Àqueles que vieram antes de nós, foi designado pelos Deuses,
que eles preparem o caminho, abram sulcos, e finquem pilastras. Os artistas de
hoje, são reflexos da geração anterior que por sua vez é reflexo de uma outra
que os precedeu. A olhar para o trabalho poderoso nas atuações de Gustavo
Engelmann e Pâmela Wiersbitzki, pode-se dizer que Juca, fundador da Cia Vir a
ser teatro, fez um bom trabalho. Trinta anos de luta, nos presenteiam com
presença, tônus, ritmo, triangulação, élan, ufa...
Entre Loucos, é segundo a direção, um texto de autor
desconhecido, que funciona deveras junto ao público jovem, muito pela força e a
graça com a qual, a dupla de atores nos apresenta suas personagens. Pâmela possui
uma voz muito interessante, bem colocada e que casa com qualquer tipo de trabalho
que a atriz se propõe, seja em espetáculos infantis ou adultos.
O espetáculo possui uma sequencia de quadros, alguns
melhores executados que outros, mas de qualquer forma, críveis e engraçadíssimos.
Há uma perspicácia que certamente provém da direção de Engelmann. Temas pesados
são abordados de maneira escrachada e nos fazem pensar inclusive em temas como
machismo, e religião. Por outro lado, tudo fica um pouco aquém do que poderia.
Veja bem, há direção, há boa atuação e eu diria que até bom roteiro, mas a concepção,
o objetivo final precisa ser revisto, se a Cia. busca o máximo retorno que o
espetáculo pode lhe trazer. Estamos falando sobre doença, sobre males que afligem
a saúde da humanidade, porém a comicidade exacerbada desse espetáculo não nos
permite a catarse, a purgação de nossos sentimentos. Caso o objetivo seja o
riso, então a comédia pode aprofundar-se mais.
A iluminação é desenhada, mas não nos conta nada e tudo
precisa contar algo em seu setor, luz, trilha, figurino, cenário, atuação.
Lembrando que ausência de luz também é luz, silêncio também é sonoplastia e
palco vazio pode ser cenário. Para que uma única e boa história seja contada.
Entre Loucos encerra após uma sirene tocar, e os dois “loucos”
correrem para por tudo de volta no lugar, nos lembrando que tudo sempre se
repete, que os ciclos se encerram e recomeçam e que infelizmente as coisas em
sua maioria, são imutáveis. Segue-se o mundo, cada um com sua dor e nada pode
ser feito...
Cléber Lorenzoni - Crítico teatral
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