O Fugitivo – Quinto espetáculo Concorrente – Rosário em Cena

 


 

Prólogo sem epílogo...

 

A peça da manhã dessa quarta-feira deixou um gostinho de quero mais, ao menos no que diz respeito ao seu roteiro. O público, formado em sua maioria por adolescentes, curtiram e muito o casal interpretado por Fabi Fiamoncini e Jean Devigili. A companhia 100 cena, ou “sem cena”, da cidade de Timbó, chegou à Rosário do Sul com muita energia e vontade de aprender, o que de certa forma é o verdadeiro âmago de um festival. A troca, o conhecimento, os debates.

Fabi Fiamoncini e Jean Devigil conquistam a plateia sem muito esforço. Contam a história de um determinado personagem que teve um amor no passado mas fugiu desse amor, talvez pelo fato de sua amada ser uma mulher de “vida fácil”, embora nada há de fácil em trabalhar em uma casa de prostituição.

Falta ainda na Cia., um olhar mais cênico para esse espetáculo, talvez um auxiliar de direção que possa aconselhar e ajudar Jean, provocando-o e o motivando à zonas (não as de sexo) fora de conforto.

A iluminação é simples e o figurino embora interessante, precisa de um pouco mais de cuidado. O palco é muito poderoso e tudo sobre ele, fala muito. Ao final, o casal protagonista ainda não se encontra, e seu drama nãos e resolve, de forma que ficamos como que esperando um epílogo, talvez por isso mesmo, a plateia tenha pedido a dupla um beijo para o grande final. 

O Fugitivo, teve segundo o diretor/roteirista, uma motivação que nasce ainda de uma visita à casa de cultura Mario Quintana, e isso é o grande mote da arte e dos festivais. Levar, trocar, debater, aprender, inspirar. 100 cena parece ser o único grupo de teatro da cidade de Timbó SC, por isso mesmo merecem apoio, acolhida e incentivo, afinal tem em suas mãos uma missão muito importante, criar pontes, oportunizar diálogos, erguer alicerces artísticos para que se faça teatro, para que se tenha teatro no futuro em sua cidade. O teatro deve ser feito sempre, pelo maior número de pessoas e disponibilizado a outro grande número de pessoas. Vida longa ao teatro de Timbó.


Cléber Lorenzoni- Escritor, dramaturgo e crítico teatral

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