Chegou o natal e com ele uma dedicação maior de todos nós em prol de nossas crianças. -Vó, quero ver o Papai Noel.- Me disse minha neta na manhã do último sábado. Saímos em busca do mesmo pela cidade e fomos encontrar seu rastro no Ginásio Municipal. Levei duas almofadinhas e juntas, eu e minha neta, nos entregamos ao espetáculo, sim por que é preciso entregar-se, é preciso estar disposto a ouvir, receber e pensar, quando se assiste um espetáculo teatral. Em quase uma hora de espetáculo, mergulhei no clima mambembe que o diretor propôs, e de forma lúdica recebi o conto mitológico que parece ser o prólogo da tradição cristã. Sabemos o quão fantasioso é tudo aquilo, mas ora, por isso mesmo é um conto, uma lenda que atravessa mais de dois milênios, e que é recontado várias e várias vezes. Ainda nessa semana assisti um filme, em uma plataforma de filmes e series, que também contava essa historia, e olha que interessante, o poder da semiótica, Noa Cohen, a protagonista é uma atriz israelense, enquanto Maria é descendente de palestinos... Bom tema para uma discussão. O filme é bom, mas prefiro teatro.
Já havia assistido ao espetáculo em outras ocasiões, minha neta também, mas ela ainda era muito pequena, então dessa vez me fez algumas indagações: -Quem era aquele rei malvado? quem era o menininho? qual é a tia Clara? o que era o senso? me perguntou também se a Maria era uma rainha, já que em um momento as moças carregavam um pálio estilizado sobre a mesma e pareciam suas aias. Fiquei encucada se ela teria algum ponto de vista, sobre José e Deus dividirem a paternidade do pequeno menino poderoso que nascia, mas aí me dei conta de que, subjetivamente, levando o cristianismo em conta, todos somos filhos de Deus e de nossos pais, então me parece tranquilo de se compreender isso.
Visual cuidadoso, contadores de historias bem conectados, um espetáculo onde muita cosia pode dar errado, já que possui um grande número de adereços e uma marca adaptável a cada espaço. Por outro lado minha maior crítica é que o espetáculo parece fazer parte de um momento do Máschara que já passou, principalmente se levarmos em conta que há jovens artistas chegando, mas as vozes são de velhos artistas que já se foram. Para algumas pessoas da plateia, isso é muito frustrante. Pois saíram de casa para ver seus artistas preferidos. Isso é muito importante, muitos são fãs de Cléber Lorenzoni, de Renato Casagrande, de Clara Devi ou de Fabio Novello, mas felizmente o teatro vem se popularizando tanto que jovens atores já vão também somando, jovens ídolos.
Foram bastante bonitas a entrada do anjo, e as coreografias. Alguns detalhes de coreografia e de atraso de atores e atrizes em cumprir suas funções não me passaram despercebidos, mas gostaria de elogiar a energia de Ana Clara Kraemer, a "presença" de Romeu Waier e ainda a expressividade de Roberta Teixeira.
Na roda, compondo o coro/cenário, Antonia Serquevitio e Renato Casagrande merecem aplausos pela força com que parecem estar mergulhados na cena, ora sendo plateia, ora sendo tipos/personagens.
Para encerrar, um conselho de quem ama o trabalho do Maschara- Que tal colocar toda essa energia em uma nova montagem com tema natalino?
Arte é Vida
A rainha
Auto de Natal- Família de Nazaré
Direção e texto- Kléber Lorenzoni
Auxiliar coreográfico - Renato Casagrande
Figurinos- Renato Casagrande e Kléber Lorenzoni
Camareira- Clara Devi
Adereços- Renato Casagrande, Fabio Novello e Clara Devi
Trilha Sonora (pesquisa e concepção) Renato Casagrande e Kléber Lorenzoni (operação) Ellen Faccin (**)
Elenco: Clara Devi (**), Kléber Lorenzoni (*), Douglas Maldaner (**), Duda Martins (***), Renato Casagrande (***), Fabio Novello (**), Carol Guma (**), Antonia Serquevitio (***), Romeu Waier (***), Henrique Arigony (**), Bibi Prates (**), Ana Clara Kraemer (***), Roberta Teixeira (**), Raquel Arigony, Julia Dal Forno (***), Kleberson Ben (**), Felipe Chaves (***), Ravi Dantas (**).
Contra-Regragem - Junior Lemes (***)
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