O que falar de um espetáculo com mais de cem apresentações? Talvez não haja realmente mais nada a ser dito sobre o espetáculo Lili Inventa o Mundo. Porém o espetáculo tem muito a dizer para o público infantil, afinal de contas, fala sobre leitura, sobre poesia, sobre amizade, sobre coragem, fé, e outros múltiplos temas que são um verdadeiro presente às nossas crianças; O texto de Cléber Lorenzoni, inspirado na obra de Quintana, chega a 125ª apresentação, e é uma porta de entrada para o tipo de interpretação do Máschara. Praticamente todos os integrantes a partir de 2006, vestiram os costumes de Lili Inventa o Mundo.
A inesquecível Angélica Erthel, Gabriel Wink, Gelton Quadros, Tatiana Quadros, são alguns dos tantos talentos que a cada geração agregaram e aprenderam com a cena.
Mas por que Lili nos toca tanto? Porquê nos sentimos crianças?! Porquê o universo do espetáculo passeia pela nossa mente. Mario colocou no texto duas fadas, ao que parece uma boa e uma má. Uma paródia eu diria de O Mágico de Óz, onde há duas bruxas. A boa do oeste e a má do leste.
No tomo da vez, mais uma estreia, Carol Guma, divide o palco com veteranos e jovens atores e prometheus. São mais de quarenta minutos de uma delicada trama que envolve canções, musicadas por Dulce Jorge, brincadeiras, e claro um bufo e um clown. O bufão, apropria-se da cena e comanda visivelmente a festa. Aliás, o prólogo proposto pelo "senhor poeta" nos mostrou a importância do bom diálogo com as crianças, reforçou também o poder do lúdico.
Alguns atores aliás precisam buscar esse lugar, ele é importantíssimo aos bons atores, ele nasce lá na iniciação teatral, ou não. O clown de Serquevitio, pode e deve ser mais efetivo, mais presente, brincalhão. A psique da personagem deve ser mais rápida que sua ação. Malaquias é uma criatura que nos lembra aqueles mascotes de filmes de fábulas. Uma criatura encantada. Indico ao elenco aprender percussão e afinar o ouvido, junto aos expoentes mais antigos da trupe. A rainha das rainhas de Carol Guma é muito doce e tem um gestual encantador, precisa agora apropriar-se do espetáculo como um todo. Torço que a decima segunda rainha das rainhas da peça, permaneça.
Nicolas Miranda pode buscar mais emoção na transformação, mas o mais importante a todos do elenco: ouvir, ouvir, ouvir!!! A ausência de "ouvir", está visível e audível, no fato de que em quase todas as piadas do elenco atropelou-se o riso da plateia. Isso se chama triangulação! A piada é dada, bate na plateia e volta para que o outro ator encerre. Renato Casagrande carrega o mérito de uma personagem bem constituída que não cai no lugar fácil da interpretação infantil.
Lili Inventa o mundo tem uma leveza, um visual delicado, inspirado em cores, movimentos e desenhos vocálicos que nos fazem ver o teatro com outro olhar. Lili é uma menina curiosa, mas intimidada por não conseguir compreender a poesia, talvez por que os adultos a tenham elitizado e a tornado algo quase inalcançável. Porém a poesia está em toda a parte, ela é a natureza versos o homem, vivendo junto e se indagando sobre a beleza e a dor da existência. Tudo é poesia e por isso Lili vai inventando seu mundo.
E pensar que a estreia desse espetáculo foi na cidade de Sinimbu em abril de 2006, o mundo mudou muito de lá pra cá, mas não mudou a certeza de que o bom teatro não passa...
O Melhor: O diálogo entre o Senhor Poeta e o público, mostrando que no palco atores são reis e devem ser respeitados.
O Pior: O ato do elenco fazer perguntas ao público e depois não conseguir dominá-los.
Arte é Vida
A Rainha
LilI Invent ao Mundo (2006)
Direção: Cléber Lorenzoni
Elenco: Clara Devi (**)
Cléber Lorenzoni (***)
Renato Casagrande (***)
Nicolas Miranda (**)
Antonia Serquevitio (**)
Carol Guma (***)
Contra-regragem - Ellen Faccin
Ana Kraemer
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