A Maldição do Vale Negro subiu ao palco atrasada,
não sei se por culpa dos atores ou por desejo da organização da feira. Os
atores começaram bem. Gabriel Wink expontâneo e criativo de inicio, Ricardo
Fenner um tanto formal e Cléber Lorenzoni com a "gana" já conhecida, o que não adiantou já que havia um clima de afobamento e desorganização que
perpassava por todo o espaço. A sonoridade estava agressiva, as mãos do
resaponsável pelas trilhas atacavam os botões. Ser um bom sonoplasta, tecnico de
som, é uma arte!
A luz era obtusa, amarelada, e não se decidiu
durante os cinquenta e tantos minutos de espetáculo. Isto é, havia tentativas
de organizar, de criar algo, climas com as cores e intensidades, mas isso só
piorava.
As primeiras cenas demoraram a cair no gosto.
Talvez o cansaço dos atores tenha colaborado para uma desorganização cênica.

Passadas as primeiras cenas o clima estabeleceu-se de forma mais apropriada. O cenário foi adaptado, eis um agradável mérito do Máschara. Algumas Cias. ao viajarem pelo país, ligam antes e pedem aos organizadores que arrumem sofás, camas, tapetes, enfim, infinidade de materiais para compor os seus cenários. Sem a mínima preocupação se aquilo terá tratamento homogêneo com seu espetáculo, um cenário não é algo que possa ser jogado no palco, é preciso um tratamento adequado para adereços e composições. O Máschara sempre carrega suas coisas, mas se precisa de alguma forma fazer uso de materiais que já estarão no ambiente, o faz de forma tão qualificada, que é impossível detectar o que antes já não fazia parte de seu material cênico. O sofá vermelho adequou-se perfeitamente, e apesar do tamanho, os atores e em um estalar dedos o fizeram ser "o sofá". O palco era pequeno, desajeitado para um espetáculo de grande porte como é o caso de A Maldição, e algumas cenas ficaram prejudicadas pela falta de iluminação, tendo que ser adequadas rapidamente.


A contra-regragem de Renato Casagrande e Alessandra Souza merece o céu, pois faz milagres em qualquer palco que a Cia esteja, e nada seriam os três atores sem o apoio dos dois artistas se ambos não estivessem muito afinados. A trilha sonora de Gabriela Varone infelizmente merece o Xeól, foi de minima competência e não me refiro apenas a erros e acertos, mas à insensibilidades e falta de técnica na função.
A Maldição do Vale Negro é um dos melhores espetáculos do Máschara e deveria ser ainda muito assistida, quer por Caio Fernando Abreu, quer pelos três atores em cena, quer pela direção que esmerou-se criando essa linda performance em melodrama. Mas para isso atores precisam de ensaios, ensaios, ensaios, essa é a arte do teatro.
A Rainha
Bento Gonçalves 14 de Maio de 2012.
Comentários
Postar um comentário