Grupo Teatral Máschara
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
1308 - Auto de Natal (tomo 15)
Teatro é vida...
E a vida se renova a cada instante, cheia de oportunidades, cheia de ideias...
Hoje eu me emocionei vendo a vida se renovando quando a pequena Aurora Serquevitio levantou dentre os atores do Máschara, na escadaria da Igreja Santa Teresa Dávila de Catuípe/RS. O teatro é de grupo, é familiar, é humano e é escola, não há dúvidas sobre isso. E alguém consegue imaginar uma forma melhor de se aprender organização, disciplina e comprometimento, do que através da arte. E a arte do teatro é extremamente generosa, honrando a dança, honrando a música e a poesia. O teatro é algo imenso, feito por pessoas, que vão catalisando energias, criando uma força sobre humana que nos envolve. Assim foi o Auto de Natal - Família de Nazaré, uma explosão de emoções e sensações.
Me pergunto é claro se o público de Catuípe, está pronto para degustar o teatro. O teatro é algo apra o qual você precisa ir estudando, se preparando. Como se prepara o público? Através de um grande exercício de observação. Cada espetáculo que alguém assiste, o torna mais apto a ver novos espetáculos. Assim se vence o preconceito, a mediocridade, a mesmice... Por outro lado é necessário lembrar que para se quebrar toda a barreira da pequenez da plateia, é necessário antes rever nossos próprios preconceitos. Preconceitos com personagens, preconceitos com posturas, preconceitos com olhares... É preciso entregar a arte sem esperar determinadas reações em troca. A arte é reflexo de uma "sensação" e deve também provocar sensações. Atores performáticos, com postura ao chegar em uma cidade, postura ao falar com o prefeito, postura ao encarar a plateia, postura ao andar pela pequena cidade que os contratou. POSTURA!
As cenas ocorreram sobre a escadaria que foi preparada, ou seja, corrimãos retirados e espaço aberto. Logo de casa procurei o coração vermelho aplicado na roupa de Ana Clara, que ´é o que conecta as duas Marias, só vi na roupa de Clara Devi, detalhes tão delicados que parecem as vezes escapar dos olhos outrora cuidadosos do Máschara. Um público um tanto desconfiado foi demorando a se entregar. Os artistas começaram todos pelo mesmo lado, o que pareceu redundante na entrada. Adereços dispersos pela arena, de forma interessante e organizada. Colorido explosivo, atrativo para crianças e muito fantástico. Houve porém, é claro, alguns atrasos, as atrizes Carol Guma e Clara Devi as vezes se atrasaram, a segunda soube disfarçar. Lorenzoni no epílogo não vestiu as roupas de José, desvalorizando o rito. Felipe Brandão e Kleberson Ben interpretaram com a cabeça muito erguida, revelando mais o pescoço do que as reações interpretativas faciais. Parabéns à Ana Letícia, Valentina Lemes, e Giovana da Silva Lopes que ao lado de Aurora Serquevitio, fizeram suas estreias. Importante todo o elenco lembrar de usar mais o maxilas nas dublagens, e tanto o vovô, quanto o anjo, podem interpretar mais tridimensionalmente, pois o espetáculo é em arena.
Hoje eu me senti orgulhosa, pois observei a união das pessoas, desde Priscila Chiesa na operação da trilha, ou Isis Rosa ajudando na contrarregragem. Dona Lili ajudando as crianças, cada um fazendo sua parte. o Teatro envolve, seduz, vicia. Por isso é importante cada um se esforçar tanto, para admirar o colega, perdoar uns aos outros, pelo convívio, pelo dito fora de hora, pela brincadeira superficial, pelos vazios... Vencer as barreiras para estar no palco, construir em equipe, eis a verdadeira resistência.
Parabéns, muitos, muitos são os chamados para a vida no palco, muitos veem, só os escolhidos permanecem.
Teatro é vida
Auto de Natal - Família de Nazaré.
Direção e roteiro- Kléber Lorenzoni
Elenco: Ricardo Fenner
Valentina Lemes (trabalhar mais o corpo) (***)
Clara Devi (mais serenidade e contemplação) (**)
Kléber Lorenzoni
Renato Casagrande
Junior Lemes (mais triangulação) (**)
Antonia Serquevitio (mais empedernismo)(**)
Roberta Teixeira (mais mordida)(**)
Ana Clara Kraemer (mais leveza interna)(**)
Carol Guma (menos leveza)(**)
Douglas Maldaner (mais coragem)(**)
Felipe Brandão (mais foco) (**)
Kleberson Ben (mais equilibrio) (**)
Giovana Lopes (mais estudo)
Ravi Dantas
Aurora Serquevitio
Ana Leticia (mais estudo)
Contrarregras Priscila CHiesa, Isis Rosa, Lili Dantas
sábado, 29 de novembro de 2025
1307 - Rei Lixo (tomo 04) O Retorno do Festival de Santa Rosa
Quando um texto escrito há mais de quatrocentos anos, sobe ao palco, junto com ele, caminham milhares de olhares, signos e filosofias humanas. Ou seja, já não é mais apenas o texto de Shakespeare e isso, já seria grande coisa. Na verdade, é um conhecimento coletivo, um mundo inteiro acrescentando pontos de vistas. A cada nova montagem, a cada nova incursão do texto, uma época estética acrescentou ideias. Durante o primeiro século por exemplo, Lear era visto como Rei tolo, brigão e impertinente. Fazia-se chacota da personagem. Com o tempo, aos pés do mundo moderno, uma sociedade lamenta a dor e o alzhaimer do velho ancião.
No palco pequeno e acolhedor do SESC-Santa Rosa, as personagens da corte de mendigos, pareceu ainda maior. O palco devidamente iluminado às pressas por Junior Lemes e Ana Kraemer, foi muito eficaz e conseguiu nos envolver, embora, algumas cenas pedissem mais penumbra. Alguns personagens cresceram muito, Antonia Serquevitio nunca esteve tão intensa e Kleberson Ben parece muito mais inteiro e maduro. Ana Costa esteve plena, e ainda arriscou ações físicas novas no praticável.
Um espetáculo cuidado, detalhista, até por isso, algumas coisas devem ser melhor observadas: Lixo no chão, sacola térmica, bolsas, marcas... Tudo isso pode colocar em risco a grandiosidade de um trabalho que parece ultrapassar as barreiras da estética barroca. Lorenzoni acaba por usar uma técnica que parte de Stanislavski mas que se assemelha muito ao olhar teatral do grande Tadashi Suzuki: "O animal dentro de cada um de nós". Voz e silêncio também são importantes na pesquisa do artista japonês e parecem presentes na obra do Máschara. Os textos são pronunciados com um desenho típico do teatro antropológico, e as frases complexas de Shakespeare, ganham uma organicidade poucas vezes vistas no teatro do interior.
O máschara possui uma escola teatral, que coloca jovens artistas a contracenar com artistas de carreira, criando uma unidade cênica ímpar. O corpo, a estrutura vertebral, o pliè, tudo se envolve com perfeição.
As cenas foram "vorazes" revelaram um conjunto cênico com altíssimo rigor estético e interpretativo. O que se viu nos mais de setenta minutos de espetáculo foi realmente maturidade artística, algo que é reflexo de um trabalho que sai do palco, invade escolas, janelas iluminadas, desfiles, e oficinas. Não há sorte, há trabalho! A substituição dos animais, que ficaram agora, mais internalizados, revelou algumas pequenas discrepâncias, por exemplo quando o interprete de Edmundo diz que vai atráz de uma certa "passarinha", ou quando diz sentir o cheiro do "matungo" do irmão.
O apelo emocional ficou a caráter de Lorenzoni, que emocionou e impactou, a triangulação foi perfeita devido é claro à escuta, muito bem exercida em cena. É preciso escutar, escutar a fala, o conselho, e o silêncio!
Não vejo mais sentido em um grupo como o Máschara participar de festivais, sua arte não está mais ali para ser avaliada. Deve sim ser criticada pelo crivo do público, no entanto com um trabalho de mais de trinta anos, a direção do Máschara já sabe exatamente o que quer dizer...
O melhor: A interpretação coerente do elenco, e seus figurinos.
O Pior: os esquecimentos, o eclipse atrasado e a sacola térmica em cena.
Rei Lixo- Transcriação de Cléber Lorenzoni, a partir da obra de William Shakespeare, Rei Lear
Direção-Cléber Lorenzoni
Elenco - Cléber Lorenzoni
Renato Casagrande
Douglas Maldaner (**)
Carol Guma (**)
Ana Costa(***)
Antonia Serquevitio(***)
Junior Lemes(**)
Kleberson Ben(*)
Equipe Técnica- Ana Clara Kraemer(**), Clara Devi(**), Junior Lemes
Contrarregragem- Kleberson Ben, Roberta Teixeira(**)
Produção, figurino e cenário-Renato Casagrande, Kleberson Ben
Maquaigem-O Grupo
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