Existem dois elencos, um está sobre o palco e sua função é
contar uma história, o outro está acomodado nas cadeiras, e sua função é rir,
ou chorar, refletir e aplaudir. Se os dois elencos executarem bem suas funções
o espetáculo será maravilhoso.
Laysa Taylor não é um espetáculo de meios termos, nem
poderia ser, afinal de contas sua vida passou por todo tipo de embates a que um
menino pode passar. Violências sexuais e emocionais, solidão, abusos e até
mesmo a fome, foram seus companheiros. Em um primeiro momento parece que
estamos falando de crianças ou jovens gays, no entanto, todos nós já nos
sentimos mal compreendidos, fomos desrespeitados naquilo que somos, ou ainda
tivemos que tirar força de nós mesmos ainda que tivéssemos nos encontrado
naquilo que consideramos o mais fundo do poço.
Laysa é o próprio patinho feio, elevado a um grau de exagero
absurdo, e ela se torna um cisne lindo, forte, poderoso e vencedor. Eis o
grande paradoxo: alcançar o topo, a maturidade, aceitação nos arranca pedaços,
nos dilacera e nos obriga a fazer a pergunta:-precisávamos passar por tudo
isso? Precisava eu ter suportado tudo isso para chegar até aqui?
O público formado em sua maioria por jovens se ensino médio,
aprovou o espetáculo e em determinada altura era possível ouvir o som de
alfinete, caso esse caísse, muito embora, tudo estava tão coerente, tão intenso
e bem dirigido por Pablo Damiam que duvido que um alfinete ousasse tombar.
A atriz Lorasna Valentini tem um poder de atração que
conquista e vende qualquer coisa proposta. Mesmo os momentos mais grotescos não
agridem e sim emocionam. Voz intensa, curva pontual e finalmente uma deliciosa
catarse. Claro que há pontos a serem revisto:, a dublagem, o peso da arma, o
uso repetitivo do centro do palco. Enfim, detalhes que podem deixar ótimo o que
já é muito bom.
Cléber Lorenzoni - escritor e colunista
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