com tranquilidade e maestria. Parabéns Lorenzoni, Fenner e Casagrande.


O Incidente

Roteiro e Direção Kléber Lorenzoni

Elenco:   Kléber Lorenzoni, Carol Guma (*)(**)(**), Renato Casagrande, Antonia Serquevitio (**)(**)(***), Clara Devi (**)(**)(**), Douglas MAldaner (**), Junior Lemes (**), Didi Flores (**) (***), Ricardo Fenner, Kleberson Ben (**)(**)(*), 


Contrarregragem: Ana Clara Kraemer (***)(**)(***) , Roberta Teixeira (**)(***)(*)