Há dias em que se faz sucesso, há dias em que se comete equívocos...
Há quem diga que sucesso e equivoco sejam subjetivos... Não são!
São reflexos de trabalho, de pesquisa, de pensamento, ou da ausência deles. Dá sim para fazer sucesso e equivoco sem muito esforço, mas esse sucesso/equivoco, dura muito pouco. O sucesso perene, aquele que tem a ver com tradição, provém de trabalhos sólidos, bem construídos. Vem de direção seria e comprometida, vem de atuação que se policia, que quer acertar a todo custo. Há um teatro, livre, que se permite errar, mas que pode afundar barcos, que põe em jogo carreiras, lutas, instituições. Todos os teatros são bem vindos, todas as atuações, todos os formatos. Todas as linguagens. Mas qual o objetivo?
Os objetivos do Máschara para mim, me parecem divididos em quatro etapas: Autoafirmação, Formação, Expansão e Empreendedorismo. Na primeira fase, lá pelos anos, nós aprendemos a ver um grupo de jovens cheios de garra, com criatividade aguçada e sem muita técnica. Mais tarde foi o momento dos grandes clássicos, as grandes montagens que trouxeram estudo e conhecimento teórico e prático. Mais tarde com a criação da ESMATE, expandiu-se o olhar, aumentaram os alunos e todos passamos a ver dezenas de novos projetos surgindo. O empreendedorismo é a fase mais importante do Grupo, pois gera trabalho, gera dignidade, gera respeito à classe. Oportuniza que tantos atores jovens tenham sua própria caminhada e conquistem seu público.
Para quem é de fora, vê-se um grupo de jovens carregando alguns adereços e contando historias bonitas ou tristes, que nos prendem e chamam atenção, para quem está dentro, deve haver um orgulho muito grande e uma organização muito interessante para que as coisas aconteçam.
No dia 18 de maio, duas apresentações do espetáculo Infância Roubada, uma de muitos acertos, outra de muitos não acertos. Infância Roubada é um espetáculo para fazer pensar, um espetáculo quase introspectivo. Que precisa de uma direção firme, pois trata de algo muito sensível. Tão sensível que não pode correr o risco de ficar pueril, vazio, bobo... Na apresentação da manhã, Eliani Alessio e Alessandra Souza estiveram muito intensas, a tarde alguns escorregões. A primeira, um tanto histérica na cena do espelho. O interprete de Renato Casagrande pareceu perder a personagem algumas vezes e a tarde se permitiu entrar em uma atuação digna de comédia. Estava ótimo em cena, vivo, vibrante como deve ser, mas no espetáculo errado.
Vitoria Ramos compõe muito bem a cena inicial ao lado da boneca de Antonia Serquevitio, podem é claro trabalhar mais as emoções, expressividades. Antonia buscar o neutro fantástico e Vitoria o drama trágico. Antonia aliás, está descobrindo muitas coisas interessantes em sua atuação, precisa se concentrar mais, teatro é descoberta. Nicolas Miranda e Fabio Novello se saíram muito bem em suas substituições. Laura Hoover como eu já disse em outras analises, tem uma energia muito bonita em cena, pode ser mais utilizada.
As cenas silenciosas do espetáculo foram as mais comoventes, o que nos lembra que teatro não é texto, é o texto interno! Volumes muito baixos colaboraram para prejudicar o espetáculo. Praticamente todo o elenco pode impostar mais a voz. Na verdade o diretor, deve andar pelo teatro antes do espetáculo e pedir aos atores que falem em vários volumes, até equalizar o som. O tom escolhido por Alessandra Souza é exageradamente agudo, como se ela interpretasse uma criança. Isso vai contra sua atuação, tão bonita.
Um espetáculo denominado Realismo Fantástico. Que não pode ser assistido como melodrama. è preciso buscar a vida humana de cada personagem, permitir que as conexões aconteçam e que a boneca que representa a feminilidade das personagens vá nos tocando a todos.
Teatro é estudo!
O Melhor: Ver Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande, Fabio Novello e Alessandra Souza juntos em um espetáculo.
O pior: O espetáculo virar quase uma cena de vaudeville.
Eliani Alessio: (**)
Vitoria Ramos (**)
Nicolas Miranda (**)
Antonia Serquevittio (**)
Laura Hoover (**)
Clara Devi (**)
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