O mais interessante é que Esconderijos do Tempo, fala o tempo inteiro do tempo, do seu peso, da sua continuidade cíclica. Do peso das horas. O espetáculo tem uma linha tênue, uma melancolia extrema que assusta um pouco e que as vezes pesa demais. Há poesia e muito bem pronunciada por sinal... E o senso poético está no cenário, nos ruídos, nos costumes e claro, nos silêncios. O espetáculo da uma aula de Mario Quintana, são detalhes ditos lentamente e que só os muito atentos percebem. Por exemplo o fato de que Mario nasceu no dia em que o cometa Halley passou pela terra; O fato de morar sozinho em um hotel na rua da praia; De falar em francês - aliás, traduziu Miss Dalloway de Virginia Woolf. Enfim, um espetáculo que tem todos os motivos para ser assistido. Pois é uma aula de interpretação. O elenco é coeso, uniforme, e trabalha com técnicas diversas. Por exemplo: Como o espetáculo lida com o tempo, as três crianças que podem muito bem ser Mario e os irmãos Marieta e Miltom, na infância do Alegrete, como também podem ser Mario, Glorinha e Gouvarinho, (que aliás existiram mesmo, lá no Alegrete) vão envelhecendo no decorrer do espetáculo. Mas cada um de uma forma diferente. Cléber Lorenzoni que certamente mereceu três estrelas nessa apresentação, pois estava impecável (seu melhor trabalho) vai envelhecendo aos poucos, sem maquiagem, apenas alguns acessórios e muita interpretação. Angelica Ertel começa interpretando Glorinha jovem e depois é substituída por uma Dona Glorinha idosa concebida pela não menos dramática Dulce Jorge que merece o máximo de estrelas nessa apresentação. Enquanto que O Senhor Gouvarinho é apresentado por Gabriel Wink e envelhece com a ajuda da maquiagem e da interpretação obviamente.

A Rainha
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