Coisas da Fada Mascarada...

As investidas seríam na Lona, o que já é de praxe nas feiras de livros, e os atores dedicaram-se, mas a organização pecou, não havia um lugar determinado para que os atores pudessem se maquiar, se vestir, fazer sua higiene após suas quase quatro horas de viajem, e ao final o máxim que receberam foi "Que não tomassem café". Será? Será que o artista não merece o mínimo de conforto antes de entreter centenas de pessoas? Será que nem mesmo o cara que equaliza o som, ou até mesmo quem monta as tais tendas, ou quem trouxe as cadeiras para que o evento acontecesse, não merecia um minuto para se preparar para continuar...
O Teatro aconteceu em sua plenitude, ví em Alessandra Souza a percepção das forças: corpo x fala. Observei também o jogo, a criatividade aguçada de Gabriel Wink em momentos de improviso como quando a matriz de seu microfone auricular caiu no chão. Angélica Ertel e seu domínio de cena perfeito. Mas nesse dia e mais particularmente na segunda encenação eu ví e deliciei-me com o trabalho de Cléber Lorenzoni. Ah mas que bela atuação! Precisa, mágica, sensível. Completa por assim dizer. Em cada nova aparição havia um estrondo no ar, o público estava em sua mão e em seus olhos eu ví a dor mesclada com a alegria de estar em cena, ah! receita infalível para o mistério da interpretação.
Renato Casagrande não destacou-se muito e sau partitura perde força. A cena mágica da transformação já não tem o mesmo fulgor, e para um dos personagens mais importantes da narrativa isso é devéras prejudicial. Uma dica, as novas construções teatrais não podem esquivar do cérebro do ator as personagens antigas que alí habitam, Um ator não é um, mas mil em um.
Mas o que realmente jamais esquecerei, será o momento em que as luzes da feira se desligaram... Os atores estavam no meio do espetáculo e parte do público infantil debandou, ora o Sr. Poeta inventou de dizer que eram coisas da Fada Mascarada... No entanto após três minutos de queda de energia, que mais pareceram uma eternidade, tudo voltou ao normal e o espetáculo voltou exatamente de onde havia parado, não ouve diminuição de rítmo ou perda de lógica... Os atores realmente "pegaram" o público. Para mim foi uma inspiração após uma monocórdia contação de historia, assistir um espetáculo que já vi mais de 70 vezes ser revisitado com ar de novidade, com vida, com o vigor de algo inédito...
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